Eficaz no tratamento e cicatriz de acne, rugas e manchas, os ácidos podem causar irritabilidade, hipersensibilidade e até queimadura. Dermatologistas alertam para os riscos do uso inadequado do produto, sem a devida orientação
Por conta do novo coronavírus, o isolamento social é a maneira mais saudável de evitar o perigo de ter contato com o vírus causador da Covid-19. Mas isso não significa que, nos cuidados com a pele, devemos ir além da conta e usar ácidos e medicamentos tópicos para cobrir a lacuna deixada pelo fechamento temporário das clínicas.
“Esse é um momento delicado e não devemos apostar em medicamentos sem a orientação dermatológica. Os ácidos, retinoides e alguns clareadores como hidroquinona não devem ser usados nesse momento, pois esses ingredientes contam com algumas reações adversas muito perigosas”, afirma o dermatologista Abdo Salomão Jr, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Academia Americana de Dermatologia.

Eles são verdadeira referência no rejuvenescimento domiciliar, com poderosa ação de esfoliação e atividade secativa, então podem ser usados para tratamento de rugas, flacidez, manchas e até acne.
“Os ingredientes ácidos têm a finalidade de melhorar o turn over celular, fazendo com que as células rejuvenesçam, mais oxigenadas e melhor nutridas à superfície da pele”, afirma o médico. Mas é necessário ter cautela: “Os retinóides são prescritos geralmente no inverno e nunca prescrevemos de maneira contínua porque a pele vai ficando mais fina, avermelhada, com aspecto muito mais delicado e isso faz com que ela tenha uma maior sensibilidade aos agressores ambientais – o que significa: mormaço, calor, luz visível e especialmente o sol”, explica a dermatologista Claudia Marçal, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, que acrescenta: “E embora o tempo esteja frio, sem orientação não é indicado utilizar esse tipo de ácido.”

Segundo a dermatologista, a vitamina A ácida (retinoides, ácido retinoico e retinol) pode provocar desde uma irritabilidade, vermelhidão, coceira e hipersensibilidade até uma queimadura, quando mal utilizada: em concentração acima do que a pele pode suportar, ou sendo usada de maneira inadequada, sem orientação médica. Um ingrediente com ação similar aos ácidos e retinoides que pode ser usado é Lanablue, que tem a capacidade de acelerar a renovação celular, sem causar irritação.
Já os alfa-hidroxiácidos, como o ácido glicólico, torna a pele mais sensível, podendo causar forte irritação na pele com descamação, vermelhidão e até mesmo o surgimento de manchas.
Outro ativo que ninguém deve se aventurar a usar é a hidroquinona. Usada há muitos anos nas prescrições dermatológicas para clareamento em fórmulas manipuladas, ela apresenta ação despigmentante, pois degrada fortemente os melanossomas (organelas nas quais ocorre a síntese e o depósito de melanina) e inibe a enzima de conversão tirosinase — responsável pela produção do pigmento.
“Ela pode apresentar efeitos colaterais frequentes como eritema (vermelhidão), dermatite de contato alérgica, fotossensibilidade à luz do sol, e pelo uso contínuo pode provocar ocronose exógena (cor cinza azulada) na área de utilização crônica e pequenas lesões espalhadas no local de aplicação da hidroquinona se a pele for sensível, o tempo de uso prolongado ou as concentrações forem elevadas”, alerta. Por esse motivo, essa substância só pode ser utilizada com a orientação e prescrição de um dermatologista. “Há, inclusive, uma interrogação quanto ao potencial de transformação celular e possível indução carcinogênica pelo uso progressivo da hidroquinona”, explica a médica. Nesse caso, o uso de substâncias mais seguras é recomendado, como B-White.
Vale lembrar que qualquer tratamento deve incluir o uso do fotoprotetor. “O fato de não estarmos em exposição direta ao sol devido ao isolamento social não quer dizer que devemos descuidar da fotoproteção, já que, além dos raios ultravioletas serem capazes de atravessar vidros e janelas, existe ainda a luz azul, emitida por dispositivos eletrônicos, que também é prejudicial à pele, piorando as manchas e causando envelhecimento precoce”, enfatiza Claudia.

“O melhor a fazer é consultar seu médico por telemedicina, pois também podemos fazer uso das vitaminas orais para potencializar o tratamento, principalmente com FC Oral, que diminui a inflamação, Bio-Arct, que melhora a oxigenação das células e tem ação antioxidante, e o Glycoxil, que reduz a formação de manchas por conta do excesso de açúcar na alimentação”, finaliza a médica.
Fontes:
Abdo Salomão Jr: Doutor em Dermatologia pela USP (Universidade de São Paulo). É sócio Efetivo da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Membro da American Academy of Dermatology (AAD), Sociedade Brasileira de laser em Medicina e Cirurgia e do Colégio Ibero Latino Americano de Dermatologia. Professor universitário,ministra aulas nos principais congressos nacionais da especialidade. Diretor da Clínica Dermatológica Abdo Salomão Junior.
Claudia Marçal: é médica dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), da American Academy Of Dermatology (AAD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD). Possui especialização pela AMB e Continuing Medical Education na Harvard Medical School. É proprietária do Espaço Cariz, em Campinas – SP.