Para sofisticar a rotina skincare e aumentar o grau de eficácia, separar ativos diurnos e noturnos pode melhorar a qualidade da pele, e ser altamente eficaz para tratamentos de manchas e rejuvenescimento principalmente

Existem várias vertentes diferentes para o skincare. Enquanto a cultura coreana acredita em mais de 10 passos na rotina de cuidados com a pele, a cultura nórdica prefere o minimalismo, de poucos passos apenas com o essencial.

“Como tudo na vida, cada pessoa deve encontrar a melhor maneira para si, desde que orientado por um dermatologista, que pode definir o que é melhor para cada pele e ajudar a organizar a rotina de cada um de acordo com as suas necessidades. O mais importante é a frequência da rotina e não a quantidade de cremes em um dia. Assim como não adianta ir na academia 1 vez ao mês, com a pele é o mesmo. É melhor ter poucos passos todos os dias, do que 20 passos 1 vez por semana”, explica a dermatologista Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Nesse contexto, é possível separar cosméticos noturnos e diurnos, para potencializar o tratamento?

Segundo a farmacêutica Maria Eugênia Ayres, gestora técnica da Biotec Dermocosméticos, isso é possível. Ela explica que o creme do dia necessita conter ativos que combatam principalmente os radicais livres gerados pela radiação solar (como Vitamina C, Ascorbosilane C e Alistin), da luz visível (Pro Shield MDC), poluição (Exo-P) e outros fatores. Ele precisa também fornecer energia às células (como Arct-Alg, que triplica a produção energética) para que elas suportem o estresse gerado pelo excesso de toxinas que são produzidas diariamente. “O creme da noite precisa ter ativos que potencializem a renovação celular, pois é durante o período da noite que as células estão mais aptas a se renovarem e absorverem os nutrientes, repondo as defesas e a imunidade para o dia seguinte”, explica.

Um exemplo de ativo noturno que tem atuação exemplar é Overnight Repair, composto por biopeptídeos da L-Glutamyl-aminoethylimidazole; o ativo ressincroniza os genes do ciclo circadiano, combate o estresse oxidativo e os danos celulares, intensifica o ciclo de reparação celular noturno e promove hidratação intensa e duradoura. Os ativos nutritivos Oligomix e Nutriomega 3, 6, 7 e 9, além dos potentes hidratantes Hyaxel e DSH CN, podem ser usados no período, justamente para nutrir e balancear a pele tratada com ácidos.

Existem cosméticos cujas ações determinam o seu horário de aplicação de forma mais clara. Por exemplo, é óbvio que o protetor solar deve ser usado durante o dia, quando há uma exposição à luz do sol e os raios ultravioleta. À noite, os médicos costumam prescrever ácidos renovadores, justamente porque são fotossensíveis. Existem cosméticos que, por suas características, são mais usados à noite, como é o caso dos esfoliantes não abrasivos.

No entanto, em tratamentos de manchas e melasma, usar um clareador noturno e diurno também faz diferença, conforme explica Patrícia França, farmacêutica e gerente científica da Biotec Dermocosméticos: “Sabemos que existem diversos mecanismos envolvidos na produção da melanina ou no seu transporte e que para fazer um bom gerenciamento da patologia uma única formulação não será suficiente. As formulações noturnas, normalmente associam ácidos que irão estimular a renovação celular e deixam a pele mais sensibilizada e muitas substâncias presentes nos ácidos são fotossensíveis. Pela manhã, utilizamos ativos que continuam o processo de clareamento, diminuem a inflamação e atuam como fotoprotetores”, destaca.

“Os ativos presentes na formulação noturna são utilizados pensando nos sinergismos das substâncias e nas diferentes rotas responsáveis pelo surgimento do melasma como MITF (proteína chave que regula o mecanismo de pigmentação) com o β-White, que controla a produção de melanina ao agir tanto na pigmentação de origem genética como nas manchas por exposição solar. Já de manhã, a fórmula pode conter Ascorbosilane C, uma vitamina C vetorizada em silício, que atua inibindo a melanogênese pela ação antitirosinase, e Proshield MDC, produto vegetal rico em melanoidinas ligadas ao ácido clorogênico com potente ação antioxidante, moduladora da Opsina-3 (sensor para a pigmentação pela luz visível e luz azul), um potente protetor contra poluição digital”, destaca Patrícia.

Segundo Paola, os antioxidantes podem ser usados de manhã e à noite, por exemplo, dependendo do seu mecanismo de ação. “Eles previnem a oxidação e, consequentemente, o envelhecimento da pele. A Vitamina C, por exemplo, pode ser aplicada pela manhã antes do fotoprotetor para potencializar a proteção solar. Já um exemplo de antioxidante para uso noturno é o resveratrol que, além de estar presente na uva, também é amplamente utilizado em cosméticos por ser um dos ativos anti-idade mais efetivos, já que possui poderosa ação antioxidante e anti-inflamatória, além de também proteger os telômeros, estruturas do DNA que encurtam a cada replicação das células, o que é uma das causas do envelhecimento”, explica a médica.

Existem produtos que são coringa por conta da sua formulação completa, então podem ser usados de manhã e à noite. O mais importante é consultar sempre seu dermatologista, que poderá prescrever o creme ideal de acordo com suas necessidades.

Fontes:
Paola Pomerantzeff é dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD). Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina Santo Amaro, especialista em Dermatologia pela Associação Médica Brasileira e pela Sociedade Brasileira de Dermatologia. Instagram: @drapaoladermatologista
Patrícia França é farmacêutica e gerente científica da Biotec Dermocosméticos.
Maria Eugenia Ayres é graduada em Farmácia Industrial pela Faculdade Oswaldo Cruz com Pós-Graduação em Farmacologia Clínica. Atua no Setor Magistral desde 2000 onde atualmente é Gestora Técnica da Biotec.