Reduzir o sódio é o primeiro passo para evitar a hipertensão

Cerca de 38 milhões de brasileiros possuem hipertensão, de acordo com o Ministério da Saúde. Neste dia 26 de abril, Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial, diversas campanhas alertam para a importância das mudanças de hábitos quanto à alimentação e à necessidade de se praticar atividades físicas. O organismo humano é completamente interligado e hábitos saudáveis de vida podem evitar diversas doenças que se relacionam e atingem diversos órgãos.

Por exemplo, ao reduzir a ingestão de sódio (contido no sal e em alimentos industrializados), açúcares, carboidratos, gorduras ruins e álcool, ingerir quantidades adequadas de líquidos para manutenção de uma hidratação adequada e evitar o tabagismo, podemos tentar evitar a hipertensão, o diabetes, a doença renal, e as doenças vasculares que atingem artérias causando doenças cardíacas e cerebrais.

O sedentarismo também é um grande responsável pelo maior acometimento dessas diversas doenças, conjuntamente conhecidas como síndrome plurimetabólica, que estão se tornando cada vez mais incidentes no mundo moderno.

“Nós nos adaptamos a modificar o sabor natural dos alimentos e comer mais comidas processadas e industrializadas que alimentos in natura. Deveríamos ingerir no máximo 5 gramas de sal por dia e hoje usamos até o triplo. Adicionamos sal, açúcar, manteiga e outros óleos a tudo o que ingerimos, sem medir os riscos. Criamos muitos alimentos com mistura de farinhas que acabam exigindo o uso de óleos. E, além de prepararmos nossos alimentos em casa com muito sal, açúcar e óleos, ainda nos alimentamos muito em restaurantes ou com alimentos prontos, industrializados, muitas vezes conservados por sódio e com pobre qualidade nutritiva”, alerta a médica nefrologista Lecticia Jorge, gerente médica da Fresenius Medical Care.

“Para completar, bebemos pouco líquido, somos mais sedentários porque trabalhamos sentados ou em pé, mas sem nos movimentarmos muito e temos pouco tempo para exercícios físicos. Então hoje temos um número crescente de pessoas cada vez mais jovens sofrendo com pressão alta, diabetes tipo 2 e outras doenças associadas à síndrome plurimetabólica. Ainda que o cigarro tenha o uso reduzido, os jovens estão ingerindo muito álcool e são ameaçados hoje com o crescimento do uso de cigarro eletrônico. Temos um grande desafio na saúde pública que é convencer as pessoas a mudarem hábitos de vida. A trocarem alimentos ‘gostosos’ como pizza, hambúrgueres, bolos e pães por alimentos mais saudáveis e nutritivos. Como complicador, esses alimentos ‘tentadores’ são mais práticos e até mais baratos”, acrescenta Lecticia.

De acordo com a médica existem vários outros motivos que podem levar ao desenvolvimento da pressão alta, além dos alimentos e do sedentarismo. E o estresse é também um grande motivador.

“A vida moderna é cheia de desafios. É praticamente impossível evitarmos completamente o estresse. O que recomendamos às pessoas são mudanças que possam levar a um melhor gerenciamento dos seus problemas pessoais, e nisso entra também a prática de atividades físicas. Quando nos exercitamos, liberamos hormônios importantes que regulam a atividade cerebral e com isso conseguimos pensar melhor sobre nossa vida no que tange aos estudos, ao trabalho e à família. Afinal, temos que tomar decisões importantes o tempo todo e quanto mais acertamos, menos estresse sentimos. Cada pessoa escolhe sua forma de gerenciar o estresse, mas o que temos visto também é o crescimento de práticas de meditação, maior contato com a natureza, plantas e animais. E a prática de exercícios são fatores que apoiam bastante”, complementa.

Rins x pressão alta

Os rins são órgãos fundamentais no controle da pressão arterial por produzirem hormônios que aumentam a pressão todas as vezes que eles reconhecem que estão recebendo pouco sangue, por exemplo, ou quando eles estão “inflamados” em um contexto de glomerulonefrite. Por outro lado, os níveis pressóricos elevados são muito lesivos aos rins, já que esses órgãos possuem uma estrutura de vasos muito delicada por onde é filtrado o sangue, não podendo, por exemplo, deixar que proteínas sejam perdidas”, explica a médica.

A hipertensão arterial e a perda de proteína na urina são reconhecidamente os dois fatores de risco principais que aceleram a progressão da doença renal. Quando essa estrutura delicada é submetida a um regime de alta pressão ela se distende e se danifica permitindo a perda de proteínas e a formação de lesões de esclerose, que são como cicatrizes.

Logo, essa distensão acaba gerando a lesão da estrutura que em última análise fará pacientes que possuem problemas renais perderem seus rins mais rapidamente e pacientes que não possuem começarem a ter problemas. Em todas essas situações, a perda da função renal será tão mais rápida quanto maior for o descontrole pressórico e muitas vezes o principal tratamento para desacelerar o processo é o controle pressórico rigoroso.

Dicas valiosas para prevenir problemas:

=Pacientes com hipertensão arterial devem realizar investigação de doenças renais visando descartar que a causa da hipertensão seja problemas renais.
=É recomendado que todo paciente hipertenso faça exames da sua função renal ao diagnóstico e posteriormente uma vez no ano, além de exames urinários. Se alterações urinárias forem encontradas, uma consulta com nefrologista está indicada. Os exames de imagem do rim, dos vasos do renais e das glândulas adrenais são muitas vezes indicados, porém eles dependem de uma avaliação médica que leva em consideração idade, história e exame físico.
=Pacientes com problemas renais devem controlar a pressão arterial rigorosamente visando retardar a progressão da doença renal e reduzir o risco de lesões cardiovasculares. Aqui vale ressaltar que pacientes renais possuem um risco cardiovascular altíssimo, extremamente maior que a população geral, sendo essas doenças a primeira causa de óbito nesse grupo de pacientes.

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As doenças renais que causam hipertensão são diversas, mas vale ressaltar algumas principais como: estenose arterial renal, hiperaldosteronismo primário, glomerulopatias primárias (como nefropatia IgA), glomerulopatias secundárias (como lúpus eritematoso sistêmico e nefropatia diabética). “Logo, não é possível se falar e pensar em hipertensão arterial sem falar em doenças renais, assim como é impossível se falar e pensar em doenças renais sem falar de hipertensão arterial e controle da pressão arterial. Cuide da pressão arterial e cuide dos seus rins”, alerta a médica.

Fonte: Fresenius Medical Care

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