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O que você come pode te deixar deprimido, alerta nutricionista

Diogo Círico explica como os alimentos contribuem para aliviar ou intensificar os efeitos do estresse no organismo

Artigo publicado em 12 de julho no Neurology Journals, jornal científico da Academia Americana de Neurologia, colocou a alimentação saudável e a prática de atividades físicas como dois dos pilares essenciais para a saúde do cérebro. A conexão entre o que comemos e a nossa saúde mental vem sendo estudada por cientistas de todo o mundo. Pesquisas científicas recentes revelaram que as bactérias do intestino podem influenciar no bem-estar de uma pessoa.

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Estudos feitos por universidades e centros de pesquisa, como a University College London, também demonstraram a relação entre a depressão e a obesidade. As descobertas revelaram um aumento da incidência de obesidade em pessoas com estresse crônico e mostraram que indivíduos que se tornaram obesos têm mais propensão a desenvolver quadros depressivos. A ciência comprova que o que colocamos no prato pode contribuir não só para a saúde física, mas também para a saúde mental. A alimentação pode atenuar ou aumentar os efeitos do estresse, ansiedade e até depressão.Estudo coloca alimentação e atividade física como dois pilares para a saúde do cérebro

O nutricionista funcional Diogo Círico, responsável técnico da Growth Suplementos, afirma que uma dieta equilibrada, bons hábitos e a prática de atividades físicas auxiliam a microbiota intestinal a produzir substâncias que fortalecem o sistema imunológico. Os micro-organismos que vivem no nosso intestino ajudam na produção hormonal. “Nosso intestino se comunica com o cérebro através dos hormônios, das células do sistema imunológico e das moléculas produzidas a partir do metabolismo, que se transformam numa espécie de combustível para os neurotransmissores da região responsável por regular nosso estresse emocional”, explica.

Mais cor no prato

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Círico ensina quais nutrientes devemos colocar na dieta não só para cuidar do corpo, mas principalmente para reduzir o impacto da vida estressante na nossa saúde mental. “O primeiro passo é aumentar o consumo de vegetais e reduzir o de alimentos ultraprocessados, como embutidos, salgadinhos e temperos prontos, porque eles são nocivos para os micro-organismos aliados do nosso trato intestinal”.

Os alimentos não processados são fonte de vitaminas do complexo B, que auxiliam no metabolismo de energia e na síntese de neurotransmissores.

Triptofanos e aminoácidos

Segundo o especialista em Nutrição Funcional, gordura também amplifica o estresse. “Uma dieta cheia de gorduras saturadas (carnes, leites e derivados gordos) pode agravar o quadro de estresse, enquanto uma dieta rica em proteínas (carnes magras, frango, peixe, ovos, leite e derivados magros) fornece aminoácidos essenciais e triptofano, que pode auxiliar na produção de neurotransmissores como a serotonina, e isso melhora quadro de estresse”, explica. Essas substâncias estão presentes em alimentos como bananas, semente de abóbora, soja, grão-de-bico, tâmaras secas, amendoins, leite, carne, peixe e peru.

Ômega-3

Os ácidos graxos poli-insaturados essenciais e ômega-3 também fornecem nutrientes que combatem o estresse físico e mental. “As melhores fontes são o salmão, a sardinha e o arenque. Mas quando não for possível, é recomendável fazer a suplementação”, diz o especialista.
O nutricionista explica que, em alguns casos, a mudança dos hábitos alimentares pode receber a ajuda de suplementos probióticos. Eles contêm cepas que ajudam a recolonizar nosso intestino com os micro-organismos benéficos à nossa saúde.

Um estudo do gastroenterologista Emeran A. Mayer publicado na Nature revelou que a conexão entre intestino e cérebro viabiliza não só a regulação das funções gastrointestinais, mas também no humor e na tomada de decisões intuitivas.

Dieta do Mediterrâneo

Pesquisas demonstraram que os pacientes com dieta semelhante à ‘mediterrânea’, à base de peixes, azeite, grãos, frutas e legumes, tinham menos risco de desenvolver depressão, estresse e ansiedade. “É claro que esta não é a chave para curar, nem é uma armadura para evitar o estresse. O mundo já anda desgastante demais e precisamos estar preparados. É necessário entender que nossa dieta afeta o corpo como um todo, inclusive nossa saúde mental. A boa alimentação é o caminho mais curto para responder ao estresse mental e suas implicações no metabolismo físico”, completa.

Fonte: Growth Suplementos

Não era saudável, era cilada: descubra três erros que estragam a dieta

O CEO do Emagrecentro, Edson Ramuth, explica quais são os erros mais comuns na hora de perder peso de forma saudável

Já ouviu falar que para emagrecer basta cortar o jantar? Ou que trocar comidas sólidas por sopa é o suficiente para uma dieta saudável? Algumas informações que circulam pela internet parecem até saudáveis, mas são verdadeiras ciladas para quem quer ou precisa perder peso e diminuir medidas. O médico Edson Ramuth, CEO do Emagrecentro, desmistificou três fake news sobre emagrecimento com saúde.

Trocar sólidos por líquidos: até parece uma boa ideia trocar a comida sólida por líquidos, mas a verdade é que o que conta são as calorias, carboidratos e os nutrientes envolvidos na refeição. As sopas, cremes e shakes são uma delícia e podem ser uma opção saudável, contudo, não é o estado dos alimentos que vai garantir que o indivíduo perca peso ou não. Um copo de vitamina pode apresentar muito mais carboidratos em sua composição do que um prato de filé com verduras, uma refeição mais interessante nutricionalmente, por exemplo.

Pular refeições e passar fome: parece até dica de emagrecimento da vovó ‘fechar a boca’. No entanto, a ciência envolvida nas técnicas de emagrecimento evoluíram e hoje mostram que passar fome pode até ter o efeito reverso e prejudicar a perda de peso. “Hoje, a medicina entende que pode ser mais interessante ter um cardápio variado e com refeições nutritivas ao longo do dia, como no método 4 fases. Do contrário, a chance do paciente abandonar o tratamento é muito maior”, afirma Ramuth. O método mencionado acima pelo profissional é baseado em estudos científicos e que consiste num plano dividido nas etapas de desintoxicação, emagrecimento, reeducação alimentar e manutenção de peso.

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Saudável não significa baixa caloria: contar calorias é um erro. No entanto, é preciso saber usá-las de maneira inteligente. Muitas pessoas confundem alimentos saudáveis com opções menos calóricas e não é verdade. Por exemplo, nozes e castanhas devem fazer parte da dieta, mas é preciso ficar de olho na quantidade. As oleaginosas podem ser consideradas hiperpalatáveis, ou seja, é superfácil acabar com um pacote de amendoim sem perceber. Apesar de supernutritivos, em grande quantidade podem atrasar os resultados.

Dica Final: decidir que vai incluir hábitos saudáveis na rotina é uma decisão que traz muitos benefícios. O que não é nada saudável é começar com dietas e exercícios sem auxílio profissional. “O entusiasmo é muito importante, mas se perde quando os resultados não são como o esperado. É uma mudança de vida e, por isso mesmo, no Emagrecentro realizamos um acompanhamento semanal que leva, no mínimo, cinco semanas, porque sabemos que não é do dia para a noite que se conquista um bom resultado”, finaliza.

Sobre a Emagrecentro
Referência nas áreas de emagrecimento e estética corporal, a Emagrecentro foi fundada pelo médico Edson Ramuth em 1986 e entrou para o franchising em 1994. A rede que oferece tratamentos a preços acessíveis atualmente conta com 250 unidades no Brasil e cinco nos Estados Unidos com a bandeira de Best Shape.

Manter uma dieta mediterrânea protege contra perda de memória e demência?*

De acordo com um novo estudo, seguir uma dieta mediterrânea rica em peixe, vegetais e azeite de oliva pode proteger seu cérebro de proteínas amilóides e tau, que podem levar à doença de Alzheimer. A pesquisa foi publicada na edição on-line de maio de 2021 da Neurology.

O estudo analisou proteínas anormais chamadas amilóide e tau. Amilóide é uma proteína que se forma em placas, enquanto tau é uma proteína que se forma em emaranhados. Ambos são encontrados no cérebro de pessoas com doença de Alzheimer, mas também podem ser encontrados no cérebro de pessoas idosas com cognição normal.

A dieta mediterrânea inclui alta ingestão de vegetais, legumes, frutas, cereais, peixes e ácidos graxos monoinsaturados, como azeite de oliva, e baixa ingestão de ácidos graxos saturados, laticínios e carne.

“Nosso estudo sugere que comer uma dieta rica em gorduras insaturadas, peixes, frutas e vegetais e pobre em laticínios e carne vermelha pode realmente proteger seu cérebro do acúmulo de proteína que levaria à perda de memória e demência”, disse o autor Tommaso Ballarini, Ph.D., do Centro Alemão de Doenças Neurodegenerativas (DZNE) em Bonn, Alemanha. “Esses resultados se somam ao conjunto de evidências que mostram que o que você come pode influenciar suas habilidades de memória mais tardiamente”.

O estudo analisou 512 pessoas. Destes, 169 eram cognitivamente normais, enquanto 343 foram identificados como tendo maior risco de desenvolver a doença de Alzheimer.

As habilidades cognitivas foram avaliadas com um extenso conjunto de testes para a progressão da doença de Alzheimer que analisou cinco funções diferentes, incluindo linguagem, memória e função executiva. Todos os participantes fizeram exames de imagem para determinar seu volume cerebral. Além disso, o fluido espinhal de 226 foi testado para biomarcadores de proteína amilóide e tau.

Os pesquisadores então observaram como alguém que seguia a dieta mediterrânea e a relação com o volume do cérebro, biomarcadores tau e amilóide e habilidades cognitivas.

Depois de ajustar para fatores como idade, sexo e educação, os pesquisadores descobriram que na área do cérebro mais intimamente associada à doença de Alzheimer, em cada ponto menor que as pessoas pontuaram na escala da dieta mediterrânea era igual a quase um ano de envelhecimento do cérebro.

Ao olhar para amilóide e tau no fluido espinhal das pessoas, aqueles que não seguiram a dieta de perto tinham níveis mais elevados de biomarcadores de patologia amilóide e tau do que aqueles que seguiram.

Quando se tratava de um teste de memória, as pessoas que não seguiram a dieta tiveram uma pontuação pior do que as que seguiram.

“Mais pesquisas são necessárias para mostrar o mecanismo pelo qual uma dieta mediterrânea protege o cérebro do acúmulo de proteínas e da perda de função cerebral, mas as descobertas sugerem que as pessoas podem reduzir o risco de desenvolver Alzheimer incorporando mais elementos da dieta mediterrânea em seu dia a dia”, disse Ballarini.

*Rubens De Fraga Júnior é professor da disciplina de gerontologia da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná. Médico especialista em geriatria e gerontologia.

Fonte: Mediterranean Diet, Alzheimer Disease Biomarkers and Brain Atrophy in Old Age, Ballarini et al., Neurology, DOI: doi.org/10.1212/WNL.0000000000012067

Dieta low carb não está associada a danos renais

Pelo contrário, estratégia alimentar que prioriza o consumo de proteínas e gorduras tem eficácia comprovada no tratamento de diabetes e hipertensão, duas grandes causas de doença renal crônica

A doença renal crônica é uma epidemia mundial. A estimativa é de que 850 milhões de pessoas apresentem essa condição. De acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), somente no Brasil mais de 10 milhões de pessoas sofrem com a perda progressiva da função dos rins e 90 mil necessitam da diálise para garantir qualidade de vida.

Como diabetes e hipertensão arterial sistêmica são dois dos grandes responsáveis por prejudicar os rins, a dieta low carb pode aparecer como uma alternativa ao combate deste mal em algumas ocasiões bem específicas, já que a estratégia alimentar restringe a ingestão de carboidrato, que em excesso no organismo leva ao desenvolvimento da diabetes tipo 2 e de outras doenças crônicas.

Conforme o médico, diretor-presidente da Associação Brasileira Low Carb (ABLC), José Carlos Souto, tal constatação pode parecer errada, haja visto que a tese difundida não apenas pelo senso comum como por médicos e profissionais da área de nutrição é de que, por privilegiar o consumo de proteína, a dieta low carb não é recomendada para quem sofre de doença renal. Isto porque, segundo Souto, já foi constatado que pacientes com insuficiência renal crônica têm dificuldade em excretar diversas substâncias, entre elas as derivadas do metabolismo de proteínas. Daí, explica o médico, conclui-se que comer muita proteína lesa os ruins, e que o macronutriente não ser consumido em grandes quantidades, tanto por quem tem quanto por quem não tem problemas nos rins.

Dito isso, inicialmente, Souto esclarece que a estratégia alimentar continuamente defendida pela entidade como a melhor para combater a obesidade, esteatose hepática, síndrome metabólica e hipertensão, não é necessariamente hiperproteica.

“Estudos comparando diversos tipos de dietas constataram que as proteínas tendem a ser o macronutriente mais constante e que carboidratos e gorduras apresentam maior variação de quantidade”, explica o médico. Conforme o especialista, isto acontece porque as pessoas tendem a consumir uma certa quantia de proteína naturalmente até satisfazerem o apetite. “Além disso, o que caracteriza uma dieta low carb não é o consumo de proteína e sim a restrição de carboidratos”, diz.

Contudo, mesmo que a low carb fosse hiperproteica, desde que respeitados alguns limites, não haveria problemas, segundo o médico. Isto porque diversas pesquisas científicas já mostraram não haver associação entre consumo de proteína e dano renal. Como exemplo, o médico endocrinologista, diretor-científico de Medicina da ABLC, Rodrigo Bomeny, cita um estudo randomizado que comparou os efeitos de uma dieta low carb e um dieta tradicional balanceada de carboidratos não refinados (high carb) sobre a função renal em adultos obesos, com diabetes tipo 2 e sem doença renal.

Depois de um ano de acompanhamento, os pesquisadores constataram que a taxa de filtração glomerular e a albuminúria – indicadores estabelecidos da presença e progressão da doença renal – dos pacientes responderam de forma semelhante a ambas as dietas. Vale salientar que o grupo low carb consumiu mais proteínas do que o grupo high carb.

Se foi comprovado que consumir mais proteína não está relacionado a danos renais, ainda resta a dúvida de que dietas desse tipo não devam ser recomendadas a pessoas que já sofrem de doença debilitante nos rins. Nesse caso, primeiramente é preciso saber a gravidade da disfunção renal, que varia entre grau 1 (mais leve) e grau 5 (mais grave).

Levando isso em consideração, um ensaio clínico randomizado foi realizado para testar a modificação de dieta em pacientes com doenças renais. Nesse estudo, uma parcela de pacientes com disfunção renal moderada foi orientada a ingerir 1,3 gramas de proteína diariamente (por quilo de peso corporal). Outra parcela alimentou-se de 0,6 g/Kg. Os portadores de disfunção renal severa foram separados de forma semelhante.

Um grupo ingeriu 0,6 g/Kg e o outro grupo consumiu 0,3 g/Kg. Após um período médio de 2,2 anos de acompanhamento, os pesquisadores verificaram que não houve diferença da progressão da doença renal a despeito da quantidade de proteína na dieta. Ainda atestaram que o grupo que ingeriu 1,3 g/Kg diariamente apresentou uma leve tendência de perda mais lenta da função renal.

Ou seja, além de não fazer mal, uma dieta com quantidade adequada proteína pode ter efeitos benéficos a quem tem o funcionamento dos rins prejudicado. Outra comprovação disso, conforme o diretor-presidente da ABLC, é um estudo californiano que testou a hipótese de uma dieta restrita em carboidratos (low carb) poder retardar a progressão de doença renal causada pelo diabetes quando comparada à dieta tradicional. Na pesquisa em questão 191 pacientes foram randomizados.

O grupo low carb não foi orientado a restringir proteínas, apenas a substituir carnes ricas em ferro (potencial ofensor do rim) por carnes pobres neste mineral, como frangos e peixes. Ao grupo controle foi recomendado uma dieta padrão para quem tem insuficiência renal, com restrição proteica (0,8 g/Kg).

Após tempo médio de acompanhamento de quase quatro anos, enquanto no grupo low carb, a duplicação da creatinina (que indica piora significativa da doença renal) ocorreu em 21% dos pacientes, no grupo com dieta tradicional, 39% viram a concentração dessa substância no sangue dobrar. O grupo low carb levou vantagem também em relação ao desfecho composto da doença renal. No grupo que não restringiu proteínas, 20% dos pacientes evoluíram para doença renal crônica terminal ou morte. Já no grupo controle 39% das pessoas estudadas caminharam para esses resultados.

Souto destaca que a dieta associada a maior mortalidade e maior evolução para insuficiência renal crônica grave contava com 10% de proteínas. Por sua vez, a dieta que apresentou redução absoluta na duplicação da creatinina possuía de 25% a 30% de proteínas em sua composição.

“Não se trata de propor uma dieta hiperproteica para pessoas com insuficiência renal. Mas, quando um ensaio clínico randomizado indica que a dieta com menos carboidrato e mais proteína protege o rim de pessoas com insuficiência renal crônica já estabelecida, não há mais como sustentar a afirmação de que pessoas normais estão sobrecarregando seus rins ao seguir uma dieta low carb”, conclui.

Fonte: Associação Brasileira Low Carb (ABLC)

Cinco motivos que fazem da dieta restritiva um círculo vicioso

Especialista em distúrbios alimentares alerta que a privação nutricional afeta negativamente o organismo e pode despertar desejo ainda maior por comida

Pessoas que lutam constantemente contra a balança costumam adotar medidas “emergenciais” para perder peso de forma rápida. Muitas delas incluem a diminuição drástica da quantidade de comida e grandes intervalos entre as refeições. Entretanto, estudos comprovam que essas atitudes, além de ineficientes em longo prazo, podem agravar o quadro e levar até mesmo a distúrbios alimentares.

É o que defende Sophie Deram, PhD em Nutrição e doutora pela Faculdade de Medicina da USP no departamento de Endocrinologia, com vasta experiência em comportamento alimentar. A especialista afirma que todos deveriam ter ‘boa relação com a comida’, pois esse é o “fator-chave” para a manutenção do peso saudável.

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“As dietas restritivas alteram nosso metabolismo e nosso comportamento alimentar, aumentam a vontade de comer e podem, inclusive, contribuir para o excesso de peso. Em vez da restrição, o caminho é transformar a relação com a comida e o corpo na hora de sentar à mesa”, diz.

A especialista lembra ainda que profissionais da saúde de outros países, como os Estados Unidos, não recomendam prescrever dietas muito rigorosas aos pacientes. “No Brasil, essa abordagem ainda é nova, mas no exterior o ‘undieting’ já é amplamente difundido”, explica Sophie, que é a pioneira da abordagem sem dieta no Brasil.

Abaixo, Sophie lista 5 motivos que provam que “passar fome”, além de não combater o sobrepeso, pode provocar mais ganho de peso ao longo prazo e uma relação de comer mais emocional com a comida. Isso cria um ciclo vicioso:

Frustração e tristeza

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A insatisfação com o corpo e a aparência geralmente é o “gatilho” que leva as pessoas a aderirem às dietas restritivas. “O ciclo vicioso da dieta e a dificuldade em atingir a meta almejada levam a sentimentos de frustração e tristeza, ocasionados pela falta de energia física, e que acarretam em prejuízo da vida social. Isso, por si só, já comprova que a privação nutricional é uma ‘armadilha’ que causa danos graves”, pondera Sophie.

Desejo pelo alimento proibido

A restrição alimentar desestabiliza o corpo e desperta “desejo incontrolável” por alimentos classificados como “proibidos” na dieta. “É nessa hora que surge a vontade de comer alimentos mais recompensadores, mais energéticos, como frituras, doces e ultraprocessados, tudo que geralmente era proibido. É como se o corpo buscasse, de forma inconsciente, uma compensação por ficar tanto tempo sem se alimentar, o que nos leva para o próximo fator”, diz a especialista.

Exagero

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O sentimento de “eu mereço…” está presente em situações em que o corpo é submetido ao extremo. Sophie acredita que este é um dos principais perigos, justamente pela sensação de culpa que vem em seguida a um “grande deslize” na dieta pobre em alimentos. O exagero também atrapalha na implantação de uma alimentação saudável, que, segundo a especialista, deve ser variada, equilibrada e consumida com prazer.

Culpa e ganho de peso

Com o “ciclo vicioso” instaurado, o peso eliminado passa a ser geralmente recuperado, e, na maioria das vezes, até mais, devido aos excessos cometidos. Para Sophie, a culpa, o arrependimento e até mesmo o peso na consciência surgem, em parte, devido ao excesso de informação sobre alimentação. Têm muitas regras sobre o que pode ou não pode. A expert define esse comportamento como ‘terrorismo nutricional’. as pessoas enxergam os alimentos apenas como nutrientes. “Nunca se falou tanto sobre nutrição e dietas, e jamais a população ganhou tanto peso. Há um paradoxo nesta situação”, enfatiza a nutricionista.

Insatisfação corporal


É exatamente neste ponto que o ciclo da dieta restritiva se torna vicioso. O paciente está, mais uma vez, insatisfeito com a própria aparência, e recorrerá às outras alternativas de dietas ineficientes para tentar resolver o problema. Sophie pontua que não se deve permitir que a fita métrica ou a balança definam o nível de satisfação com o corpo ou restrinjam o apetite. “Não tenha medo da fome. Aprenda a reconhecê-la e a acolhê-la”, finaliza ela.

Quanto mais restrição, mais exagero. Hoje a dieta restritiva é mostrada cientificamente como um dos fatores do ganho de peso ao longo prazo. Diga não à dieta restritiva e coma melhor, não menos.

Fonte: Sophie Deram é autora do livro “O Peso das Dietas”, engenheira agrônoma de AgroParisTech (Paris), nutricionista franco-brasileira e doutora pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) no departamento de Endocrinologia. Além de especialista em tratamento de Transtornos Alimentares pelo Ambulim – Programa de Transtornos Alimentares do Instituto de Psiquiatria do HCFMUSP, é coordenadora do projeto de genética e do banco de DNA dos pacientes com transtorno alimentar no Ambulim no laboratório de Neurociências.

Qual é a dieta certa para perda de peso de maneira eficaz e duradoura?

Que a obesidade é um problema de saúde pública, todos sabemos, mas em meio a tantas ofertas para emagrecer, e diga-se de passagem algumas bem loucas, qual seguir? Bruna Marisa, médica, especialista em emagrecimento, pós-graduada em medicina ortomolecular, apoiada em sua experiência pessoal e em longos anos de estudos acadêmicos, concluiu que para se alcançar um emagrecimento eficaz e duradouro, é preciso passar por três etapas fundamentais, que ela chama de “os três pilares sustentáveis para um emagrecimento duradouro”:
• Mudança de comportamento;
• Plano nutricional individualizado as necessidades- recomenda: ela recomenda a low carb – com baixo déficit calórico com redução de carboidratos refinados;
• Aumento de gasto energético – atividades físicas.

Estudos epidemiológicos mais recentes apontam que a cada três pessoas, duas estão acima do peso e precisam emagrecer; e que a alimentação tem papel fundamental na saúde.

O que nunca faltou foram as receitas milagrosas com promessas de emagrecimento rápido e eficaz. Mas o que a ciência tem a nos dizer, com fontes e informações seguras, sobre as propostas de emagrecimento aliados à boa alimentação?

DietaLow-carb, jejum intermitente e a cetogênica são algumas das propostas conhecidas e noticiadas pela mídia. O problema é que muitas vezes não são apresentadas informações com base científica sobre estas práticas.

Bruna comenta sobre os pontos positivos e negativos de algumas dessas propostas:

Jejum Intermitente

Talvez seja a prática mais antiga, vinda dos tempos paleolíticos, quando se comia uma vez ao dia. Assim, o jejum intermitente, mesmo sendo chamado de dieta é, na verdade, uma estratégia nutricional que se caracteriza por períodos alternados de jejum e alimentação.
Pontos Positivos: longevidade, ajuda no emagrecimento, ajuda no tratamento e prevenção de doenças, melhora na função cerebral, promove a autofagia celular, Aumenta a secreção de HGH, Previne doenças neurodegenerativas e cardíacas e Aumenta a sensibilidade à insulina.
Pontos Negativos: no início, pode provocar dores de cabeça, tontura e halitose, entre outros. Por isso, a médica acha necessário uma preparação para iniciá-lo. É necessário orientação e acompanhamento médico adequado.
“De qualquer forma, o jejum intermitente não deve ser visto como uma dieta isolada, mas sim, como uma estratégia de emagrecimento que, atrelada a qualquer dieta de baixo valor calórico, vai trazer infinitos benefícios para o corpo”- diz a especialista.

Low-carb

Tendo como objetivo não gerar picos de insulina no organismo, a dieta de baixa ingestão de carboidratos, proporciona uma queima de gordura disponível no corpo, impedindo a produção de novas células de gordura.
Pontos Positivos: perda rápida de peso, restringindo o consumo de açúcar e alimentos processados. A pessoa não sentirá fome pois proteínas (carnes e ovos), oleaginosas e gorduras boas, podem ser consumidos sem restrições. Além disso, baixa os níveis de triglicérides, colesterol e açúcar no sangue.
Pontos Negativos: pode haver reganho do peso que foi perdido; caso não haja as mudanças de hábitos por toda a vida. Limita o consumo de frutas e verduras; pode causar dores de cabeça; constipação; falta de certas vitaminas, por isso deve ser feita também sob orientação médica.

Bruna diz que é praticante e adepta da low carb há muitos anos, e também a indica a maioria de aos seus pacientes. A melhor estratégia de emagrecimento é decidida sempre depois de uma avaliação completa, de acordo com as individualidades de cada um. Assim como o jejum intermitente, a especialista não encara a low carb como mais uma dieta que você faz e volta a consumir tudo que deseja, quando elimina os quilos em excesso, mas ela afirma que a low carb deve ser encarada como um estilo de vida, uma conscientização, para que assim, você possa usufruir de todos seus benefícios, que são para a vida toda.

Cetogênica

A dieta cetogênica, também conhecida como Keto, tem como objetivo, quase que zerar os níveis de insulina no sangue para que o corpo entre em cetose e recorra ao estoque de gordura do corpo, a fim de mantê-lo funcionando.
Pontos Positivos: perda rápida de peso em tempo reduzido; maior saciedade, melhora de sintomas do autismo, esquizofrenia, doenças crônicas, aumento dos níveis da atividade cerebral, utiliza as gorduras do corpo como fonte de energia para manter o organismo funcionando.
Pontos Negativos: prisão de ventre, restrição total de carboidratos. É de fato uma estratégia muito difícil de ser mantida e nem todos se adaptam. Muitas pessoas não têm indicação para uso. Bruna diz que só deve ser indicada em situações muito específicas, e por um curto período de tempo.

A pergunta que vale uma fortuna: qual é a melhor dieta para emagrecer? Observando essas propostas, percebemos que há vantagens e desvantagens em todas elas.

Bruna responde à pergunta de forma muito lúcida: “A melhor dieta é aquela em que você se adapta, acredita e está disposto a praticar como estilo de vida. Manter um foco e manter-se motivado. Ter dedicação, persistência, autoconfiança e otimismo são fatores fundamentais para que qualquer projeto na vida seja bem sucedido. Ter um objetivo claro e não ter medo de fazer o que for preciso para chegar até ele”.

Bruna acrescenta: “É importante que a pessoa saiba o porquê ela quer emagrecer, que seu motivo sirva como o primeiro passo para uma longa jornada. Com essa motivação é necessário definir as metas alcançáveis e seguir à risca cada passo. Sem isso em mente, de nada adianta encontrar a dieta mais adequada.

Fonte: Bruna Marisa é médica, pós-graduada em Endocrinologia, membro da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), pós-graduada em Medicina Ortomolecular, especialista em Emagrecimento e Low Carb, com vários cursos na área de Medicina Esportiva. Autora do e-book: Guia de Emagrecimento Definitivo e Duradouro.

PhD em Nutrição aponta os quatro mitos da obesidade

Sophie Deram, pesquisadora e autora do best-seller “O Peso das Dietas”, traz reflexões sobre o que pode mudar no tratamento contra a doença

É comum encontrar pessoas obesas ou com excesso de peso que já tenham sofrido algum tipo de discriminação. As atitudes preconceituosas direcionadas para os que convivem com essa condição são inúmeras, como um olhar atravessado ao passar na catraca do ônibus ou comprar roupas novas, ao montar a refeição em um restaurante ou até mesmo ao ocupar assentos no transporte público.

Julgamentos preconcebidos podem, muitas vezes, acuar pacientes e impedir que procurem ajuda especializada. Este cenário resulta em pessoas na busca de se tratar de forma autônoma, com o uso de medicamentos e dietas restritivas que não resolvem, mas pioram a condição do indivíduo.


“Muitos pensam que as causas da obesidade dependem exclusivamente de questões pessoais, como preguiça gula e a falta de força de vontade. São suposições que estão em desacordo com as evidências científicas”, repudia Sophie Deram, PHD em Nutrição, autora do best seller “O Peso das Dietas” e especialista em comportamento alimentar.

A partir de diversas pesquisas, o consenso indica que o estigma da obesidade é uma questão bem difundida na sociedade. A prevalência de discriminação apresenta taxas mais altas entre aqueles com maior Índice de Massa Corporal (IMC) e entre as mulheres, quando comparadas com os homens. Um estudo de 2018 citado pelos autores sugere que aproximadamente 40% a 50% de adultos norte-americanos com excesso de peso e obesidade sofrem internalização do estigma, e cerca de 20% experimentam isso em níveis elevados

Sophie esclarece que existem quatro mitos relacionados à obesidade. Para a especialista é necessário mostrar às pessoas os reais motivos por trás desta condição pode tornar o tratamento desta doença mais humano e efetivo, não apenas no ponto de vista dos estudiosos da área, como também da população em geral que convive e, muitas vezes, maltrata quem sofre com o excesso de peso. Confira abaixo:

1 – Obesidade é uma opção

Foto: Xenia/Morguefile

Esta é uma das declarações mais irresponsáveis que podem ser feitas em relação ao excesso de peso, pois transfere toda a responsabilidade para a pessoa que já está vulnerável. “É preciso se atentar que a obesidade é um problema multifatorial, ou seja, envolve questões genéticas, emocionais, culturais e fisiológicas”, esclarece a especialista.

2 – Consome mais calorias do que gasta

Usar esta expressão é simplificar a complexidade com a qual o corpo humano trabalha. A conta não é tão simples. “São muitos os fatores que podem levar um indivíduo a desenvolver esta condição, comer muito não pode ser considerada uma causa predominante”, destaca Sophie.

3 – Obesidade é um estilo de vida

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Mais uma vez a desinformação pode levar as pessoas a tirarem conclusões equivocadas como esta. Dados de estudos realizados em diversos países mostram que a obesidade é sim um problema de saúde que pode afetar as pessoas em diferentes momentos da vida. “Considerar a obesidade como opção é transferir toda a responsabilidade para o indivíduo. Na verdade, é um problema multifatorial, que envolve questões sociais, culturais, genéticas, emocionais e fisiológicas”, avalia.

4 – Obesidade severa pode ser resolvida com dietas e exercícios físicos
E por último, porém não menos insensata, esta afirmação pode ser refutada pelo simples fato de não ter apoio científico. Estudos já comprovaram a ineficácia de tentativas voluntárias de restringir a alimentação e adicionar exercícios físicos nesta equação ajuda menos ainda. Esta combinação, para aqueles que sofrem com um quadro severo de excesso de peso, traz resultados modestos que não se sustentam em longo prazo.

Sophie explica que, quando aderimos às dietas restritivas, acontecem duas mudanças em nosso corpo: o aumento de apetite e a redução da taxa metabólica basal – mínimo de energia necessária para manter as funções vitais do organismo. “Justamente por essa combinação de resultados, nosso corpo entende que estamos passando pela privação de alimentos e promove a recuperação de peso”, aponta Sophie.

Manifesto sobre a obesidade
Sophie acredita que a falta de informações no tocante à obesidade com base na ciência é uma das principais responsáveis pela existência desses quatro mitos sobre o tema. Para desmistificar esses equívocos, a nutricionista realiza no próximo sábado (21/11) o “Manifesto para um novo olhar sobre a obesidade” no formato online. O evento debaterá com um time de especialistas um tratamento mais humano e digno para as pessoas que sofrem com esta condição. Confira a programação clicando aqui.

Fonte: Sophie Deram é autora do livro “O Peso das Dietas”, é engenheira agrônoma de AgroParisTech (Paris), nutricionista franco-brasileira e doutora pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) no departamento de Endocrinologia. Além de especialista em tratamento de Transtornos Alimentares pelo Ambulim – Programa de Transtornos Alimentares do Instituto de Psiquiatria do HCFMUSP, é coordenadora do projeto de genética e do banco de DNA dos pacientes com transtorno alimentar no Ambulim no laboratório de Neurociências.

Mitos e verdades sobre a dieta low carb

Os médicos, José Carlos Souto e Rodrigo Bomeny, diretor-presidente e diretor científico de Medicina da ABLC, respectivamente, esclarecem as principais dúvidas sobre a prática alimentar e falam sobre sua eficácia no tratamento do diabetes

A Associação Americana do Diabetes, em inglês American Diabetes Association (ADA) tem diretrizes em que recomenda a prática alimentar low carb como alternativa dietética válida para o tratamento de diabetes tipo 2. Entre as vantagens comprovadas da estratégia alimentar para a doença, segundo a ADA, estão: perda de peso, redução da pressão arterial, aumento do HDL, o chamado colesterol bom, e redução dos triglicerídeos.

A decisão da associação vem baseada em estudos científicos realizados ao longo dos anos por cientistas renomados e capacitados, que demonstraram a eficácia da low carb, não apenas para o tratamento de diabetes tipo 2, como para o combate à obesidade, o tratamento de síndrome metabólica e a diminuição de gorduras no fígado.

Não obstante os resultados já demonstrados, a prática alimentar continua sendo contestada. Há muitas informações circulando na internet que não dizem totalmente a verdade sobre a prática. Neste contexto, os médicos José Carlos Souto e Rodrigo Bomeny, diretor-presidente e diretor científico de Medicina da Associação Brasileira LowCarb (ABLC), respectivamente, acharam por bem, esclarecer algumas dúvidas a respeito do consumo de carboidratos e consequentemente dos resultados que podem ser alcançados com a low carb.

Dieta da moda?

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A low carb é uma prática alimentar das mais populares. Certamente o termo dieta cetogênica (um dos espectros da estratégia low carb) é um dos mais pesquisados na ferramenta de busca Google. Contudo, segundo o diretor-presidente da ABLC, quando chamam esta abordagem de “dieta da moda”, isto é feito com conotação negativa e desmerecimento. Além disso, conforme Souto, não se trata propriamente de um argumento. “Há coisas que estão na moda e são ruins e outras que são ótimas. A popularidade não é o critério pelo qual se determina o mérito científico”, diz.

O que deve ser, de fato, levado em questão, segundo o médico, é que diversos estudos clínicos randomizados (os mais fidedignos) mostram a eficácia da prática low carb para o emagrecimento, manutenção de peso, e tratamento de diversas doenças.

Souto explica que low carb é, sobretudo, uma alimentação restrita em produtos refinados, alimentos processados e grãos. Essa era basicamente a forma como nossos ancestrais se alimentavam, em um período anterior ao surgimento da agricultura. Assim, de que forma uma prática alimentar tão antiga pode ser considerada como algo “da moda”? “O que é novo, datando dos anos 1970, é a recomendação de que devemos comer de 3 em 3 horas, com carboidratos perfazendo 60% das calorias, como sugere a ultrapassada pirâmide alimentar”, destaca.

Carboidratos são essenciais para o desenvolvimento físico?

A crença geral é de que apenas a glicose (encontrada no carboidrato) é capaz de gerar energia suficiente para a prática esportiva e, consequentemente, para o desenvolvimento físico. Isto não condiz com a verdade. O diretor-presidente da ABLC explica que a gordura é uma ótima fonte energética, pois tem mais do que o dobro de calorias do que os carboidratos. Além disso, existe em maior quantidade no corpo, visto que o mesmo tem capacidade maior em armazenar gordura do que glicose.

Outra molécula que pode ser utilizada como fonte de energia quando se ingere poucos carboidratos é a proteína. Contudo, segundo o diretor científico de Medicina da ABLC, o corpo prefere usar este macronutriente para construir músculos e realizar outras funções importantes para a saúde. E, havendo consumo adequado de proteínas na dieta, as proteínas do próprio corpo são poupadas. “Por isso, a gordura é a melhor fonte de energia alternativa”, explica Bomeny.

Em relação à alegação de que haveria perda de massa magra (músculos) com dieta low carb, Souto argumenta que qualquer dieta para perda de peso causa, em algum grau, este efeito. “Há apenas duas estratégias para mitigar isso: exercício resistido (musculação, por exemplo) e aumento do consumo de proteínas”, diz. Isto posto, os estudos randomizados não mostram uma perda maior de massa magra com low-carb quando comparada à que ocorre com outras estratégias.

Na verdade, estudos científicos – ensaios clínicos randomizados – realizados com atletas da ginástica olímpica da Itália, do crossfit, e de levantamento de peso, por exemplo, mostraram que uma estratégia alimentar com muito pouco carboidrato não produziu perda de massa muscular. Segundo o diretor-presidente da ABLC, esses estudos clínicos mostram até que o que há é uma maior perda de gordura com a adesão à prática low carb.

Com a diminuição da quantidade de carboidratos, o corpo precisa de outra fonte de combustível. Por este motivo, a gordura passa a ser utilizada, e não armazenada, favorecendo a perda de peso.

O cérebro precisa de carboidratos para funcionar?

O cérebro precisa de glicose para funcionar – algo em torno de 130 gramas – o que se traduz em cerca de 500 calorias por dia. Mas o fato de que o cérebro precisa de glicose não significa que esta precise ser adquirida por meio da dieta, no caso,mas por meio de uma alimentação rica em carboidratos. De acordo com Souto, a glicogênese – produção de glicose pelo fígado – é mais do que suficiente para manter o nível glicêmico do organismo por tempo indeterminado. E os aminoácidos necessários para a realização deste processo podem vir de proteínas ingeridas na dieta – a alegação de que tais aminoácidos viriam dos músculos é inverídica no contexto de uma alimentação com quantidade adequada de proteína, como demonstram vários ensaios clínicos randomizados.

O médico explica que o cérebro apenas depende primariamente de glicose em quem se alimenta à base de glicose. “Nas pessoas que se alimentam com baixo carboidrato, até 75% das necessidades energéticas do cérebro são supridas por corpos cetônicos – pequenas moléculas energéticas produzidas pelo fígado, a partir dos lipídios, com esse fim”, afirma.

Conforme o diretor científico de medicina da ABLC a prática alimentar pode ser utilizada perfeitamente sem a preocupação de afetar negativamente a função cognitiva. “Na verdade, na prática clínica, observamos uma melhora na concentração, foco e memória com a low carb”, salienta Bomeny.

Low carb faz mal à saúde cardíaca?

Uma prática alimentar que não condena o consumo de carnes e gordura animal pode ser considerada potencialmente problemática ao coração, afinal trata-se de um tipo de alimentação mais rica em gorduras saturadas do que sugerem as recomendações tradicionais?

De acordo com o diretor científico de Medicina da ABLC, a despeito de alegações em contrário, as gorduras dietéticas total e saturada não se correlacionam com o risco de doença cardiovascular, e há evidências científicas de alto nível que comprovam isso.

Estudo realizado entre 1999 e 2004 com pacientes portadores de doenças coronarianas, recrutados em dois hospitais da Noruega, mostrou que aqueles com maior consumo de gordura saturada apresentavam menos doença cardiovascular do que aqueles que ingeriam menos gordura. De acordo com Souto, isso na verdade é o esperado, já que a quantidade de gordura saturada no sangue não é decorrência direta da quantidade de gordura que se consome, e sim de carboidratos. E os níveis elevados de glicose e de insulina são fatores de risco cardiovascular muito mais importantes.

O diretor-presidente da ABLC explica que os carboidratos ingeridos, particularmente amido e açúcar, são transformados em glicose no organismo. Ou seja, quanto mais carboidratos, maior o nível de glicose no sangue. A questão é que a insulina, hormônio responsável por retornar a glicose para valores normais, sinaliza também ao corpo para que ele armazene gordura. “Como resultado, seu fígado começa a converter o excesso de açúcar em triglicerídeos (gordura)”, afirma o médico. Além disso, a insulina elevada favorece o ganho de peso e a deposição de gordura visceral – o tipo mais associado a doenças cardiovasculares.

A prática alimentar sobrecarrega rins e fígado?

Essa dúvida é suscitada porque pacientes com insuficiência renal crônica apresentam dificuldades em excretar diversas substâncias, entre as quais as derivadas do metabolismo de proteínas. Desse modo, pacientes portadores da doença não podem aderir a uma prática alimentar hiperproteica. Contudo, de acordo com Souto, pessoas sadias não vão adquirir a doença se consumirem proteínas. Não há indicações na literatura médica nesse sentido. Conforme o diretor-presidente da ABLC, na realidade, o que se vê é contrário. “As duas principais causas de doença renal e hemodiálise, diabetes e hipertensão, melhoram com low carb”, afirma.

Outro ponto, conforme Souto, é que a prática alimentar low carb não é hiperproteica. Então, ainda que uma dieta rica em proteínas prejudicasse os rins, esse não seria o caso da low carb. O diretor-médico da ABLC afirma que o mesmo consumo de proteínas é recomendado nas estratégias alimentares low carb, low fat e mediterrânea. “Low carb é normoproteico, e isso deveria ser conhecimento básico para um profissional de saúde que fala sobre esse assunto”, declara.

A respeito do fígado, é sabido que o álcool e medicamentos são os principais agentes que causam sobrecarga ao órgão. Já a esteatose (gordura no fígado) tem como causa o açúcar. A prática alimentar low carb, inclusive traz benefícios a quem sofre da doença. “Estudo recente mostrou que apenas 14 dias de low carb são capazes de reduzir significativamente a gordura hepática”, garante Souto.

Low Carb significa restrição total de carboidratos?

Pessoas que buscam saber mais sobre low carb em fontes de informações não confiáveis costumam ligar a prática à ingestão exclusiva de proteínas e gorduras. O diretor-presidente da ABLC enfatiza que as recomendações são simples e em nenhum momento afirmam que carboidratos devem ser eliminados. “Uma prática low carb não deve ser ‘no carb’. Ou seja, trata-se de restringir açúcar, farináceos e o excesso de amido, e não de preocupar-se com alguns gramas de carboidratos em vegetais, por exemplo”, afirma o médico.

Souto esclarece que uma low carb bem planejada frequentemente contém uma quantidade de vegetais (em volume de comida) maior do que a quantidade de produtos animais. “Isso é importante para a flora intestinal e para o equilíbrio nutricional da prática alimentar, pois vegetais folhosos e vegetais de baixo amido estão universalmente associados a bons desfechos de saúde em 100% dos estudos”, diz.

Há restrição de fibras, vitaminas e nutrientes?

Como se trata de uma prática alimentar em que grãos integrais não são recomendados, é comum achar que organismo de quem adere ao low carb tem falta de fibras, vitaminas e nutrientes. De acordo com o diretor-presidente da ABLC, tal assertiva não procede. Primeiramente, porque sequer há comprovação científica de que grãos integrais trazem benefícios à saúde: os estudos apenas mostram que seu consumo é melhor do que o de grãos refinados.

Em segundo lugar, porque grãos não são as únicas fontes de fibras, vitaminas e minerais. Conforme Souto, vegetais folhosos, vegetais de baixo amido e legumes apresentam densidade nutricional de magnitude superior a qualquer grão. “De que forma a retirada de pão, massa, biscoitos, guloseimas, açúcar e farinhas diversas, e sua substituição por vegetais múltiplos, peixes, ovos, carnes, laticínios, nozes, castanhas e amêndoas teria qualquer efeito que não fosse o de melhorar a densidade nutricional?”, questiona.

Low carb é ruim, pois elimina um grupo inteiro de alimentos?

Segundo o diretor-presidente da ABCL, trata-se de um argumento falacioso. Não existe uma restrição de um grupo inteiro de alimentos, o que há são opções feitas, dentro de cada grupo, visando um objetivo. Assim, em uma estratégia low carb, para que a meta de consumir pouco açúcar seja alcançada, sem que as frutas sejam eliminadas do cardápio, se dará preferência ao morango em relação à banana, por exemplo – mas ambos são frutas.

Mas, ainda que alguma estratégia alimentar restrinja um grupo inteiro de alimentos, como a paleolítica, em que os laticínios não podem ser ingeridos, ou a vegana, em que diversos alimentos nutritivos são deliberadamente excluídos, o que deve validar os benefícios de uma prática alimentar são os ensaios clínicos randomizados. Conforme Souto, se eles mostram que a prática traz bons resultados, é este o critério que embasa a sua indicação.

É difícil se manter na dieta low carb?

Toda intervenção de estilo de vida – seja a prática de exercícios físicos, a cessação do tabagismo ou do consumo de bebidas alcoólicas, ou qualquer tipo de dieta – deixa de funcionar com o tempo. Isto porque a maioria das pessoas deixa de seguir a recomendação em menos de 24 meses. Assim, de acordo com o diretor-presidente da ABLC, uma prática alimentar deve ser valorada em relação a sua eficácia no período em que foi utilizada.

E, conforme Souto, a low carb para diabéticos mostrou resultados muito favoráveis, quando aferidos nos primeiros 90 dias a 180 dias, intervalo em que as pessoas ainda estão seguindo a estratégia. Por isso é muito recomendada para estes casos. Se a baixa efetividade, no longo prazo, não nos impede de recomendar a cessação do tabagismo e a prática de exercícios físicos, também não deve nos impedir de indicar low carb para os pacientes diabéticos. “Isso é óbvio”, conclui.

Fontes:
José Carlos Souto – médico e diretor presidente da ABLC
Rodrigo Bomeny de Paulo – médico endocrinologista e diretor de Medicina na ABLC

Quatro mitos sobre o ganho de peso na menopausa

Por Sally Kuzemchak*

Estar na casa dos 40 anos significa que as conversas com amigos geralmente incluem alguém declarando tristemente: “Minha calça não serve mais!” ou “Ganhei 2,5 quilos e não tenho ideia do motivo!” Todos nós concordamos com simpatia porque podemos nos identificar.

O ganho de peso na meia-idade é real. É também uma das maiores preocupações que as mulheres têm em torno da menopausa, de acordo com o novo livro The Menopause Diet Plan (O plano de dieta da menopausa em tradução livre), de Hillary Wright, e Elizabeth M. Ward. “Um dos erros que todos cometemos é não falar o suficiente sobre a menopausa e não educar as mulheres sobre as mudanças pelas quais o corpo passará”, diz Elizabeth. “Isso faz com que as mulheres sejam pegas de surpresa quando o número na balança aumenta e suas roupas não servem mais”.

Aqui estão alguns equívocos comuns sobre o ganho de peso na meia-idade – além dos fatos, para que você possa entender o que está acontecendo e tomar medidas para se sentir melhor física e emocionalmente.

Mito 1: o ganho de peso na menopausa é sua culpa.

Esqueça a acusação insultuosa e gasta de “se deixar levar”. De acordo com as autoras do livro, é um simples fato que muitas mulheres ganham cerca de 1,5 quilo por ano em seus 40 e 50 anos. Isso se deve a algumas coisas: o metabolismo desacelera naturalmente com a idade. Você também perde músculos na meia-idade (e os músculos queimam mais calorias do que gordura). Além disso, níveis mais baixos de estrogênio podem levar a mais gordura na cintura.

Mito 2: o ganho de peso não acontece até a menopausa.

O ganho de peso na verdade começa na perimenopausa, os anos que antecedem a menopausa (que é oficialmente definida como 12 meses consecutivos sem menstruar). Essa transição para a menopausa pode levar até dez anos.

Mito 3: ganhar quilos extras perto da menopausa não é grande coisa.

Shutterstock

Claro, algum ganho de peso próximo à menopausa está relacionado à aparência – e ao inconveniente de aumentar o tamanho das roupas. Mas as autoras alertam que o excesso de peso também pode aumentar o risco de doenças que ocorrem com mais frequência com a idade, como diabetes tipo 2, doenças cardíacas e câncer. O peso extra também pode piorar as ondas de calor.

Mito 4: não há nada que você possa fazer a respeito do ganho de peso na menopausa.

Embora o ganho de peso seja normal na meia-idade, existem algumas etapas que você pode tomar para retardá-lo, pará-lo ou perder os quilos que você ganhou:

Adicione (ou intensifique) o treinamento de força: o metabolismo diminui com a idade, em grande parte por causa da perda muscular, diz Elizabeth. Portanto, preservar e até mesmo construir músculos agora é fundamental. Todos os exercícios podem ajudar a queimar calorias, o que ajuda no controle de peso. Mas ela recomenda exercícios de resistência desafiadores, como musculação, pelo menos duas vezes por semana (além de outras atividades como caminhar) para se manter forte e ajudar a combater o ganho de peso. Bônus: os exercícios também podem ajudar com os efeitos colaterais da menopausa, como problemas com o sono, mau-humor e baixo nível de energia.

Foto: Visual Hunt/CC

Seja mais esperta QUANDO você come: “Comer após o pôr do sol ou próximo do pôr do sol não está em harmonia com a maneira como nosso corpo processa melhor os alimentos, que é no início do dia”, diz a nutricionista. Ela acrescenta que é comum as mulheres não comerem o suficiente durante o dia e ficarem com tanta fome no jantar que comem muito mais calorias do que precisam – o que também contribui para problemas de controle de peso.

Evite dietas drásticas: elas podem funcionar em curto prazo, mas a maioria é muito baixa em calorias e nutrientes – portanto, são insustentáveis. Você acaba se sentindo como se tivesse falhado quando ganha de volta o peso (e muitas vezes, mais que antes). Fazer pequenas mudanças em seus hábitos alimentares é uma abordagem muito melhor para a saúde e felicidade em longo prazo, diz Elizabeth.

Concentre-se em proteínas e carboidratos mais inteligentes: há um equívoco de que você tem que “cortar os carboidratos” para perder peso na meia-idade. Mas os alimentos ricos em carboidratos incluem frutas, vegetais, laticínios como iogurte natural e grãos inteiros como aveia. “Esses alimentos são ricos em vitaminas, minerais e fibras de que as mulheres precisam para uma boa saúde e não queremos que elas os eliminem em nome da perda de peso”, diz a nutricionista. Priorizar esses alimentos em vez de outros com baixo teor de carboidratos, como biscoitos, batatas fritas e sorvete, é uma abordagem melhor. Incluir proteínas nas refeições e lanches também é fundamental.

Mas o fato é que todos os corpos mudam ao longo da vida. Se seu corpo pós-menopausa parece diferente de seu corpo de 20 e poucos anos, isso é normal e tudo bem. É natural lutar para abraçar as mudanças, mas como Elizabeth sugere, tente se concentrar em como comer alimentos nutritivos e ser fisicamente ativa estão fazendo você se SENTIR. Ao compartilhar sua própria experiência, a nutricionista diz que, embora ela tenha perdido a maior parte do peso que ganhou por volta da menopausa, ela prefere desfrutar de chocolate todos os dias e uma ou duas taças de vinho nos fins de semana do que perder os últimos quilos. “É importante ter equilíbrio na vida”, diz ela.

*Sally Kuzemchak é nutricionista registrada em Columbus, Ohio. Repórter e escritora premiada, Sally já teve artigos publicados em revistas como Health, Family Circle e Eating Well e é editora colaboradora da revista Parents. Ela é a autora do livro The 101 Healthiest Foods For Kids. Ela tem um blog no Real Mom Nutrition, uma zona “sem julgamentos” sobre alimentação familiar.

Fonte: WebMD

Cultura da dieta transforma os alimentos em tabus

Sophie Deram, especialista em nutrição, explica por que a insatisfação corporal é um problema grave

No mundo todo, inúmeras pessoas sentem-se insatisfeitas com seus corpos refletidos no espelho e lutam com problemas de imagem corporal. Devido a esse desagrado, tanta gente se submete a anos de dietas restritivas como a “low carb”, cetogênica, e as ricas em proteínas (paleolíticas), mas se engana quem acha que esta é a solução.

Esses métodos extremistas não fazem bem à saúde e, como consequência, podem produzir o famoso “efeito sanfona”, além de levar a compulsão alimentar e obesidade. De acordo com a Organização Mundial, a projeção é que, em 2025, cerca de 2,3 bilhões de adultos estejam com sobrepeso; e mais de 700 milhões, obesos.

“A busca pelo corpo magro, musculoso, ou considerado como ‘ideal’ são práticas inseridas na ‘cultura da dieta’. Quando criamos crenças sobre a comida e classificamos determinados alimentos em proibidos, eles se transformam em tabus. Com a proibição, surge o desejo de violar a regra, o que aumenta as chances de exagerar e até mesmo de desenvolver uma compulsão alimentar”, alerta a especialista em nutrição, Sophie Deram, durante palestra “É tempo de abandonar a cultura da dieta: entenda por que ela é um problema”, promovida pela Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães e Bolos Industrializados (Abimapi), apresentada no Ganepão 2020, um dos maiores eventos de saudabilidade da América.

Shutterstock

Para driblar essa vontade exagerada de comer, é essencial começar pela mudança no pensamento, compreendendo que excessos não fazem bem e que dentro de uma alimentação saudável é possível ter uma variedade de produtos, incluindo os mais ricos em energia (carboidratos) ou gordura. “É importante considerar que cada alimento tem uma porção e frequência adequada, e até os conhecidos como “guloseimas” e fast-foods podem fazer parte de uma rotina equilibrada, desde que consumidos com moderação”, explica a nutricionista.

Alimentar-se prestando atenção nos sinais de fome e saciedade do corpo também é uma dica para contornar os momentos de gula. É claro que ela requer paciência e autoconhecimento, mas é muito eficaz! “Quando abrir espaço para uma indulgência, escolha um que goste bastante e aprecie com calma, pois desta forma é mais fácil se saciar com uma quantidade menor. Caso exagere, evite comportamentos de compensação como omitir refeições ou fazer jejuns, pois eles apenas agravam a sensação de culpa”, diz Sophie.

Para conseguir manter a sintonia entre as sensações do corpo, a comida e a mente, a especialista separou algumas dicas:


1 – Antes de comer deixe os problemas de lado, relaxe e aprecie a sua refeição.


2 – Diminua as ideias de magreza e corpo ideal, aceita a sua forma física e a sua beleza natural.


3 – Use as roupas que te fazem sentir bem. Se admire ao espelho e não deixe que a beleza de outra pessoa traga aspectos negativos para forma que enxerga o seu próprio corpo.


4 – Quanto mais prazer você leva para as refeições, melhor será a sua relação com a comida.

Foto: Shutterstock

5 – Quando temos sintonia com o nosso próprio corpo, conseguimos diferenciar o que é uma necessidade e o que é uma vontade. Tudo pode ser consumido, desde que na quantidade certa. Então, se permita.

Por fim é válido lembrar que alimentação não é apenas o consumo de nutrientes, e sim um ato social e um prazer que sempre acompanhou os seres humanos. Portanto, aproveite este momento sabendo equilibrar frequência e quantidade, sem recorrer à gula.

Fonte: Abimapi