Arquivo da categoria: psiquiatria

Cantar em meio à guerra? Entenda os efeitos da música em nossas emoções

Nos últimos dias, imagens chocantes e de partir o coração após a invasão da Ucrânia pela Rússia circularam pelo mundo. No entanto, em meio a angústia causada pela invasão, um vídeo de uma garotinha cantando “Let it Go” do filme de animação da Disney (2013), viralizou na web. A letra dessa música fala sobre a superação das adversidades, que condiz muito com a situação que o povo ucraniano está vivenciando, o que deixou os internautas ainda mais emocionados.

“O processamento musical é um estímulos que influencia diretamente em diversos estados da nossa consciência, desde estados emocionais, até estados mais racionais, ativando nossa consciência auto reflexiva, por exemplo”, explica a especialista em desenvolvimento humano Madalena Feliciano.

A música se mostrou uma grande aliada em momentos de caos e tensão devido ao que ela causa nas ondas cerebrais, distração, inspiração, esperança, união, emoção, sensibilidade, “diferentes circuitos neuronais são ativados graças à música, já que a percepção e o aprendizagem musical requer e recruta diferentes regiões cerebrais, aumentando a sinapses entre elas”, esclarece Madalena.

Além disso, diversos estudos pelo mundo todo em lugares como Harvard ou Oxford, com ajuda da neuroimagem, também afirmam que a música tem a capacidade de aumentar a neuroplasticidade cerebral (capacidade do sistema nervoso de mudar, adaptar-se e moldar-se a nível estrutural e funcional ao longo do desenvolvimento neuronal e quando sujeito é exposto a novas experiências.)

“O cérebro pode ser condicionado a relacionar estímulos a memórias, como quando sentimos um perfume e lembramos de um pessoa ou ouvimos uma música e ela nos coloca em certo estado de espírito. Esse estímulo influência no nosso estado emocional interno, frequências musicais e letras motivacionais, criam um estímulo interno nas emoções, e que podem ajudar positivamente em ambientes de medo, ansiedade e conflito”, argumenta Madalena.

Assim como a âncora do navio deixa a embarcação parada no porto, a pessoa usa a música para permanecer no estado ideal para a atividade que está desempenhando, aumentando sua determinação e motivação. “Em muitas situações a música traz boas memórias e faz sentir bem. Concentrando-se nesses sentimentos de empoderamento, é possível criar uma âncora emocional que ajuda a pessoa a se centrar mentalmente e não perdendo tanto o controle em meio a situações de ansiedade e desespero”, finaliza Madalena.

Fonte: Madalena Feliciano é empresária, CEO de três empresas, Outliers Careers, IPCoaching e MF Terapias, consultora executiva de carreira e terapeuta, atua como coach de líderes e de equipes e com orientação profissional há mais de 20 anos, sendo especialista em gestão de carreira e desenvolvimento humano. Estudou Terapias Alternativas e MBA em Hipnoterapia.
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Empresa brasileira oferece consultas gratuitas com psicólogos para mulheres

Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, a Docway, empresa brasileira pioneira em soluções de saúde digital, vai oferecer atendimento gratuito para todas as mulheres que realizarem agendamento no dia 8 de março no site da campanha

A Docway, empresa de saúde digital que oferta soluções completas de telemedicina para empresas de todos os segmentos, constatou que, de 2020 para 2021, houve um crescimento de 500% em casos diagnosticados dentro dos quadros de ansiedade e depressão. Destes, o gênero feminino representa quase 60% dos diagnósticos relacionados à saúde mental.

“As mulheres frequentemente experimentam sofrimento com a dupla jornada de trabalho, e o cenário desencadeado pela pandemia reforçou esse papel. O relato de sentimento de culpa por não produzir incansavelmente ou não conseguir dar conta de tudo tem crescido, sobretudo por vivermos em uma sociedade patriarcal. A cobrança por produtividade constante, reforçada também pelas redes sociais, amplia o sentimento de culpa ou de improdutividade por praticar pausas e descansos saudáveis e necessários. Precisamos olhar com mais carinho e respeito à saúde das nossas mulheres, que representam uma grande e imprescindível força de trabalho nas empresas”, explica Karen Silva, Coordenadora do núcleo de Psicologia da Docway.

Pesquisas de mercado também apontam na direção da saúde da mulher. Segundo estudo encomendado pela Todas Group, edtech de apoio ao desenvolvimento profissional de mulheres, que ouviu 673 mulheres adultas, 70% delas estão preocupadas ou deprimidas em função do trabalho e 63% manifestam tensão causada pela pressão no ambiente corporativo. O estudo aponta ainda que apenas 45% delas acreditam poder conquistar tudo que desejam na empresa, enquanto 53% alegam não receber apoio genuíno das companhias no desenvolvimento de lideranças femininas.

Pensando nisso, hoje, 8 de março, mulheres de todo o país poderão agendar consulta com um psicólogo de forma 100% gratuita, sem limite de sessões de recorrência, válidas até o final de 2022. Isso significa que a pessoa poderá fazer quantas consultas forem necessárias para alcançar seu bem-estar. Além disso, a mulher interessada não precisa realizar a consulta no dia 8, ela tem apenas que acessar a plataforma para fazer o agendamento da primeira consulta no melhor dia e hora ao longo do ano. As demais consultas serão agendadas pelo próprio profissional, se ele entender como necessária a continuidade do tratamento.

“Acredito que precisamos ter uma visão holística, ir além de questões biológicas, para encarar com um olhar justo e maduro as condições de gênero que sobrecarregam o emocional de tantas mulheres, implicando em diferentes consequências danosas à saúde mental. O mercado de trabalho já vem sofrendo mudanças importantes, mas é preciso adotar medidas concretas, estabelecer índices e métricas e trazer para o centro do debate. Nesse quesito, a saúde digital veio para ser uma grande aliada”, comenta Fábio Tiepolo, CEO da Docway.

Para conseguir o agendamento é bem simples: basta a paciente acessar o site específico da ação ou ligar para o número 4020 2487 e escolher o melhor dia e horário para a consulta. O atendimento será realizado por um psicólogo parceiro Docway que dará todo suporte humanizado necessário à paciente, evitando possíveis autodiagnósticos e automedicações, sem filas e com a orientação adequada.

Informações: Docway

Luto: quais as 5 fases e por que é importante vivê-lo?

Com a passagem do feriado de Finados ontem(2), muitas famílias brasileiras voltaram suas lembranças para entes queridos que faleceram. O mundo vem tendo que aprender a lidar com o luto e, pensando nisso, os psicólogos da Eurekka falam sobre a importância de viver esse processo. O luto é um conjunto de reações naturais a perdas importantes, é um processo que se inicia no momento da perda e termina com a elaboração do sofrimento e o retorno à vida normal. É algo que faz parte da nossa capacidade de superação, além de ser algo positivo, nos ajudando a colocar as coisas em uma perspectiva diferente.

Ninguém quer falar, pensar ou ouvir sobre a morte. Afinal, perder um ente querido é muito difícil, doloroso e nos traz sentimentos de medo e angústia. O problema é que a morte é muito comum e vai acontecer várias vezes nas nossas vidas. Quanto maior a dificuldade de falar sobre isso, mais temos que enfrentar o sofrimento sozinhos, sem preparo e com grande dificuldade de superação.

Ficamos de luto pela perda em várias situações diferentes na vida, não necessariamente só quando falamos de morte. Pode ser a perda de um relacionamento, da infância ou adolescência, de amizades, de um trabalho ou de um sonho – e isso tudo é normal!

No entanto, o luto só se torna um problema quando permanece e a pessoa acaba adoecendo. Por isso, é importante que estejamos preparados para esse momento inevitável e que saibamos lidar com ele quando acontecer. Até o fim desse texto, você vai entender como funciona o processo de luto, pois ele acontece e como nós podemos lidar com ele de uma maneira mais saudável.

As cinco fases do luto

Os especialistas consideram que existem cinco estágios do luto, os quais todo mundo enfrenta quando vivencia a morte de um ente querido. No entanto, nem sempre as etapas acontecem em sequência e o tempo que as pessoas vivenciam cada uma delas pode variar.

Estágio de negação
Nessa fase, o indivíduo tem dificuldade de acreditar na perda, então tenta se afastar dessa realidade. Também sente uma dor intensa e não consegue suportar a ideia de um futuro sem o que perdeu. Por isso, age como se nada tivesse acontecido ou racionaliza muito a situação, como se não tivesse nenhuma emoção ligada a ela.

Estágio de raiva
Nessa fase, o indivíduo já entendeu a morte como uma realidade e começam a surgir sentimentos de revolta, ressentimento e injustiça, que podem ser expressados de forma agressiva. A pessoa pode dirigir a raiva para si mesma ou para outras pessoas – como para o médico, para Deus ou para a própria pessoa que faleceu.

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Estágio de negociação ou barganha
Nessa fase, a pessoa começa a imaginar diferentes situações e a tentar negociar, com Deus, por exemplo, para que a perda não seja de verdade e para que a pessoa amada volte.

Estágio de depressão
Nessa fase, o indivíduo percebe que a morte é inevitável e que o objeto de perda não vai voltar. Assim, ela, por fim, sente tristeza, desmotivação, apatia e acredita que não vai conseguir superar essa situação.

Foto: Klimkin/Pixabay

Estágio de aceitação do luto
Por fim, na última fase, a pessoa já se acostumou mais com a ideia da perda e consegue falar sobre o assunto com mais facilidade. Aos poucos, a dor diminui e é substituída por saudade e carinho. É nessa fase que a pessoa enxerga a ideia de morte com mais naturalidade e sente que está na hora de seguir em frente.

Atitudes que podem ajudar um parente ou amigo em luto:

Lembre-se que não há maneira certa de sofrer. Algumas pessoas sofrem muito, de maneira muito rápida, enquanto outras sofrem pouco, mas por muito tempo. Assim, a primeira coisa que devemos saber é que cada um sofre de um jeito.

Pergunte “Como foi o seu dia?”
Mostre à pessoa que você se preocupa com ela e que está disponível para confortá-la. Portanto, quando não souber o que dizer, só diga: “sinto muito” ou “não consigo imaginar o que você deve estar sentindo”. Essas são frases úteis, mas você também pode oferecer um abraço. Não saia abraçando; pergunte.

Abra mão do controle
Muitas vezes queremos sugerir planos e temos pressa para resolver a situação, mas às vezes pode ser mais útil só fazer companhia e ver um filme junto com a pessoa, por exemplo.

Leve um pet
Muitas pesquisas mostram que a companhia de um animal pode ajudar na melhora de pessoas enlutadas.

Entenda a diferença cultural de gêneros
Na cultura, os homens e as mulheres são ensinados a lidar com as emoções de formas diferentes. Enquanto as mulheres podem expressar mais os sentimentos, alguns homens tendem a se isolarem mais, recorrem ao álcool ou até mesmo ficarem mais irritados.

Pexels

Esteja presente
Às vezes as pessoas passando pelo luto se isolam por não saberem bem como pedir ajuda. Contudo, no fim das contas, uma simples visita já faz bem!

Buscando ajuda médica e psicológica para lidar com o luto

Caso perceba que esse processo está te deixando doente (você sente dores, não consegue mais sair de casa, não consegue mais conversar com os seus amigos, sente crises de ansiedade várias vezes etc.), não deixe de procurar auxílio médico ou psicológico. Afinal, existem profissionais qualificados para lidar com situações específicas, como esta.

Além disso, o luto mal resolvido pode desencadear transtornos como a depressão, ansiedade, transtorno obsessivo compulsivo e, até mesmo, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Assim, na terapia, será disponibilizada uma escuta atenta e técnica para o sofrimento da pessoa, para que ela possa superar esse processo de uma maneira saudável.

Fonte: Eurekka

Pensamentos suicidas: como evitá-los?

No Setembro Amarelo, psicólogo explica como funciona a mente de uma pessoa que pensa em tirar a própria vida e faz alerta

Setembro é o mês destinado à prevenção ao suícidio, com disseminação de mensagens e informações públicas com objetivo de conscientizar as pessoas sobre como agir e lidar com o assunto. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, 12.895 pessoas cometeram suícidio no Brasil em 2020, evidenciando uma tendência de alta durante a última década, visto que o número de casos em 2012 era de 6.905.

A prevenção ao suicídio requer o esforço da sociedade, alinhando estratégias que englobem o trabalho em nível individual e coletivo. Felipe Laccelva, psicólogo e CEO da plataforma de atendimentos Fepo, explica que o suícidio é apenas o último ato de uma pessoa que já passou por diversas situações.

“O suicídio é o desfecho de eventos anteriores e nunca um fato isolado da vida individual. Envolve questões psicológicas, biológicas, culturais e ambientais. Uma pessoa que pensa em suicídio está pedindo ajuda, e já chegou em um ponto que o sofrimento se tornou impossível de suportar, sendo a única saída que consegue encontrar”, declara Laccelva.

Iniciativas, mesmo que simples, podem ser fundamentais para ajudar a prevenir um ato de suicídio, como o ambiente familiar agradável e passar um tempo de qualidade com os amigos, promovendo momentos de aproximação e meios de se reunir e conversar.

Uma pessoa que está pensando em suícidio pode se sentir sozinha. Assim, um ambiente acolhedor é fundamental para ajudar na recuperação e dar suporte, além de, todos ao redor, permanecerem abertos para escutar, sem realizar julgamentos, para trazer a segurança necessária para compartilhar as angústias e sentimentos.

O papel da saúde mental na prevenção ao suícidio

Gerd Altmann/Pixabay

Assim como a física, a saúde mental é parte integrante e complementar da manutenção das funções do corpo. Por isso, a promoção da saúde mental é essencial para que o indivíduo tenha a capacidade necessária de executar bem as habilidades pessoais e profissionais no dia a dia.

Pesquisas da Assossiação Brasileira de Psiquiatria mostram que, em torno de 96% dos casos de suicídio, possuem relações com transtornos mentais. Quem deseja tirar a própria vida, possivelmente está passando por um quadro de doença mental, e isso influencia a forma como percebe o mundo e como avalia os próprios pensamentos, as relações e, até mesmo, o livre arbítrio.

Quando um indivíduo não está bem, e não tem nenhum tipo de suporte, é provável que as escolhas que faça para própria vida não sejam as mais adequadas. Essas sucessíveis escolhas ruins podem levar para um caminho que, aos poucos, prejudique a saúde mental.

Laccelva lista cinco dicas que podem colaborar, no curto prazo, para manter a saúde mental saudável:

-Converse sobre os seus sentimentos;
-Aproveite a companhia dos amigos e familiares;
-Cuide do seu corpo;
-Tenha momentos de lazer;
-Tenha uma boa noite de sono.

Quais os sinais transmitidos por uma pessoa de que a saúde mental não está bem?

Ilustração: Serena Wong/Pixabay

“A maioria das pessoas que tenta o suicídio fala a respeito disso, comentam sua percepção sobre a morte. Isso acontece dias ou semanas antes da tentativa, porque é algo que é construído dentro da pessoa”, comenta o psicólogo Laccelva.

Mudanças bruscas de apetite e comportamento, isolamento de pessoas que antes era próxima, problemas com o sono, são todos pequenos sinais emitidos pelo corpo de que o estado mental por não estar nas melhores condições.

Uma consulta com psicólogo é pouco para determinar toda a situação clínica de um paciente. No entanto, os sinais são fornecidos o tempo todo, e quem está em volta poderá perceber. O cuidado e atenção são fundamentais, pois a prevenção ao suícidio se faz individualmente e coletivamente.

“Ainda que uma pessoa possa ter parado de expressar as ideias de tirar a própria vida em algum momento, não quer dizer que ela esteja bem. O acompanhamento deve permanecer, já que existe a possibilidade de estar atravessando apenas um momento mais calmo, porém as questões permanecem dentro dela”, finaliza.

Sobre a Fepo

Fundada em 2018 pelo psicólogo Felipe Laccelva, a Fepo é uma startup digital especializada em atendimentos psicológicos, com terapias a partir de R$38,00 e mais de 60 profissionais disponíveis. Desde o início da pandemia, já realizou mais de 27 mil sessões, resultando em um crescimento de 1870%.

“Coronofobia”: a nova vilã da saúde mental

Psiquiatra alerta para medo excessivo relacionado à Covid-19

O coronavírus continua trazendo muitos problemas nesses 17 meses de pandemia – o número de mortes por conta do vírus, juntamente com o medo da população mundial, continua crescendo. Essa aflição, quando excessiva, ganha um novo nome: coronofobia.

Sintomas de ansiedade e medo de contrair o vírus da Covid-19 têm feito com que pessoas se sintam inseguras em todo e qualquer lugar. Um estudo feito pela National Library of Medicine analisou 500 casos de ansiedade e depressão e certificou que todos estavam ligados à crise da Covid-19. O termo “coronofobia” foi criado no final de 2020 e traduz uma ansiedade grave diante do vírus e da pandemia, tanto em contraí-lo, quanto em disseminá-lo.

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Segundo a psiquiatra e professora de Saúde Mental no curso de Medicina da Universidade Positivo, Raquel Heep, quem tem essa fobia não percebe e acredita que o seu comportamento está correto e os outros é que estão errados, causando um sofrimento muito grande para a pessoa.

“É importante ressaltar que esse tipo de ansiedade não é saudável, fugindo dos padrões de incertezas que todos nós temos. É normal ter um certo grau de ansiedade, mas essa preocupação excessiva traz prejuízos físicos e funcionais. É claro que lavar as mãos, usar álcool em gel, máscara e manter o distanciamento social são atitudes necessárias, mas quem sofre com a coronofobia possui comportamentos como lavar as mãos a ponto de machucá-las e usar máscara dentro de casa, ou até mesmo para dormir. São pessoas que não saem de casa mesmo quando necessário”, aponta.

Pessoas com coronofobia também dão muita importância a sintomas que não são preocupantes e acabam até mesmo se automedicando, podendo gerar crises de pânico e problemas físicos. A professora recomenda que, quem identificar sinais de medo excessivo deve agendar uma avaliação com um profissional especializado em saúde mental, principalmente psicólogo ou psiquiatra, que vai avaliar a necessidade, ou não, de medicação para o controle da ansiedade.

“Esse segundo ciclo da pandemia trouxe mais inseguranças a todos nós, mas temos que nos manter esperançosos e não deixar que toda essa situação nos traga ainda mais prejuízos”, salienta.

Fonte: Universidade Positivo

Saiba mais sobre o processo de luto e entenda como lidar com ele

O luto é um conjunto de reações humanas relacionadas a uma morte simbólica ou real que causa impacto significativo na vida de alguém. Cada um se enluta à sua maneira e todos que enfrentam a dor do luto vivem cada um desses processos de maneira singular.

Saiba mais neste artigo escrito pela psicóloga e psicopedagoga, Karina Okajima Fukumitsu.

Luto Coletivo

O luto coletivo é outro conceito importante e que vem sendo observado nos momentos atuais, em razão do aumento no número de vítimas da Covid-19, só no Brasil, ultrapassamos o número de 300 mil mortes, até o momento. Não é por acaso que observamos um aumento expressivo do sofrimento existencial. Neste artigo, falaremos sobre o processo de luto, as principais dificuldades e maneiras para preservar sua saúde existencial. Acompanhe e entenda.

Em meu livro “Suicídio e luto: histórias de filhos sobreviventes” (Lobo Editora, 2020) discorro sobre um novo paradigma tanto para a compreensão quanto para a intervenção do processo de luto, o modelo de processo dual do luto ou Dual Process Model of Grief, DPM (Stroebe; Schut, 1999, tradução nossa), proposto por Margaret Stroebe, por seu marido Wolfgang Stroebe e pelo assistente Henk Schut, apresentado em 1994, em uma conferência na Grã-Bretanha, e com a primeira publicação em 1999, por meio do artigo “The Dual Process Model of Coping with Bereavement: Rationale and Description”.

O modelo, que coloca em questão as fases do processo de luto descritas em estudos anteriores, traz reflexões acerca do redimensionamento dos papéis e tarefas sociais e considera o luto um processo que envolve a constante oscilação entre dois estressores ambivalentes – a “orientação para perda” e a “orientação para a restauração”. Dessa maneira, oferece possibilidades para a compreensão do luto como um processo dinâmico e regulador de enfrentamento e conciliação com novos papéis (Parkes, 1998; Cândido, 2011).

Além de lidar com a morte da pessoa, o enlutado se vê diante do impacto da ausência e, por isso, situações que se referem à elaboração da perda de per si e o imenso desejo de restaurar a vinculação com o morto serão vivenciados na “orientação para a perda”. Posteriormente, a busca da restauração da vida começa a emergir. Nesse sentido, o redimensionamento e a descoberta de papéis, a busca de reorganização prevalecem. É importante salientar que a oscilação entre “voltar-se para a perda” e “voltar-se para a restauração” permite que o enlutado encontre significados e que possa, dialeticamente, compreender seu processo de luto (Fukumitsu, 2020, p. 51).

Na pandemia, temos notado um número crescente de pessoas afetadas. Nesse caso, não só quem teve de passar pela experiência da morte de seus familiares e amigos, mas também pessoas que apresentam dificuldade para lidar com esse momento tão difícil. Estamos em crise e, como supramencionado, reagimos de maneiras diferentes. Maya Angelou tem uma frase que acredito ser pungente para este momento de nossas vidas: “Você não pode controlar todos os eventos que acontecem com você, mas você pode decidir a não ser reduzido por estes eventos” (You may not control all the events that happen to you, but you can decide not to be reduced by them).

Não podemos nos autorizar a sucumbir nesta crise pandêmica e o processo de luto é a possibilidade de respondermos a toda situação que vai na contramão de nossas expectativas e desejos.

Elizabeth Kübler-Ross, uma das autoras que faz parte do acervo de minhas diretrizes nos estudos sobre luto, foi uma profissional que se dedicava ao acompanhamento de pacientes na proximidade da morte. Kübler- Ross (1997) propõe fases do lidar com o luto: choque, negação, revolta e raiva, luto e dor, barganha com Deus, tristeza, aceitação (p.161). Mas, como percebo o luto como processo de crise existencial, explicarei a compreensão sobre este processo.

No luto não usamos maquiagem

“No luto não usamos maquiagem” -, é a frase recorrente que menciono em meus cursos. Digo isso, pois acredito que o luto é o momento mais puro que a pessoa pode se apresentar. A dor do luto não nos permite mascarar o que sentimos. Cada um enfrentará sua travessia de sofrimento. Para tanto, é preciso considerar alguns sentimentos que fazem com que a gente sinta que está no primeiro carinho de uma montanha russa.

Em virtude de a morte de alguém que amamos trazer impactos que não temos dimensão de suas consequências, não é raro ouvir que ao receberem a notícia de morte, alguns relatam o momento do choque. Nesta fase, o enlutado vive um período de estado de ameaça constante no qual existe uma confusão acerca da realidade e descrença de que aquilo está realmente acontecendo. Podemos dizer que, nesse momento, ocorre uma sensação semelhante a uma anestesia, uma proteção do próprio organismo para ajudar o enlutado a dar os primeiros passos nessa nova realidade. Nesse sentido, também não devemos julgar quem nega, pois “o sentido pertence ao ‘sentidor’, aquele que sente a dor” (Fukumitsu, 2014, p. 59).

Lidar com situações que nos fazem sentir impotentes provoca raiva. Nessa direção, é comum que pessoas em processo de luto se dê conta de sua indignação em relação ao que foi impactado. O organismo produz uma substância chamada novocaína, que é responsável por eliminar aquele amortecimento temporário inicial. Desaparecendo a sensação de anestesia, a pessoa começa a ter de lidar com a sensação de agonia física e mental. Dessa forma, a fadiga e dificuldade de executar tarefas simples são expressivas neste momento. Sendo assim, a pessoa em luto tenta resguardar as poucas energias que lhe parecem restar. Quando a pessoa não consegue mais executar as tarefas comuns do seu dia a dia, se sente prostrada e sem motivação para continuar, é um sinal de alerta para buscar ajuda profissional.

Quais são as principais dificuldades no processo de luto?

Certo dia, ouvi Teresa Vera Gouvêa dizendo que atualmente não se fala mais sobre “aceitação do luto”, mas sim, em “adaptação à situação adversa”.

No caso específico da pandemia que estamos vivendo, a sensação de incerteza e incapacidade toma conta de muitas pessoas. Uma mudança brusca na realidade conhecida pode ser relacionada com o luto, pois houve a perda do mundo presumido. Isso quer dizer que o luto se aplica não só ao falecimento de um ente querido, mas também acontece em situações de mortes simbólicas, tais como, a mudança de estilo de vida como a que estamos vivenciando com a pandemia.

Aceitar o que aconteceu não significa concordar com o evento. A pessoa enlutada busca forças para lhe dar impulso para a nova configuração da vida que se instala. A mudança nas atitudes é lenta e gradual, e a reapropriação de atitudes e a restauração de nossa existência vêm aos poucos.

A passagem da transformação da dor em amor ou processo de extrair flor de pedra se inicia.

Extrair flor de pedra é, portanto, a possibilidade de a pessoa exercitar sua capacidade de transcendência. Ou seja, quando a pessoa extrai o conhecimento que não aprendeu com ninguém e apresenta uma ação criativa para oferecer algo generoso e amoroso para a humanidade, por exemplo, quando uma pessoa oferece cuidados que nunca recebeu aos outros, encontrando assim, um sentido para sua vida (Fukumitsu, 2019, p. 189).

Nesse sentido, extrair flor de pedra significa perdoar a si mesmo por ter de lidar com a situação e aceitar que a perda de fato aconteceu representa esforço hercúleo e que nos auxilia a resgatar os bons momentos que a morte não é capaz de furtar.

O luto envolve um longo caminho a ser trilhado e a passagem por vários momentos áridos. Não existe um prazo para superar o luto, tampouco uma fórmula para se viver a experiência do luto, porque isso varia significativamente de uma pessoa para outra. A dor une e muitas vezes, buscar um profissional da área de saúde mental pode ajudar.

Parkes (1998, p.22-3) ensina que a dor do luto é tanto parte da vida quanto a alegria de viver; é, talvez, o preço que pagamos pelo amor, o preço do compromisso. Ignorar este fato ou fingir que não é bem assim é cegar-se emocionalmente, de maneira a ficar despreparado para as perdas que irão inevitavelmente ocorrer em nossa vida, e também para ajudar os outros a enfrentar suas próprias perdas.

O processo de luto faz com que a pessoa perceba que existem enfrentamentos diversos e que novas possibilidades devem ser estabelecidas para que a vida continue. Nunca somos os mesmos após uma perda, seja ela real ou simbólica. A vida é arte que leva tempo para continuar a viver, construindo novos laços e guardando na memória os bons momentos e a experiência que a pessoa falecida proporcionou. Repito. Nenhuma morte deve furtar as histórias e as experiências que tivemos com quem partiu.

Se você está passando por um processo de luto ou conhece alguém nessa situação, busque orientação profissional.

Karina Okajima Fukumitsu é psicóloga, psicopedagoga e Pós-doutorado e doutorado em Psicologia pelo Instituto de Psicologia (USP). Mestre em Psicologia Clínica pela Michigan School of Professional Psychology. Coordenadora da Pós-graduação em “Suicidologia: Prevenção e Posvenção, Processos Autodestrutivos e Luto” da Universidade Municipal São Caetano do Sul. Coordenadora, em parceria, da Pós-graduação “Morte e psicologia: promoção da saúde e clínica ampliada”; coordenadora, em parceria, da Pós-graduação “Abordagem Clínica e Institucional em Gestalt-terapia” da Universidade Cruzeiro do Sul. Membro-efetivo do Departamento de Gestalt-terapia do Instituto Sedes Sapientiae e co-editora da Revista de Gestalt do Departamento de Gestalt-terapia do Instituto Sedes Sapientiae. Podcaster “Se tem vida, tem jeito”. Consultora ad hoc do hospital Santa Mônica.

Mitomania: necessidade de mentir compulsivamente, por Andréa Ladislau*

A mania de mentir pode ser muito mais grave do que parece: é o que chamamos de mitomania. É comum ter um amigo, parente ou conhecido que sempre inventa uma mentira, uma viagem que não fez ou uma história que nunca aconteceu. Um transtorno caracterizado pela compulsão de mentir, onde o indivíduo, inconscientemente, mente com grande frequência. Existe um prazer enraizado na criação de suas próprias histórias.

E qual seria a razão para esse tipo de comportamento? Existem dois possíveis motivos para que alguém recorra às mentiras, um deles é o medo. Na grande maioria das vezes, o indivíduo mente porque tem medo de enfrentar a sua própria realidade. Ou medo de perder alguém, além do perder afeto e reconhecimento. Uma outra razão possível é a ambição.

O transtorno da mitomania pode ser desencadeado por transtornos de personalidade, doenças neurológicas ou psiquiátricas – mas nem sempre está ligado a alguma doença. E o que vai diferenciar este transtorno de uma simples mentira é a intensidade e a frequência. Quando mais se mente, mas sente a necessidade de mentir. Fazendo elos entre as histórias inventadas.

As consequências da mitomania na vida de uma pessoa podem ser muito sérias, como o fim de relacionamentos amorosos e até a perda de emprego. Ao perder o controle sobre as histórias fantasiosas que inventa, a pessoa acaba se complicando nos relacionamentos pessoais e profissionais por não ter sustentação para suas mentiras. Além disso, quando são descobertas as mentiras é comum que o afastamento do mitomaníaco ocorra por pessoas próximas, fazendo com que este sinta-se rejeitado, agravando ainda mais seu quadro psíquico.

O transtorno pode ser tratado, mas os métodos utilizados no tratamento dependem da gravidade do quadro do paciente. Antes de se controlar a mitomania, o indivíduo deve passar por uma investigação terapêutica que irá identificar as doenças psiquiátricas que possam estar associadas a este transtorno, motivo pelo qual a terapia é fundamental para tratar a mitomania. Em alguns casos onde os níveis estão elevados, também é indicado o uso de intervenção medicamentosa. Os antidepressivos entram com a função de reforçar a confiança e autoestima desse indivíduo, bloqueando a necessidade de aceitação e eliminando as angústias oriundas pelo sentimento de rejeição.

É de suma importância estar atento às crianças. É normal que elas mintam. Esse comportamento fantasioso faz parte do universo infantil quando o amadurecimento pessoal começa a ser formado. Porém, o que parece uma atitude ingênua pode tornar-se um problema sério na juventude, quando este jovem começa a se assumir como indivíduo e passa a sustentar relacionamentos sociais adultos.

Também chamada de “síndrome de Pinóquio”, percebemos que existe consciência sobre aquilo que está sendo feito, porém, o mentiroso encara o hábito como uma “mentira boa ou inofensiva”. Fato é que essa doença surge como sintomas de outras questões psicológicas, a exemplo da depressão e outros problemas emocionais como: a necessidade de atenção e o medo da rejeição. Os mentirosos, em geral, são tidos como contadores de histórias. Precisam sentir-se superiores aos demais e, para isso, contam histórias de sua bravura, popularidade e grandes feitos. Ou mesmo mentem para esconder erros e falhas. No entanto, não existe neste comportamento qualquer indício de culpa ou responsabilidade.

Para manter sua “vida grandiosa” aos olhos dos outros, adotam o plágio como uma parte integrante de suas ações. Ao contar uma mentira após a outra, podem não perceber que disseram a mesma mentira para a mesma pessoa mais de uma vez. Cada vez que se conta a mesma mentira, o conceito básico irá permanecer, sendo apenas os personagens, local e data da ocorrência modificados.

Ficam evidentes razões como a baixa autoestima, o déficit de atenção, a hiperatividade e o transtorno bipolar como umas das principais razões que podem transformar um indivíduo em um mitomaníaco ou portador da “Síndrome de Pinóquio”. Uma das molas presentes nesta alteração comportamental é o complexo de inferioridade que impulsiona a pessoa a inventar histórias, fazendo-a acreditar que desta maneira poderá se tornar mais importante e apreciada pelo outro. Indivíduos com alterações severas de humor, oscilando entre a depressão e a agitação (típico comportamento maníaco), bem como os dependentes e viciados em drogas ou jogos, são fortes candidatos a se tornarem mitomaníacos. Os dependentes, por exemplo, precisam mentir – na grande maioria dos casos – para fugir de situações difíceis, como problemas financeiros.

Portanto, a incapacidade de enfrentamento da realidade desencadeia neste ser humano a sentimentos de negação, contribuindo para que a mentira seja uma muleta em sua vida, construída a partir das fantasias criadas. A medida que percebem os “falsos ganhos” com este comportamento, passam a alimentar suas mentiras compulsivamente. Seu maior objetivo é levar a atenção do outro para longe da realidade em que vivem. Por isso, dizemos que o mitomaníaco acredita em sua própria mentira. Por mentir tanto, passa a confundir o que é real do que é fantasioso. Mas tenhamos muita cautela, pois o diagnóstico dessa patologia deve ser minucioso e realizado por profissional de saúde mental adequado.

Quem sofre com a mitomania, a mentira patológica, apresenta transtornos de personalidade narcisista e antissocial. Quando tratadas prematuramente, essas características, notadas a partir de observações criteriosas, diminuem o risco de evolução da doença – visto que é extremamente importante o desenvolvimento da elevação da autoestima, a potencialização de valores e forças, além do enfraquecimento do medo da rejeição e do abandono. Para conseguir uma melhor qualidade de vida, se faz necessária a promoção de sentimentos positivos e um melhor gerenciamento das emoções, assim a mentira compulsiva deixa de fazer parte da realidade do indivíduo – libertando-o da Síndrome de Pinóquio.

*Andrea Ladislau é psicanalista; doutora em Psicanálise, Membro da Academia Fluminense de Letras. Pós Graduada em Psicopedagogia e Inclusão Social. Professora na Graduação em Psicanálise, Embaixadora e Diplomata In The World Academy of Human Sciences US Ambassador In Niterói. Professora Associada no Instituto Universitário de Pesquisa em Psicanálise da Universidade Católica de Sanctae Mariae do Congo. Professora Associada do Departamento de Psicanálise du Saint Peter and Saint Paul Lutheran Institute au Canada.

Psiquiatra Marco Antônio Abud promove aulas online gratuitas sobre ansiedade e depressão

Para aproveitar o período de alerta que ocorre no mês da conscientização sobre a saúde mental, denominado Janeiro Branco, o psiquiatra Marco Antônio Abud – responsável pelo canal Saúde da Mente, no YouTube, o maior do Brasil sobre o tema, com mais de 1,3 mi de inscritos – promove dois cursos on-line gratuitos voltados a pessoas interessadas em técnicas de controle da ansiedade e formas de lidar com a depressão.

“É uma forma não só de levar conhecimento sobre o tema, como também pode ser um primeiro passo para que essas pessoas tomem consciência sobre si mesmas para conseguirem lidar com essas questões. É importante ressaltar que a ansiedade e depressão são condições que afetam a maioria da população em algum nível e não devem ser tratadas como tabus”, explica Abud.

O médico desenvolveu técnicas para promoção da melhora da qualidade de vida de seus pacientes após anos de estudos e pautado pela sua própria experiência com a ansiedade. Aos 22 anos, o psiquiatra enfrentou sua primeira crise e, diante dos aprendizados como indivíduo e profissional, criou técnicas para ajudar a população em geral a lidar com essas barreiras.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a depressão afeta 322 milhões de pessoas no mundo – no Brasil, os números chegam a 11,5 milhões e de acordo com o órgão, a doença será a mais comum entre a população até 2030. Além disso, em 2019 outro dado importante foi revelado: o Brasil é considerado o país mais ansioso do mundo, com cerca de 18,6 milhões de brasileiros sofrendo com o transtorno (9,3% da população).

De acordo com Abud, aulas e workshops online são uma maneira de oferecer conteúdo de qualidade sobre os temas de maneira acessível a todas as classes sociais. “É a minha forma de levar conhecimento sobre esses assuntos o mais longe possível, para pessoas das mais variadas origens e condições financeiras, com respaldo médico científico”, explica.

Como funcionarão as maratonas de aulas

Shutterstock

Atualmente, em tempos de pandemia, o isolamento se tornou uma medida de segurança para conter o coronavírus. A distância de amigos, familiares e pessoas do convívio social faz parte da realidade de inúmeras pessoas do mundo inteiro e tal fator, somado também ao luto (já são mais de dois milhões de mortes registradas mundialmente pela doença), vem agravando ainda mais a situação tanto de quem já sofria com transtornos mentais quanto de quem passou a desenvolvê-los.

Com o objetivo de ampliar o debate sobre a saúde da mente e qualidade de vida de forma democrática, as maratonas/ workshops se dividirão entre os temas ansiedade e depressão, ambos com quatro aulas gravadas que serão disponibilizadas às 10h da manhã, nos dias 17, 19, 21 e 24 de janeiro. Ocorrerão também aulas complementares ao vivo com o Dr. Marco nos dias 18, 20, 22 e 24.

A Maratona Livre da Ansiedade, que já conta com 57 mil inscritos, será focado nas pessoas que desejam conhecer os diferentes tipos do transtorno e suas crises, além de aprender a controlar a crise de ansiedade de forma prática e assim, conquistar uma vida mais harmônica e equilibrada, com mais felicidade, tranquilidade e redução do estresse.

Para participar, basta se inscrever no site clicando aqui.

Além disso, na aula do dia 24 de janeiro, Abud abrirá inscrições para uma nova turma do Treinamento para Mentes Ansiosas. Já na Maratona Supere a Depressão, que já possui 12 mil inscritos, o foco será desvendar e entender como e porque o transtorno ocorre, entendendo seu diagnóstico e as melhores formas de tratamento.

O objetivo é que, a partir do conteúdo proposto, o público possa aprender a lidar com a doença e assim, conquistar mais qualidade de vida, vitalidade, segurança em si mesmo e melhorar os relacionamentos. Para participar, basta se inscrever no site, clicando aqui.

Além disso, os participantes terão a oportunidade se inscreverem na nova turma do Treinamento para Mentes Depressivas, cuja inscrição também será liberada na aula do dia 24 de janeiro.

Abud frisa que as aulas das maratonas são um primeiro passo para o entendimento sobre os temas e estimulam o autocuidado, o que é especialmente válido para pacientes com sintomas leves e moderados, que possivelmente não precisam de medicação para tratar a condição.

“O autocuidado é um conjunto de estratégias que as pessoas podem colocar em prática para lidarem melhor com seus pensamentos, sentimentos e relações e, assim, melhorarem o bem-estar geral. No caso da saúde mental, é essencial estar alinhado aos estudos e práticas que auxiliam no controle de transtornos, como ansiedade e depressão. No entanto, nem sempre é possível fazer esse controle sozinho e buscar um tratamento adequado, começando por um psiquiatra ou psicólogo, se torna essencial”, finaliza o médico.

A mania de controlar tudo que afeta severamente o equilíbrio emocional do ser humano*

Já parou para pensar se você está sofrendo por alimentar uma mania de controle? Por que desejamos controlar tudo? Na verdade, existe uma linha muito tênue em promover ou não uma justificativa para a mania de controle. A grande questão é que a necessidade em ter o controle das situações nas mãos é um sentimento intrínseco de nossa espécie. Tudo o que é externo, e nos foge ao controle, gera insegurança e medo – e nos faz sentir vulneráveis.

Essa sensação pode desencadear uma falsa ilusão de segurança, além de colaborar para que acreditemos que nossas ações e pensamentos são sempre superiores aos do outro, quando, na verdade, nossa necessidade por controle só reflete nossas próprias inseguranças e a falta de confiança que, inconscientemente, depositamos no outro e em nós.

Não podemos dizer que essa mania é justificável, pois tudo o que causa dor e sofrimento perde sua capacidade de aceitação. Estudos comprovam que a busca pelo controle pode refletir uma neurose por felicidade constante – uma vez que o ser humano tem a ilusão de que, quando o outro e todas as coisas estão dominadas ou sob o seu controle, não haverá possibilidades de riscos de resultados negativos. O grande problema é que não existem garantias de que a todo momento poderemos ter o controle total sobre o universo a nossa volta. Só podemos controlar nossas ações, não controlamos o tempo e nem os sentimentos e atitudes do outro. E é por isso que, por vezes, nos frustramos e experimentamos o sentimento de angústia.

As pessoas que quererem ter o controle de todas as situações vivem um dilema interno consigo mesmas, pois estão sempre frustradas por não terem suas expectativas atendidas. Podem, psiquicamente, apresentar distúrbios de alteração de humor, irritabilidade excessiva, estresse elevado e até desenvolvem transtornos depressivos. Apresentam grande dificuldade para lidar com críticas e podem ser totalmente inflexíveis, por estarem sempre tentando interferir no livre-arbítrio do próximo. São indivíduos capazes de oprimir a identidade do outro em função de sua característica dominadora, além de tentarem a todo custo centralizar tudo. Ou seja, por todo o exposto, quem possui este perfil e a mania de querer controlar tudo acaba sofrendo muito porque está sempre em estado de tensão. Sempre desesperado para saber se tudo sairá conforme suas expectativas. E quando isso não acontece, é invadido pelo amargo gosto da frustração e da decepção.

As palavras de ordem aqui são: equilíbrio e controle emocional. O autoconhecimento te faz entender que, na realidade, é impossível controlar tudo. Se faz necessário um melhor gerenciamento de seus sentimentos, pensamentos, emoções e ações. Desta maneira, fica mais claro perceber o que está fora do seu alcance e, assim, não correr o risco de empregar energia em algo que não irá trazer resultado. Saber separar, por meio de atitudes conscientes, o que eu posso controlar e o que não faz parte do meu autocontrole. O desapego a esta necessidade de controle é o que irá propiciar uma vida mais equilibrada, mais leve e sem pressões internas e, principalmente, sem o elemento culpa. Culpa porque quando o indivíduo percebe que algo deu errado e que perde o controle da situação, ele se enche de frustração e de culpa. Começa a povoar a mente com cobranças excessivas que aumentam ainda mais seu estresse e a sua ansiedade.

Ilustração: Kabaldesch0/Pixabay

Existem muitas situações as quais tentamos controlar em vão, pois tudo o que é externo a nós é incontrolável e imprevisível. Não controlamos, por exemplo, as palavras do outro, os sentimentos alheios, as decisões, ações e esforços das pessoas a nossa volta (sejam elas íntimas ou não). Nem o tempo é controlado por nós. No fundo, o que precisamos desapegar e abandonar é o orgulho e o delírio que alimentamos de acreditar que tudo vai ser como queremos, como planejamos em nosso inconsciente.

Aprender a não sofrer pela falta de controle, tolerando a sensação de incerteza que é intrínseca ao ser humano, sem dúvida é um de nossos maiores desafios. Faz parte do curso natural da vida não conseguir conduzir ou controlar tudo. Não somos seres onipresentes, onipotentes ou oniscientes. É necessário que tenhamos e possamos aceitar nossa infinita necessidade de autoconhecimento e aperfeiçoamento pessoal que nos garanta ordenação da vida, de forma a crescermos com as oportunidades e adversidades apresentadas à partir de um enfrentamento consciente. No entanto, o gerenciamento das emoções pode contribuir de maneira positiva na tarefa contínua de domínio dessa sensação de insegurança causada pela percepção de que não podemos controlar tudo.

Algumas ações individuais garantem o equilíbrio de sua saúde mental e um maior controle emocional em busca de uma vida saudável, como por exemplo: tentar não abraçar tudo para si; evitar centralizar tudo a ponto de se sufocar e aumentar sua ansiedade; aprender a delegar; não ser imprudente a ponto de se colocar acima dos desafios; ter humildade para reconhecer que não se sabe e não se pode tudo; não sucumbir à histeria e neurose coletiva de que é necessário ser perfeito e não se pode errar nunca; aceitar suas deficiências e fortalecer suas qualidades; aprender a exprimir novos significados para seus próprios resultados; permitir-se ousar e experimentar a sensação do descontrole ( por mais desconfortável que possa parecer). Sem medo de errar, se esses pontos forem observados e trabalhados, o indivíduo poderá aprender muito e se conhecer muito mais – entrando até em um processo adaptativo que promova gatilhos para que consiga se sentir mais feliz e menos vulnerável às adversidades.

Portanto, ao abrir mão do controle, relaxar e administrar apenas o que está ao seu alcance de ser administrado e controlado, o ser humano consegue ter mais domínio sobre si mesmo. Isso porque instala-se um equilíbrio emocional, reflexo da ausência de tensão interna que, naturalmente, torna-o mais leve e menos pressionado. Fato é que o primeiro passo deve ser dado: parar de pressionar a si mesmo. Em seguida, eliminar crenças enraizadas que valorizam os seus “tem que” e os “devo”.

Além de parar de se cobrar e de querer controlar com sua mente tudo o que acontece ao redor. Perceba que sua responsabilidade é cuidar de si mesmo. Se sua cabeça anda mal, certamente ficará difícil administrar sua casa, seus filhos ou seus negócios. Melhore seus pensamentos e emoções e se deixe um pouco mais à vontade, sem a rigidez que você mesmo se impõe. Permita-se! Seu corpo vai agradecer, sua saúde mental e sua vida podem se equilibrar e o resultado, acredite, será um maior controle emocional – sem culpas e sem cobranças.

Foto: Pedro Costa

*Andrea Ladislau é psicanalista; doutora em Psicanálise, Membro da Academia Fluminense de Letras. Pós Graduada em Psicopedagogia e Inclusão Social. Professora na Graduação em Psicanálise, Embaixadora e Diplomata In The World Academy of Human Sciences US Ambassador In Niterói. Professora Associada no Instituto Universitário de Pesquisa em Psicanálise da Universidade Católica de Sanctae Mariae do Congo. Professora Associada do Departamento de Psicanálise du Saint Peter and Saint Paul Lutheran Institute au Canada.

Livro Vida Após o Suicídio é voltado àqueles que foram impactados pela perda

Criado para divulgar a importância da prevenção do suicídio, o Setembro Amarelo é também oportunidade para destacar a pósvenção: os cuidados especiais com aqueles que foram impactados pela perda de um familiar ou amigo que decidiu tirar a própria vida. Você já pensou nisso?

Aos sentimentos de rejeição e culpa por não ter conseguido evitar o suicídio de um ente querido se soma a culpa que os outros costumam imputar às pessoas mais próximas de quem se matou. E assim aumentam o trauma e a vergonha relacionados ao suicídio na nossa sociedade. A pósvenção, portanto, não deixa de ser uma forma de prevenção, por minimizar o risco de comportamento suicida em quem vive esse tipo de luto tão complicado e estigmatizado.

A famosa médica Drª Jennifer Ashton – figura frequente nos programas de TV norteamericanos Good Morning America, The Dr. Oz Show e The Doctors – viveu tudo isso na pele, quando o pai de seus filhos se suicidou em fevereiro de 2017, logo após assinarem o divórcio. O livro “Vida Após Suicídio”, em que conta sua perda pessoal e as etapas da recuperação dela e dos filhos, chega este mês ao Brasil pela Editora nVersos.

O objetivo da autora com a obra é estender a mão a tantos milhares de pessoas ao redor do planeta que vivem essa dor. Em 2016, foram 800 mil mortes por suicídio no mundo – em média, um a cada 40 segundos -, segundo o último levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS). Para cada caso, calcula-se que de seis a dez pessoas (amigos e familiares) são direta e significativamente impactadas.

O suicídio não tem preconceito, atinge todas as classes sociais, todas as culturas, todas as idades. E é hoje uma questão mundial de saúde pública. Em mais de 90% das vezes, os suicídios estão associados a doenças mentais (principalmente depressão, bipolaridade, esquizofrenia, dependência química e alcoólica), que também costumam ser pouco compreendidas pela sociedade.

Jennifer Ashton relata sua vivência e as histórias de vários outros “sobreviventes do suicídio” com quem conversou, com respeito e compaixão por aqueles que decidiram partir. Seu livro é um espaço seguro e acolhedor para quem precisa de coragem para seguir em frente com sua vida. Sua missão é romper tabus e fortalecer as redes de apoio que encontrou quando precisou para oferecer o mesmo conforto a qualquer um que, de repente, se encontre na mesma situação.

 Vida Após Suicídio – Encontrando coragem, conforto e acolhimento após a perda de uma pessoa querida
Autora: Jennifer Ashton, M.D.
Editora: nVersos
Nº de páginas: 208
Formato: 14 cm x 21 cm
Acabamento: Brochura
Preço: R$ 42,00