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Cannabis medicinal é eficaz no tratamento da endometriose

Mulheres possuem grande quantidade de receptores da substância nos órgãos reprodutivos

No Brasil, a endometriose acomete cerca de 15% das mulheres, ou seja, 6,5 milhões de brasileiras por ano. O tratamento da dor secundária da endometriose constitui um desafio histórico na prática clínica e muitos destes tratamentos são à base de hormônios, com uma série de efeitos colaterais.

Segundo artigo da Medical Cannabis Network, os órgãos pélvicos femininos possuem uma densidade muito alta de receptores canabinm0ides, fazendo com que o tratamento da endometriose com medicamentos à base de cannabis seja promissor, principalmente nos sintomas desse distúrbio. “Os receptores canabin0ides são locais onde as substâncias medicinais da planta se ligam e produzem seus efeitos medicamentosos”, explica Maria Teresa Jacob, médica que atende pacientes com a cannabis medicinal.

A Cannabis tem sido utilizada para tratar várias complicações ginecológicas e outras doenças em todo o mundo, pois restabelece o equilíbrio do organismo com menor incidência de efeitos colaterais. “A endometriose, patologia relativamente frequente entre mulheres na fase reprodutiva, compromete enormemente a qualidade de vida pela dor severa e por complicações genitourinárias. Estudos demonstram que a cannabis atua na melhora da dor, com recuperação da qualidade de vida e diminuição de complicações”, completa a médica, que também é especialista em dor crônica.

Os fitocanabinoides, substâncias presentes na cannabis, apresentam alívio para diversos incômodos que acometem as mulheres, sendo uma alternativa mais eficaz e menos invasiva. “Estudos anteriores sugerem que a cannabis tem a capacidade de mitigar problemas de sono, irritabilidade e dor nas articulações, portanto, pode desempenhar um papel significativo em alguns dos sintomas associados à tensão pré-menstrual”, apontam no artigo.

A utilização da cannabis como medicamento não é de hoje, inclusive era receitada pelo médico inglês Sir Reynolds para tratar as cólicas menstruais da rainha Vitória, no século 19. Reynolds foi responsável pela primeira publicação sobre o uso da planta para dor, seus efeitos terapêuticos e adversos na revista científica Lancet, em 1890. “Da mesma forma, observa-se melhora na tensão pré-menstrual, nas cólicas menstruais, nos sintomas indesejáveis da menopausa, nas dores pélvicas crônicas e no desempenho sexual”, finaliza Maria Teresa.

Fonte: Maria Teresa Jacob é formada pela Faculdade de Medicina de Jundiaí. Pós-graduanda em Endocannabinologia, Cannabis y Cannabinoides na Universidade de Rosário, Argentina. Residência médica em Anestesiologia no Instituto Penido Burnier e Centro Médico de Campinas. Especialista em Anestesiologia, Título de Especialista em Acupuntura e Título de Especialista em Dor. Especialização em Dor, na Clinique de la Toussaint em Strassbourgo, França, Cannabis Medicinal e Saúde, na Universidade do Colorado, Cannabis Medicinal. Membro da Society of Cannabis Clinicians (SCC), da International Association for Canabinoid Medicines (IACM), da Sociedade Internacional para Estudo da Dor (IASP), da Sociedade Brasileira para Estudo da Dor (SBED), da Sociedade Internacional de Dor Musculoesquelética (IMS) e da Sociedade Europeia de Dor (EFIC). Atua no tratamento de Dor Crônica desde 1992 e há alguns anos em Medicina Canabinoide em diversas patologias na Bem – Centro de Saúde e Bem Estar, Campinas.

Mês de Conscientização da Esclerose Múltipla: cannabis medicinal ajuda a reduzir os sintomas

Dor e espasticidade são os sintomas com mais evidências científicas relacionadas aos benefícios do tratamento com cannabis medicinal

No dia 30 de agosto comemora-se o Dia Nacional de Conscientização da Esclerose Múltipla desde 2006 e desde 2013 a Associação Amigos Múltiplos pela Esclerose (AME) colore o Brasil de laranja com a campanha Agosto Laranja, para dar mais visibilidade à doença e seus impactos na vida das pessoas. Trata-se de uma doença neurológica, crônica e autoimune na qual as células de defesa do organismo atacam o próprio sistema nervoso central, provocando lesões no cérebro e na medula. De causa desconhecida, a doença acomete pacientes geralmente jovens, em especial mulheres de 20 a 40 anos.

Segundo a Federação Internacional desta enfermidade, a esclerose múltipla não tem cura e pode manifestar-se por sintomas como: fadiga intensa, depressão, distúrbios visuais, fraqueza muscular, alteração do equilíbrio e da coordenação motora, dores articulares, disfunção intestinal e da bexiga. Atualmente, mais de 2,5 milhões de pessoas em todo o mundo tem Esclerose Múltipla (EM). No Brasil, estima-se que 300 mil pessoas tenham a doença.

“Entre os sintomas mais presentes no paciente com esclerose múltipla estão a fadiga, a dor neuropática e a espasticidade. Esses fatores podem ter um grande impacto na qualidade de vida e atividades diárias de quem é diagnosticado. Existem estratégias eficazes de gestão desses sintomas, incluindo medicamentos e outras terapias, que podem ajudar a manter a mobilidade e uma vida com qualidade”, esclarece Bruna Rocha, vice-presidente da AME.

A espasticidade pode ser um sintoma da esclerose múltipla que faz com que os músculos fiquem rígidos, pesados e difíceis de se mover. O espasmo é um endurecimento repentino de um músculo, que pode vir acompanhado da dor.

Segundo o neurologista Gabriel Micheli, gerente Médico Científico da Health Meds, a cannabis medicinal apresenta benefícios no tratamento de sintomas como dor, espasticidade e disfunção de bexiga em pacientes com esclerose múltipla. “É uma alternativa de tratamento para pacientes que não respondem a outros tipos de opções terapêuticas, pois apresenta eficácia e perfil de efeitos adversos menos limitadores, principalmente relacionados a cognição e humor”, explica.

Em uma meta-análise que avaliou dezessete estudos de derivados de cannabis, incluindo 3.161 pacientes, as descobertas evidenciaram eficácia significativa nos participantes tratados com canabinoides versus placebo. Na avaliação sobre a espasticidade, o resultado foi 30% superior em relação aos pacientes que receberam placebo, já nas evidências da dor, a resposta chegou a 30% também. O levantamento apontou, ainda, que os participantes que apresentavam disfunção de bexiga obtiveram melhora de até 20% nos sintomas. Os efeitos colaterais foram em sua maioria brandos e o tratamento foi bem tolerado pelos participantes. O estudo foi publicado na Jama Neurology, em 2018.

Especialistas do mundo todo buscam respostas sobre qual seria a forma de atuação da cannabis nos sintomas que os resultados apresentam maior evidências. “O que podemos afirmar, no momento, de forma simples para facilitar a compreensão de todos, é que a cannabis medicinal tem múltiplos mecanismos de ação nos neurônios do Sistema Nervoso Central e periférico que promovem benefícios, principalmente, na dor e na espasticidade em pacientes com esclerose múltipla”, explica Micheli.

Perspectivas futuras

O neurologista revela que existem estudos em andamento para analisar a resposta do tratamento com canabigerol (CBG) na esclerose múltipla com a avaliação da melhora dos processos inflamatórios destes pacientes. “Diversos estudos pré-clínicos apontam o CBG como potencial substância no tratamento de doenças inflamatórias, como a esclerose múltipla.”

Entenda a Cannabis Medicinal

A cannabis medicinal possui mais de 480 substâncias químicas, sendo que 150 destes compostos, denominados fitocanabinoides, são os mais estudados, com o THC (Tetrahidrocanabinol), o CBD (Canabidiol) e o CBG (Canabigerol). Eles são capazes de ativar receptores canabinoides (CB1 e CB2) em diversos tecidos dos nervos periféricos, Sistema Nervoso Central (SNC) e sistema imunológico. Esse funcionamento complexo é responsável por uma série de funções fisiológicas, incluindo a memória, o humor, o controle motor, o comportamento alimentar, o sono, a imunidade e a dor.

Com base em estudos variados em fase II, fase III ou observacionais, as principais indicações para o uso de produtos de cannabis são ansiedade, demência com agitação, distúrbios do sono secundários a doença neurológica, doença de Parkinson (sintomas não-motores), dor crônica, epilepsia farmacorresistente, esclerose múltipla (sintomas urinários, dores, espasticidade), esquizofrenia, síndrome de estresse pós-traumático e Síndrome de Tourette.

Agosto Laranja – AME

Em 2021, o Agosto Laranja na AME trará o conceito do #DireitoADignidade na esclerose múltipla em diferentes abordagens, para que as pessoas com EM possam se expressar, mostrando para o mundo que a dignidade também é um direito para quem convive com essa condição. Para saber mais, clique aqui.

“Trabalhamos para a conscientização sobre a esclerose múltipla, para incentivar a detecção precoce e a melhora da qualidade de vida de quem tem o diagnóstico. Fazemos isso o ano todo, mas durante o Agosto Laranja intensificamos nossas ações para disseminar informação de qualidade e alcançar um número maior de pessoas. Este ano nosso vamos abordar de forma ampla o direto à dignidade com foco em acesso, apoio e acolhimento”, conclui Bruna.

Fonte: Health Meds

Cannabis medicinal pode auxiliar o tratamento de quem tem Fibromialgia

Fibromialgia e a cannabis medicinal – por Maria Teresa Jacob*

Um artigo publicado na Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos mostrou que a cannabis medicinal é uma opção eficaz de tratamento para a fibromialgia. O estudo utilizou a substância para verificar a melhora na intensidade da dor de 367 pacientes, e 81,1% relataram melhora significativa em sua condição, o que comprova o efeito analgésico da planta.

O tratamento convencional para a doença inclui anticonvulsivantes, analgésicos, relaxantes musculares, anti-inflamatórios, opioides e medicamentos para melhorar a qualidade do sono. Os dados indicam que a cannabis medicinal pode ser uma opção terapêutica promissora para esses pacientes, especialmente àqueles que não alcançam resultados satisfatórios nas terapias farmacológicas padrão.

Segundo também o estudo, embora existam várias opções farmacológicas recomendadas para a fibromialgia, as eficácias são relativamente limitadas. Os resultados do tratamento com o uso da cannabis apontaram alto índice de melhora com baixas taxas de abandono da medicação.

Os pacientes em nosso e em outros estudos frequentemente relatam que a cannabis medicinal é mais tolerável e com menos eventos adversos em comparação com outras terapias. Semelhante a estudos anteriores, descobrimos que o uso de cannabis medicinal é seguro entre pacientes com fibromialgia. No acompanhamento de seis meses, houve uma taxa baixa de eventos adversos menores, e apenas 28 pacientes (7,6%) pararam de usar cannabis medicinal.

A pesquisa reforça que a cannabis é uma alternativa eficiente de tratamento para a fibromialgia. Entretanto, antes do médico prescrevê-la, é necessário avaliar todo o histórico do paciente e definir questões como a dose e as substâncias presentes no remédio à base da planta para o paciente em questão.

*Maria Teresa Jacob é médica especializada em dor crônica e tratamento com cannabis medicinal. Possui Título de Especialista em Anestesiologia, Título de Especialista em Acupuntura e Título de Especialista em Dor.

Cannabis medicinal pode auxiliar no tratamento de doenças respiratórias

Estudos são preliminares e apontam melhora no sistema imunológico

Com a chegada do outono, as doenças respiratórias alcançam um pico que segue em alta até junho, momento em que o clima e o ar estão mais secos. Os vírus respiratórios, que causam infecções das vias aéreas superiores – gripes e resfriados, pneumonias, crises de asma e bronquite, estão circulando com mais frequência no período. Segundo pesquisa da Universidade de Ciências Médicas de Teerã, publicada em 2018, um acúmulo de evidências sugere que o sistema endocanabinóide, através de receptores presentes no organismo (especificamente o tipo 2 – CB2) que se ligam nas substâncias presentes na cannabis (fitocanabinóides), desempenha um papel significativo na melhora de infecções respiratórias virais.

“A ação dos fitocanabinóides nesses receptores do sistema respiratório se mostra eficaz, podendo ser uma alternativa com menos efeitos colaterais no tratamento de doenças respiratórias. Vale ressaltar que cada paciente tem uma necessidade específica, sendo importantíssima a individualização do tratamento”, comenta Maria Teresa Jacob, médica que trabalha com a cannabis medicinal no alívio da dor crônica há alguns anos.

Um artigo do PubMed Central também aponta o uso do canabidiol (CBD), uma das substâncias presentes na cannabis, como um relevante anti-inflamatório nesses casos. A mesma pesquisa indica que o canabinóide pode fornecer mais benefícios neuroprotetores do que as vitaminas C e E, além de contribuir com a imunidade. A interação do CBD nos receptores endocanabinóides do organismo estimula o sistema imunológico, trazendo ainda outros alívios, como melhora na qualidade do sono e alívio de dores.

Em tempos de coronavírus, em que as taxas de ocupação dos hospitais estão elevadas, a cannabis medicinal tem sido cada vez mais explorada e pesquisada para auxiliar no tratamento de diversas patologias. “Ainda não existem muitos estudos em humanos devido aos anos de criminalização da planta, como a maioria das publicações científicas destacam. Com a mudança de classificação da cannabis na reunião da ONU em dezembro de 2020, reconhecendo o valor medicamentoso dela, mais pesquisas serão realizadas em humanos, reforçando inúmeras pesquisas realizadas in vitro e in vivo em estudos animais, que indicam o uso da cannabis inclusive para melhorar a imunidade”, finaliza Maria Teresa.

Fonte: Maria Teresa Jacob atua no tratamento de dor crônica desde 1992 e, há alguns anos, em Medicina Canabinóide para diversas patologias na clínica localizada em Campinas. Formada pela Faculdade de Medicina de Jundiaí, com residência médica em Anestesiologia no Instituto Penido Burnier e Centro Médico de Campinas. Pós-graduanda em Endocanabinologia, Cannabis e Cannabinoides pela Universidade de Rosário, Argentina. Especialista em Anestesiologia, Acupuntura e Dor. Especialização em Dor, na Clinique de la Toussaint em Strassbourgo, na França; especialização em Cannabis Medicinal e Saúde, na Universidade do Colorado e Cannabis Medicinal, no Uruguai. Membro da Sociedade Internacional para Estudo da Dor (IASP), da Sociedade Brasileira para Estudo da Dor (SBED), da Sociedade Internacional de Dor Musculoesquelética (IMS), da Sociedade Européia de Dor (EFIC), da Society of Cannabis Clinicians (SCC) e da International Association for Canabinoid Medicines (IACM).
BEM – Medicina Canábica e Bem Estar.

Pesquisas e discussões sobre o uso da cannabis para soluções terapêuticas, alimentação e outras finalidades em alta 

O Instituto científico ILSI Brasil, promoveu um webinar sobre o tema, abordando suas propriedades para uso em medicamento e alimentos

Pela facilidade de seu plantio e cultivo, a cannabis se tornou popular entre diversos povos e regiões do planeta. Hoje, a planta tem entrado novamente na pauta de vários setores. O uso medicinal dos canabinoides tem ganho destaque pelo potencial de ação em diversas condições, em especial para as doenças neurológicas e, recentemente, pela aprovação legal de uso em alguns países.

Pensando neste contexto, a Força-Tarefa Alimentos Funcionais do International Life Sciences Institute Brasil (ILSI Brasil) realizou um webinar para tratar sobre as propriedades da cannabis para uso em medicamentos e alimentos, sob coordenação científica do Professor Emérito da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, Franco Maria Lajolo. De acordo com o doutor em Farmacologia, João Ernesto de Carvalho (FCF-UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas), atualmente, diversos estudos trazem comprovações científicas que demonstram que seus princípios ativos podem ser aplicados para diversos fins.

“Os resultados dos estudos revelaram que, por exemplo, a cannabis pode ser utilizada no controle da ansiedade, distúrbio de sono, tratamento para esquizofrenia (THC), pacientes com câncer que fazem quimioterapia, para amenizar dores inflamatórias, tratamento de epilepsia e convulsões (CBD), entre muitos outros”, afirma.

Nos últimos anos, muitos estudos clínicos têm dedicado esforços em pesquisas, principalmente, por ser um mercado de potencial crescimento, como, por exemplo, nos Estados Unidos e Canadá, se tornando um setor com alta perspectiva para negócio, abrangendo muito nichos de mercado. Entretanto, ainda necessita de um controle de qualidade, garantindo máxima eficácia terapêutica. Por isso é tão importante o investimento científico, para que seja feita uma regulamentação mais ampla para a produção de produtos (alimentos) e desenvolvimento de tratamentos e remédios (medicamentos).

O Dr. José Luiz da Costa (FCF-UNICAMP), também participante do webinar, ressaltou que o mercado da cannabis tem movimentado valores bem atrativos para negócios, em países onde seu cultivo e comercialização são permitidos. Entre eles, além do extrato de canabidiol, a cannabis pode ser matéria prima para indústria têxtil, com confecção de roupas, sapatos, acessórios, entre outros objetos.

Segundo levantamento do Banco de Montreal, o mercado global de cannabis movimentou em 2018 cerca de US$ 18 bilhões. E ainda, de acordo com a Instituição, esse valor chegará a US$ 194 bilhões até 2026. Isso se o número de países que liberarem o uso medicinal e recreativo da erva não aumente mais do que o previsto. Outro mercado gigantesco é o de uso veterinário, direcionado à tratamento de pets. Além disso, há alimentos à base de cannabis, substituindo o fumo pela ingestão (uso recreativo).

Uso da erva no Brasil

No país o assunto ainda é bastante polêmico, mas é possível observar notáveis avanços, principalmente, para o uso terapêutico. Grande parte dos pacientes que necessitam do produto à base de cannabis só conseguem acesso por meio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Entre as exigências estão a comprovação por meio de prescrição, relatório médico e termo de responsabilidade, assinado tanto pelo médico quanto pelo paciente.

Dados da Anvisa relevam que as solicitações para importação também cresceram. Desde 2015, por exemplo, mais de 7.780 pacientes já tiveram essa permissão. As doenças mais citadas nos laudos médicos são epilepsia, autismo, dor crônica, Parkinson e transtornos de ansiedade.

Por enquanto, sem uma legislação que garanta o cultivo da cannabis para fins medicinais e a produção de medicamentos, os pacientes precisam recorrer a produtos importados, que não passam pelo crivo sanitário brasileiro.

Avanços no segmento

Neste ano, o país ainda contou com uma novidade, que foi o desenvolvimento do primeiro extrato canabidiol, realizado por uma parceria entre a indústria farmacêutica e cientistas da FMRP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto) da USP (Universidade de São Paulo), que há décadas pesquisam possíveis aplicações farmacêuticas para compostos derivados da planta cannabis sativa. O produto foi liberado para comercialização pela Anvisa abril, e os primeiros lotes foram entregues ao mercado em maio. Entretanto, a venda só é permitida com receita médica, conforme já acontece com calmantes, antidepressivos e outras substâncias psicoativas, que atuam sobre o sistema nervoso central.

O webinar ‘Cannabis propriedades e implicações do uso como medicamento e em alimentos’, pode ser conferido no canal do YouTube do ILSI Brasil, neste link .

Sobre o ILSI Brasil

O International Life Sciences Institute (ILSI) é uma organização mundial sem fins lucrativos, formada majoritariamente por pesquisadores e acadêmicos de renomadas instituições, cuja missão é promover ciência que melhore a saúde e o bem-estar humanos e proteja o meio ambiente. No Brasil há 29 anos, o ILSI Brasil une esforços de cientistas nas áreas de Nutrição, Biotecnologia e Avaliação de Risco. É um fórum permanente de promoção à diálogos abertos e cooperação, realizados por meio das Forças-Tarefa, que são linhas de frente de pesquisa do ILSI Brasil e desenvolvem e executam ações dentro de focos específicos.

Fonte: ILSI Brasil

Hoje é o Dia Mundial das Doenças Raras: cannabis medicinal é opção terapêutica

Hoje, 29 de fevereiro, é o Dia Mundial das Doenças Raras, criado pela Organização Mundial de Saúde* com o objetivo de chamar atenção para estas condições que afetam a mais de 13 milhões de pessoas no Brasil

Existem, atualmente, mais de 300 milhões de pessoas diagnosticadas com uma das mais de 6.000 doenças raras do mundo e que afetam entre 6% e 8% da população. Mais de 42 milhões destes pacientes estão na América Latina, sendo 13 milhões deles no Brasil.

Cada doença tem características particulares, porém há algumas características comuns a quase todas, como a presença de sintomas desde a infância, os efeitos no desenvolvimento e na qualidade de vida dos pacientes, os efeitos na expectativa de vida e, algumas vezes, o prejuízo das capacidades físicas e mentais. De acordo com a Associação Internacional de Pacientes**, na América Latina o tempo médio entre o aparecimento dos primeiros sintomas e o diagnóstico de uma doença rara é de cinco anos.

canabidiol

A falta de conhecimento torna o diagnóstico e o acesso a tratamentos adequados ainda mais difícil, razão pela qual as pessoas com doenças raras enfrentam desafios relativos aos sintomas, complicações e redução da sua qualidade de vida. O impacto vai além do paciente, envolvendo o seu círculo familiar e cuidadores.

Wellington Briques, Diretor Médico Associado Global da Spectrum Therapeutics, divisão de medicina canabinoide da Canopy Growth, afirma: “Doenças como a Síndrome X-Frágil, Síndrome de Tourette, Esclerose Tuberosa, Síndrome de Lennox-Gastaut e Síndrome de Dravet estão entre as investigadas pela comunidade científica mundial. Entre os estudos clínicos que estão sendo realizados para conhecer possíveis tratamentos, a cannabis medicinal tem sido apresentada como um dos possíveis coadjuvantes no tratamento destas condições”.

O médico, especialista em medicina farmacêutica, explica que os produtos à base de canabinoides são usados há décadas para ajudar a reduzir a dor, espasticidade, convulsões e inflamações de diferentes condições. Segundo Briques, o estudo científico “Treatment of Tourette’s Syndrome with Delta-9-Tetrahydrocannabinol***”, realizado com 24 pacientes com Síndrome de Tourette, mostrou um efeito terapêutico positivo sobre os tiques motores e vocais. Dois outros estudos recentes**** dos efeitos anticonvulsivos dos canabinoides na síndrome de Dravet concluíram que sua utilização estava relacionada com a redução da frequência das convulsões e a melhoria da qualidade de vida dos pacientes.

“Um em cada cinco pacientes de doenças raras sofre de dor crônica. As evidências científicas demonstraram que os canabinoides também podem oferecer efeitos terapêuticos na redução da dor. Um paciente melhor atendido nas suas necessidades também pode reduzir o custo da assistência médica e farmacêutica ao Sistema de Saúde do Brasil”, afirma o médico.

Brique conclui: “Temos que reconhecer o árduo trabalho das pessoas com doenças raras e das suas famílias, que tornou possível chegar ao momento atual do Brasil onde, graças ao avanço da legislação, existe a perspectiva de acesso seguro a canabinoides para o tratamento de diferentes condições de saúde”.

Presidente da Federação Brasileira de Doenças Raras (Febrararas), que representa 150 mil associados no Brasil, e da Casa Hunter, Antoine Daher, afirma que a regulação dos produtos à base de cannabis no mercado brasileiro trouxe esperança para os pacientes.

“Existe potencial terapêutico para os canabinoides em doenças raras do grupo de doenças lisossomais, que acometem a área neurológica”. Ele defende, no entanto, a realização de investigações clínicas. “É necessário agora trabalhar para que se realizem pesquisas clínicas com foco em doenças raras aqui no Brasil”.

febrararas

Neste ano, a Febrararas lançou a campanha do “Laço Raro”, símbolo da união de 13 milhões de brasileiros que convivem com uma doença rara. Para colocar o laço no perfil do Facebook basta clicar aqui.