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Dengue: confira os cuidados necessários para evitar a doença

Período de chuvas contribui para a proliferação do mosquito transmissor; no país, casos aumentaram 182% em relação ao ano passado

Com a chegada do verão, as chuvas devem ficar mais abundantes a partir do mês de dezembro, o que contribui para a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue. O inseto se reproduz em reservatórios com água parada e é responsável por transmitir outras doenças como a chikungunya e a zika.

Dados do Ministério da Saúde apontam que no Brasil, entre janeiro e outubro deste ano, são mais de 1,3 milhão de casos prováveis de dengue, um aumento de 182% em relação à 2021. A maior taxa de incidência é da região Centro-Oeste, seguida pela Sul, Sudeste, Nordeste, e por fim, Norte.

Sábado (19), o Dia Nacional de Combate à Dengue foi lembrado e a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24h Zona Leste, em Santos (SP), alerta para os cuidados necessários para se proteger da doença, que este ano já atingiu, somente no estado de São Paulo, 344 mil pessoas.

“Na UPA Zona Leste tivemos um baixo número de atendimentos relacionados à doença, com sete notificações e quatro internações. No entanto, o período de chuvas está chegando e precisamos ficar atentos para manter a eficiência das ações de prevenção e combate”, destaca o diretor Clínico da UPA, Carlos Alberto de Oliveira.

A unidade, que pertence a rede pública de saúde da Prefeitura de Santos, sendo gerenciada pela entidade filantrópica Pró-Saúde, atua como referência para urgências em Clínica Médica, Ortopedia, Pediatria e Odontologia, no litoral paulista.

A dengue é uma arbovirose causada por vírus e transmitida pela picada do inseto Aedes aegypti. Geralmente a doença não é grave e seus sintomas mais comuns são: febre, dor de cabeça, dor nos olhos, dor nas articulações, náuseas, vômitos e manchas vermelhas pelo corpo.

“Todos devemos sempre estar atentos a esta doença, pois em alguns casos, o paciente pode ter a forma mais grave, que inclui dores abdominais generalizadas, vômitos persistentes e evolução para dengue hemorrágica, quadro que necessita de atenção médica imediata e pode levar a morte”, alerta o profissional.

Boletim epidemiológico do Ministério da Saúde aponta 945 óbitos da doença em 2022, a maioria no estado de São Paulo (273), seguido por Goiás (140) e Paraná (107).

O médico explica que não existe tratamento específico para a dengue, mas é fundamental buscar assistência médica para receber o atendimento adequado. Entre os cuidados recomendados estão: repouso, ingestão de bastante água e não se automedicar.

Confira orientações para o dia a dia, que ajudam a prevenir a reprodução do mosquito e combater a dengue:

-Não deixe água parada em reservatórios, vasos de plantas, calhas, pneus, garras plásticas, entre outros;
-Substitua água por areia nos pratos dos vasos de plantas;

-Mantenha caixas d’água e piscinas cobertas;
-Evite acúmulo de lixo no seu quintal, nos arredores da casa e mantenha lixeiras trancadas;
-Faça uma revisão semanal de quintais e áreas abertas que podem conter recipientes que acumulam água;

Foto: Litoraneus

-Use roupas que minimizem a exposição da pele durante o dia, período em que os mosquitos estão mais ativos.

Foto: Pró-Saúde

Zolpidem: o excesso no uso de medicamentos como reflexo de uma sociedade doente mentalmente*

Psicanalista alerta que automedicação é um hábito comum a 77% dos brasileiros e, em excesso, pode causar sérios riscos à saúde

As mídias em geral, destacaram nos últimos dias os riscos do excesso no uso de uma medicação muito utilizada como indutor de sono: o Zolpidem. O alerta gira em torno do uso prolongado ou sem indicação médica, provocando tolerância, dependência, surtos de alucinação ou sonambulismo.

Além deste medicamento, temos uma cesta vasta de hipnóticos, ansiolíticos, antidepressivos, antipsicóticos, estabilizadores de humor, entre outros, com utilização banalizada pelo ser humano, para o tratamento de diversos quadros e sintomas psicoemocionais.

Porém, a ideia não é levantar uma bandeira de que os medicamentos são vilões, de forma alguma. Não são. Pelo contrário, são muito importantes no sucesso do combate à doenças, sejam elas físicas ou mentais.

A grande questão é: o excesso e prolongamento deste uso, além da automedicação. Se faz urgente a promoção do uso racional de medicamentos, uma vez que, a automedicação é um hábito comum a 77% dos brasileiros e, em excesso, pode causar sérios riscos à saúde, como dependência química, intoxicação e até levar à morte.

Além disso, o uso indiscriminado de medicamentos pode dificultar um diagnóstico, mascarar sintomas das doenças e criar resistência às bactérias, por exemplo. Por isso, fica o alerta: sempre que precisar, procure um médico, antes de recorrer a indicação de amigos, pesquisas no Google ou à sua caixinha de remédios favorita.

Outro fator importante, desnudado após as discussões envolvendo o uso excessivo de Zolpidem e suas consequências, é de que muitos outros remédios estão se tornando ícones de uma sociedade psiquicamente doente.

Pesquisas demonstram que, durante e após a pandemia, o consumo medicamentoso aumentou em mais de 20% em relação aos 12 meses anteriores ao período pandêmico. São milhões de caixas de remédio consumidas para dormir, acordar, emagrecer, sorrir e ficar feliz, diminuir a ansiedade, melhorar o humor, aumentar a libido, dentre outros objetivos.

E o mais assustador dos dados: o número de crianças e jovens fazendo uso regular e contínuo de medicações psiquiátricas, triplicou nos últimos dois anos. É incontestável a importância dos remédios para cura e controle do sofrimento psíquico e das doenças. Porém, tudo isso nos leva a refletir sobre os nossos limites. Afinal, todo excesso reflete uma falta. Onde estão nossas faltas e quais são elas, que precisam ser “preenchidas” apenas com medicamentos, transformando-os em muletas de apoio?

Enfim, cada indivíduo é único e, portanto, reage de maneira diferenciada aos desafios que a vida lhe apresenta. Mas cabe buscar ajuda de um profissional de saúde mental para que possa entender o que realmente está despertando gatilhos que estejam afetando seu sono, seu apetite, alterando seu humor, dificultando sua interação social, retirando seu foco e atenção, já que muitas podem ser as respostas para suas dores.

Mas, somente por meio de uma avaliação minuciosa, será capaz definir se, além de um acompanhamento psicoterápico, também será preciso administrar medicamentos específicos ao diagnóstico.

Mas tudo sempre com orientação médica e psicoterápica adequada para auxiliar na busca por hábitos mais saudáveis e na utilização racional dos fármacos. O assunto em questão deve ser levado a sério e é preciso se preservar quando a questão gira em torno dos excessos do ser humano ou, do contrário, as consequências podem ser ainda mais desastrosas.

*Andréa Ladislau é psicanalista, psicopedagoga, palestrante, administradora hospitalar, gestora comercial e membro da Academia Fluminense de Letras.

Nutricionista explica como a obesidade afeta a saúde da pessoa como um todo

A obesidade é considerada uma Doença Crônica Não Transmissível (DCNT) e uma das principais causas de mortalidade

A obesidade é uma condição caracterizada pelo acúmulo de gordura no corpo causado quase sempre por um consumo de energia na alimentação superior àquela usada pelo organismo para sua manutenção e realização das atividades do dia a dia, ou seja, a ingestão alimentar é maior que o gasto energético correspondente.

Segundo os dados da pesquisa Vigitel 2021, quase seis em cada dez brasileiros (57,25%) estavam com sobrepeso. O índice representa uma oscilação negativa pequena em relação ao ano anterior, quando ficou em 57,5%. Antes da pandemia, em 2019, a taxa era menor, de 55,4%.

A condição era maior entre homens (59,9%) do que entre mulheres (55%). Já na distribuição por faixas etárias, o problema era mais incidente nas faixas de 45 a 54 (64,4%), 55 a 64 (64%) e 35 a 44 (62,4%).

Hoje, 11 de outubro, é Dia Nacional de Prevenção da Obesidade. Fernanda Mondin, Head de Nutrição da orienteme, health tech que oferece saúde psicológica e nutricional aos colaboradores de empresas, explica que a obesidade é considerada uma Doença Crônica Não Transmissível (DCNT) e uma das principais causas de mortalidade. As pessoas com obesidade, ou seja, com Índice de Massa Corporal acima de 30kg/m², têm maior probabilidade de desenvolver outras comorbidades como pressão alta, diabetes, doenças cardiovasculares e até câncer.

Além disso, a pessoa obesa pode ter questões emocionais envolvidas, como depressão, ansiedade e estresse. A dificuldade na locomoção, baixa autoestima, fadiga e cansaço também podem afetar esse indivíduo.

Para ela, as questões que fazem da geração atual ser a mais obesa da história do Ocidente é o aumento do consumo de ultraprocessados. “Esses alimentos, por serem práticos e mais baratos, são muitas vezes escolhidos no lugar de um ‘alimento de verdade’. Os ultraprocessados, se consumidos em excesso, podem gerar diversos danos à saúde, fora a obesidade em si. Isso porque são alimentos produzidos com adição de muitos ingredientes maléficos à saúde, como sal, açúcar, óleos vegetais, conservantes, corantes, entre outros.

A geração atual ‘desembala mais e descasca menos’, muitas vezes, pela falta de conhecimento, mas também pelo aumento do preço dos alimentos e até pela dificuldade na organização”, comenta Fernanda.

Obesidade e a produção no trabalho

Uma pessoa obesa normalmente sente mais cansaço e isso afeta diretamente sua produção do trabalho e qualidade de vida. “A obesidade interfere na produtividade, não só pela fadiga e cansaço frequentes, mas também por aumento do absenteísmo no trabalho devido a problemas de saúde como alteração da pressão arterial e/ou açúcar no sangue”, explica e exemplifica Fernanda.

Então, o acompanhamento multidisciplinar é extremamente importante para a saúde dessas pessoas. Isso porque, na maioria dos casos, as questões física, alimentar e emocional estão presentes em pacientes obesos. O tratamento em conjunto, com um profissional nutricionista, orientador físico e terapeuta é muito mais eficaz, além, claro, de um médico especialista, normalmente um endocrinologista.

Fonte: orienteme

Campanha alerta sobre problemas de saúde causados pelo consumo excessivo de bebidas açucaradas

Novo filme da campanha Doce Veneno é lançado esta semana em canais de tv por assinatura e nas redes sociais

Simples assim: a indústria produz, a propaganda vende, a sociedade paga. Em uma frase com três sujeitos, a campanha Doce Veneno resume a dinâmica de comercialização das bebidas adoçadas. Um ciclo que começa com incentivos fiscais concedidos aos fabricantes e termina provocando obesidade, diabetes, câncer e complicações cardiorrespiratórias, entre outros problemas de saúde. No Brasil, o tratamento dessas doenças custa, por ano, R$ 3 bilhões ao SUS. Só os casos de diabetes passam de 1,3 milhão.

Para reverter essa situação, a ACT – Promoção da Saúde em parceria com a Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável, estreiam novo filme publicitário que mostra a quantidade de açúcar ingerida em um único dia por uma pessoa que tem o hábito de consumir bebidas açucaradas durante e entre as refeições diárias. O vídeo também faz um alerta sobre os danos à saúde que podem ser causados por esse consumo como obesidade, diabetes tipo 2, câncer, doenças cardiovasculares. Assista ao filme aqui.

A iniciativa, no entanto, não se limita a apresentar a gravidade da situação que, há anos, vem sendo encarada, sem sucesso, como apenas uma questão de mudança de hábitos. Com inserções em mídias digitais, canais de tevê por assinatura, rádios e painéis localizados em pontos estratégicos das principais cidades do país, a campanha Doce Veneno convoca a sociedade a tomar parte da luta por políticas públicas em prol da melhoria da qualidade de vida da população.

No topo das propostas, temos a adoção de impostos diferenciados para ajudar a amenizar o impacto dos gastos no cuidado de doenças causadas pelo consumo de refrigerantes, sucos de caixa etc. Ainda na área da tributação, as organizações sugerem o fim do subsídio de R$ 3,8 bilhões concedido, por ano, a fabricantes de refrigerante.

A iniciativa defende que representantes das indústrias que fazem mal à saúde, ao ambiente e à economia, não podem interferir em políticas públicas. Para garantir a transparência na relação com o consumidor, a campanha Doce Veneno também espera que fabricantes respeitem a lei, que entra em vigor em outubro, determinando que as embalagens tragam, em destaque, advertências em relação à quantidade de açúcar, sódio ou gorduras saturadas.

Para proteger as crianças, as entidades sugerem duas medidas. A proibição da publicidade de alimentos destinados ao público infantil e da venda de ultraprocessados nas escolas.

Ao defender essas seis ações, a campanha espera contar com o apoio da sociedade civil para a construção de ambientes alimentares saudáveis que favoreçam a população a escolher melhor, a optar por alimentos que façam bem, deixando de lado todo tipo de doce veneno.

Fonte: Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável

Mistura de frio com tempo seco pode causar otites, dores de garganta e alergias respiratórias

Especialistas do Hospital Paulista dão dicas de prevenção aos problemas, mais comuns nas baixas temperaturas

Ainda estamos no outono, mas as baixas temperaturas no Brasil têm feito com que muitas pessoas vivenciam uma sensação de inverno. Na capital paulista, os termômetros registraram 1,1ºC na madrugada de 20 de maio, a temperatura mais baixa para o mês nos últimos 32 anos. Já no Rio Grande do Sul, o frio intenso trouxe neve e foi responsável pelo fechamento de diversas escolas.

A mistura do tempo seco, comum da estação, com o frio elevado pode trazer diversos danos à saúde. Gripes, resfriados e agravamento dos quadros de asmas, rinites e sinusites estão entre as patologias mais comuns causadas pela baixa imunidade provocada pela estação.

Os otorrinolaringologistas do Hospital Paulista Gilberto Ulson Pizarro e Cristiane Passos Dias Levy também alertam para as dores de garganta e otites — infecções e inflamações do ouvido –, que tendem a aumentar com o frio e podem causar problemas graves, como a surdez, caso não tratadas precocemente e adequadamente.

Dor de garganta

Problema muito comum no frio, a dor de garganta pode ter várias causas, sendo a mudança brusca de temperatura uma delas. Conforme o médico, a oscilação do clima diminui o batimento ciliar da mucosa, podendo deixar bactérias entrarem na garganta.

“A piora pode acontecer por conta das trocas bruscas de temperatura. Apesar do Outono, estávamos em uma temporada de sol e tempo quente, o que acarreta o surgimento do problema”, explica o especialista.

O médico reitera a importância de tomar água com frequência ao longo do dia, principalmente durante o tempo seco. “A garganta é uma região que só trabalha bem quando está úmida. Caso haja ressecamento por falta de hidratação ou alguma doença, podemos ter inflamações da mucosa, dores e sensações de inchaço ao engolir.”

Otites

Outro grande afetado durante o frio pode ser o ouvido, por conta das otites, infecções que atingem o ouvido médio e parte interna do tímpano e costumam ser dolorosas por conta de inflamações e do acúmulo de secreções. Caracterizadas por três diferentes tipos – otite externa, otite média e otite interna -, elas são mais comuns em crianças, mas podem atingir todas as pessoas em variados momentos da vida.

Pizarro detalha como é possível evitar o problema, mantendo livre a comunicação do nariz com o ouvido, chamada de tuba auditiva, e indica algumas recomendações básicas:

-Enxugue os ouvidos com a ponta da toalha, sem esfregar, após o banho;
-Não utilize hastes flexíveis ou qualquer objeto dentro dos ouvidos. Eles podem causar feridas na pele, retirar a camada protetora de cera e aumentar a probabilidade de infecção;
-Para quem tem otites recorrentes, é recomendável utilizar protetores auriculares de silicone.

Alergias respiratórias

Thinkstock

Cerca de 30% da população brasileira possui algum tipo de alergia, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Para aqueles que apresentam o problema, o outono costuma ser uma estação bastante delicada, podendo potencializar crises e desconfortos por conta do tempo seco.

“Durante o frio, é comum o surgimento das alergias respiratórias. Em decorrência das quedas bruscas na temperatura, as pessoas tendem a buscar seus casacos e agasalhos que normalmente estão guardados há muito tempo, o que é péssimo para alérgicos, já que fechados em armários juntam muitos ácaros”, explica Cristiane.

A especialista destaca que, para um diagnóstico correto e completo, é importante que o médico pesquise o histórico clínico do paciente, bem como o familiar. Dessa forma, ele poderá identificar a causa da alergia.

Confira abaixo algumas dicas da médica para diminuir as chances de crise:

-Tomar bastante água;
-Fazer lavagens nasais frequentes com soro fisiológico para hidratar as mucosas;
-Limpar bem a casa ou o ambiente que irá utilizar;
-Optar por aspirar e passar pano úmido em vez de varrer os locais;
-Usar capas antiácaros em colchões e travesseiros;
-Sempre que possível, colocar travesseiros e edredons no sol;
-Evitar objetos que acumulem pó nos quartos, como cortinas, tapetes e carpetes;
-Limpar com frequência os filtros de ar-condicionado;
-Evitar, quando possível, mudanças bruscas de temperatura;
-Buscar auxílio médico e não abandonar o tratamento após a chegada do calor.

Fonte: Hospital Paulista de Otorrinolaringologia

5 milhões morrem por ano em decorrência de doenças associadas ao sedentarismo, diz OMS

Os dias mundiais da Atividade Física e da Saúde, celebrados em 6 e 7 de abril, respectivamente, foram criados para alertar a população sobre os benefícios que a união de uma vida ativa com alimentação saudável pode produzir nas diferentes fases da existência. Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), anualmente, cinco milhões de pessoas morrem em decorrência de doenças associadas ao sedentarismo. Entre as patologias que o estilo de vida inadequado pode trazer estão hipertensão, diabetes, artrose, dislipidemias – caracterizadas pela presença de níveis elevados de gorduras no sangue -, ansiedade, entre outras.

Daniel Reche/Pixabay

O educador físico Gustavo Souza, que atende nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) do Jardim Lídia e Jardim Maracá, ambas gerenciadas pelo Cejam – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”, chama a atenção às pesquisas que evidenciam a estreita relação entre a prática dos exercícios e a saúde.

“Os problemas atingem pessoas de diversas idades, já que um em cada quatro adultos e quatro em cada cinco adolescentes não praticam atividades físicas suficientes, levando à redução do funcionamento físico e mental e ao comprometimento funcional”, afirma Gustavo. Nesse sentido, a participação em programas e projetos relacionados a mudanças no estilo de vida, com aumento do nível de atividade física e melhora na alimentação, é fator determinante para a prevenção de doenças crônicas e para a manutenção da saúde mental.

“Pessoas ativas possuem melhor qualidade de vida, sensação de bem-estar, aptidão cardiorrespiratória e, assim, maior expectativa de vida. Além disso, as chances de desenvolverem doenças cardiovasculares, a principal causa de morte no Brasil e no mundo, diminuem consideravelmente”, destaca o educador.

Quando começar?

Praticar atividades físicas é algo que pode ser realizado em todas as fases da vida, sendo os benefícios visíveis para todas elas. A OMS recomenda que os exercícios sejam iniciados ainda na infância, em crianças e adolescentes na faixa entre 5 e 17 anos. Ao menos 60 minutos de atividade moderada à intensa diariamente é um tempo razoável.

Gustavo afirma que, para esta faixa etária, as atividades físicas podem ser consideradas jogos esportivos e até brincadeiras recreativas. Para a população adulta, a quantidade considerada ideal aumenta. Neste caso, a organização recomenda 150 minutos de atividades aeróbicas moderadas ou 75 minutos de intensas por semana.

Já os exercícios de fortalecimento muscular por, ao menos, duas vezes na semana são capazes de melhorar as aptidões cardiovasculares e respiratórias e a resistência muscular, prevenindo e/ou reduzindo os riscos de doenças crônicas, mentais e ósseas. Segundo o educador físico, para a população idosa, as recomendações são as mesmas. No entanto, os exercícios podem ajudar ainda a melhorar o equilíbrio e a prevenir quedas, além de auxiliarem na saúde funcional e cognitiva. “O indicado, neste caso, é que sejam executados três ou mais dias da semana, de acordo com as condições de saúde do idoso.”

Alimentação saudável

Foto: Pablo Merchan Montes/Unsplash

A nutricionista Inayah Galetti, que atende na UBS Jardim Magdalena, gerenciada pelo Cejam, explica que, nas últimas décadas, a população viveu um momento de transição nutricional. De acordo com a especialista, os casos de desnutrição sofreram uma queda considerável no período, mas os índices de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como obesidade, hipertensão arterial, diabetes mellitus, dislipidemias e doenças cardiovasculares, aumentaram consideravelmente, principalmente na vida adulta.

“A população adulta atual cresceu em um ambiente no qual não se preocupava com as consequências do alto consumo de produtos industrializados, gordurosos e ultraprocessados. O resultado é a crescente nos casos de comorbidades.”

Inayah ressalta que, normalmente, as pessoas passam a se preocupar com a saúde alimentar apenas quando desenvolvem alguma patologia. Porém, alerta que é essencial que os bons hábitos alimentares sejam passados ainda durante a infância, como forma de prevenção. “As crianças têm maior aceitabilidade a alimentos saudáveis à medida que os pais sirvam como exemplo. Se elas não os veem comendo os alimentos oferecidos, a chance de não aceitarem é grande.”

Uma dica para produzir uma boa educação alimentar dentro de casa é diversificar e variar os alimentos e as preparações, dando preferência aos in natura e evitando os industrializados e com excesso de açúcar e conservantes.

Benefícios

Foto: Meetcaregivers

Entre os alimentos que não podem faltar à mesa de uma família que busca uma vida saudável, conforme a especialista, estão frutas, legumes e verduras, que fazem parte do chamado “grupo de alimentos reguladores”: “São eles os responsáveis pelo maior aporte de vitaminas, minerais e fibras da alimentação. Os reguladores ajudam no funcionamento intestinal e de todo o corpo, fortalecem o sistema imunológico e dão mais disposição no dia a dia, além de reduzirem o colesterol ruim”, afirma a nutricionista.

A especialista destaca também que, mesmo para os mais velhos, se estes tiveram uma alimentação ruim ao longo da vida, a mudança de hábito produz resultados efetivos. “Ainda que alguma doença já esteja estabelecida, a alimentação sempre será a maior aliada para seu controle. Entretanto, é importante que elas não sejam feitas de forma brusca, mas, sim, por etapas, para que os novos hábitos perdurem por toda a vida”, finaliza a nutricionista.

Fonte: Cejam – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”

Confira as 6 doenças mais comuns da estação

Verão, crianças em férias escolares. Para animar e entreter os filhos, muitos pais planejam passeios ao ar livre, viagens e muitas atividades. A estação é a mais quente do ano, regada a frequentes chuvas e mudanças na temperatura, o que pode fragilizar o organismo e deixá-lo mais vulnerável para algumas patologias.

Para que a diversão não termine mais cedo, a médica clínica e nutróloga do Vera Cruz Hospital, Gisele Figueiredo Ramos, alerta a população para algumas doenças comuns nessa época. “Atendemos pacientes com quadros de intoxicação alimentar, desidratação e até queimaduras do sol. No Vera Cruz Hospital, temos a melhor estrutura de atendimento, com exames e profissionais altamente capacitados para um diagnóstico mais preciso e que resulta em um tratamento mais efetivo”, destaca.

Unlockfoodca

Entre as doenças mais recorrentes no verão está a intoxicação alimentar, que atinge cerca de 600 milhões de pessoas no mundo todos os anos, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas). Seus principais sintomas são vômitos, diarreia, náuseas, dor abdominal e cólicas, e podem surgir horas após a ingestão de um alimento contaminado. “As temperaturas elevadas desta época do ano dificultam a conservação dos alimentos e facilitam a proliferação de bactérias. É recomendado beber água potável e evitar alimentos crus, mal cozidos ou em conserva, como palmito e molhos a base de maionese”, exemplifica.

A desidratação também aparece frequentemente nos prontos-socorros. Os sintomas são aumento da sede, fraqueza, hipotensão arterial, cansaço e sonolência, tudo devido à baixa concentração de água e sais minerais no corpo. E os dados do Datasus fazem um alerta: no primeiro trimestre do ano, cerca de 30% das internações na rede pública de saúde de SP são de pessoas com esse quadro. Segundo Gisele, os casos acontecem principalmente em crianças e idosos. “No verão, ocorre aumento dos casos de diarreia, que são gastroenterocolites virais e que podem levar aos quadros de desidratação. Priorize uma alimentação mais leve e hidratação com água de coco ou sais de reidratação oral”, pontua.

A queimadura de pele também está na lista, e seu descuido a longo prazo pode levar ao desenvolvimento do câncer de pele, que representa 33% dos novos diagnósticos de câncer registrados pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) a cada ano no Brasil. No primeiro momento, o excesso de exposição solar pode causar quadros graves de queimaduras com lesões avermelhadas e até bolhas. Dor, ardência, sensação de queimação, coceira, descamação, náuseas, vômitos e vertigem também podem estar presentes. “As queimaduras de sol acontecem de uma a seis horas após a exposição aos raios ultravioleta (UVA e UVB) e atingem o ponto máximo em 24 horas. A recomendação é evitar os horários de sol mais forte (entre 10h e 16h), sempre usar protetor solar com fator de proteção maior ou igual a 30, chapéu ou boné, guarda-sóis e beber muito líquido”.

Em quarto lugar vem as micoses, oriundas da proliferação dos fungos devido à combinação de calor e umidade. A doença se manifesta em forma de manchas brancas que podem provocar coceiras e afetar o couro cabeludo. Para a médica, medidas simples podem evitar o surgimento da doença. “Secar bem as dobras do corpo após o banho, se necessário com secador frio (principalmente virilhas, axilas, espaços entre os dedos), não usar roupas úmidas em contato com a pele por muito tempo, usar chinelos em saunas, academias, vestiários e chuveiros públicos, não compartilhar objetos pessoais, evitar uso de sapatos fechados por muito tempo e uso do mesmo sapato por dias seguidos, além de cobrir espreguiçadeiras e bancadas de sauna com toalhas ou canga”, diz.

Há duas doenças que estão ligadas aos banhos de mar ou piscina. A primeira é a otite, cujos casos dobram no verão. A inflamação acomete principalmente o conduto auditivo externo e apresenta dor, coceira e a sensação de ouvido tampado. O tratamento é feito com antibioticoterapia tópica em gotas e analgesia, e, durante o tratamento, banhos de mar ou piscina devem ser evitados.

Conjuntivite – Fonte: WebMd

Além da piscina, exposição prolongada ao sol, sauna, ar condicionado, exposição a aglomerações de pessoas e poeira são alguns fatores que predispõem à conjuntivite. A transmissão acontece pelo contato direto entre as pessoas, ou indiretamente, por meio de objetos contaminados. Os sinais são olhos vermelhos, lacrimejamento, secreção, coceira, sensação de areia nos olhos e pálpebras inchadas e grudadas ao acordar. “Ao se iniciarem os sintomas, lave os olhos com água filtrada ou soro fisiológico, troque as fronhas e as toalhas de rosto todos os dias, lave as mãos antes e depois de tocar os olhos. Também é importante procurar atendimento médico para avaliação”, orienta a especialista.

Fonte: Vera Cruz Hospital

Doenças de verão: como evitar otites, dores de garganta e alergias respiratórias

Especialistas do Hospital Paulista dão dicas de prevenção a problemas que podem atrapalhar as férias de verão

O verão está chegando e, com ele, para muitos, a temporada de férias. Se por um lado, o tempo quente e seco é um verdadeiro convite para praias, piscinas e cachoeiras, por outro, pode ser a porta de entrada para alguns problemas de saúde.

Os otorrinolaringologistas do Hospital Paulista, Gilberto Ulson Pizarro e Cristiane Passos Dias Levy, alertam para as doenças mais comuns na estação e dão dicas de prevenção às otites, dores de garganta e alergias respiratórias.

Dor de garganta

Apesar de mais comum no frio, a dor de garganta pode ter várias causas, sendo a mudança brusca de temperatura uma delas. Conforme Dr. Gilberto, a oscilação do clima diminui o batimento ciliar da mucosa, podendo deixar bactérias entrarem na garganta.

“A piora pode acontecer por conta das trocas bruscas de temperatura, como quando alguém está no sol quente e depois toma sorvete. Ou, ao chegar da praia com o corpo quente, ir para o ar-condicionado”, explica o especialista.

O médico reitera a importância de tomar água com frequência ao longo do dia, principalmente durante o calor. “A garganta é uma região que só trabalha bem quando está úmida. Caso haja ressecamento por falta de hidratação ou alguma doença, podemos ter inflamações da mucosa, dores e sensações de inchaço ao engolir”, ressalta.

Otites e ouvido tapado

Outro grande afetado durante as férias pode ser o ouvido, que sofre tanto por conta das otites – processo inflamatório e infeccioso que acontece por conta do tempo excessivo que as pessoas passam dentro da água – como em decorrência dos incômodos causados ao descer a serra em direção ao litoral, por exemplo.

Gilberto detalha como é possível evitar o problema, mantendo livre a comunicação do nariz com o ouvido, chamada de tuba auditiva. Já para evitar as otites, o médico indica algumas recomendações básicas:

=Enxugue os ouvidos com a ponta da toalha, sem esfregar, após nadar;
=Não utilize hastes flexíveis ou qualquer objeto dentro dos ouvidos. Eles podem causar feridas na pele, retirar a camada protetora de cera e aumentar a probabilidade de infecção;
=Evite mergulhar em água suja;
=Para quem tem otites recorrentes, é recomendável utilizar protetores auriculares de silicone;
=Procure não passar um longo período dentro da água.

Alergias respiratórias

Cerca de 30% da população brasileira possui algum tipo de alergia, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Para aqueles que apresentam o problema, o verão costuma ser uma estação mais delicada, podendo potencializar crises e desconfortos.

“Apesar das alergias respiratórias estarem associadas a outras estações do ano, devemos lembrar que é no verão que temos exposição a mudanças bruscas de temperatura, ao ar seco do ar-condicionado e a ambientes com muitos ácaros, que ficaram fechados por longos períodos de tempo, como casas de veraneio”, explica Cristiane.

A especialista destaca que, para um diagnóstico correto e completo, é importante que o médico pesquise o histórico clínico do paciente, bem como o familiar. Dessa forma, ele poderá identificar a causa da alergia.

Confira abaixo algumas dicas da médica para diminuir as chances de crise:

=Tomar bastante água;
=Fazer lavagens nasais frequentes com soro fisiológico para hidratar as mucosas;
=Abrir as casas de veraneio com antecedência e chegar, de preferência, durante o dia para abrir bem a casa;
=Limpar bem a casa ou o ambiente que irá utilizar;
=Optar por aspirar e passar pano úmido em vez de varrer os locais;

=Usar capas antiácaros em colchões e travesseiros;
=Sempre que possível, colocar travesseiros e edredons no sol;
=Evitar objetos que acumulem pó nos quartos, como cortinas, tapetes e carpetes;
=Limpar com frequência os filtros de ar-condicionado;
=Evitar, quando possível, mudanças bruscas de temperatura;
=Buscar auxílio médico assim que possível e não abandonar o tratamento após o verão.

Fonte: Hospital Paulista de Otorrinolaringologia

A evolução no uso do canabidiol em doenças do cérebro

Marcelo Valadares, neurocirurgião da Unicamp e do Hospital Albert Einstein, explica os benefícios do medicamento para tratar dores crônicas e insônia

Há alguns anos, as leis que permitem o uso do canabidiol (CBD) para fins medicinais vêm avançando no Brasil. Desde dezembro de 2019, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou a regulamentação de produtos à base de cannabis sob prescrição médica. Em julho deste ano, inclusive, o primeiro extrato de canabidiol desenvolvido no país chegou às farmácias. Entretanto, os estudos mundiais acerca do derivado da maconha como tratamento, apesar de polêmicos, são muito mais antigos; seu uso na medicina, aliás, é estudado em inúmeras especialidades, como a neurologia.

Porém, há muita publicidade em torno do CBD, além de dúvidas sobre como ele pode, de fato, ajuda no tratamento de doenças diversas. Para falar sobre o uso do canabidiol e seus benefícios no tratamento de algumas doenças neurológicas, Marcelo Valadares, neurocirurgião, médico do Hospital Israelita Albert Einstein (SP) e pesquisador da Disciplina de Neurocirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), elencou alguns temas que costumam gerar dúvidas.

Há hipóteses de que os efeitos do CBD podem auxiliar na redução de inflamações no cérebro
O Dr. Marcelo Valadares explica que parece haver evidência, de acordo com alguns estudos, de que a substância pode auxiliar no tratamento de pacientes com transtornos e doenças neurológicas. Nessas pesquisas, há evidências de que o principal efeito do CBD no cérebro é a redução de inflamação, que está relacionada a doenças como Alzheimer, ansiedade, depressão e epilepsia, entre outras.

O canabidiol é um tratamento viável para dores crônicas
Um estudo da The Health Effects of Cannabis and Cannabinoides, nos Estados Unidos, revelou que o alívio de dores crônicas é a condição mais comum citada pelos pacientes em relação ao uso do CBD medicinal. Estudos também mostram a presença de receptores canabinoides na medula espinhal, no sistema límbico, que é regulador das emoções, no hipocampo, na medula espinhal e no hipocampo, relacionado às memórias. Segundo o neurocirurgião, o uso do canabidiol em pacientes com dor crônica intensa mostra benefícios significativos, pois a cannabis tem ação direta no mecanismo central de dor. Valadares, inclusive, já teve relatos de bons resultados entre seus pacientes. “É um valioso recurso quando as primeiras linhas de tratamento não se mostram benéficas ou apresentam efeitos colaterais indesejáveis”, ressalta.

No Brasil, o uso de medicamentos à base de CBD para dores neuropáticas é permitido, mas esse não é um tratamento tão acessível
No país, os medicamentos à base de canabinoides podem ser indicados para tratamentos de dores neuropáticas crônicas, porém com uma receita especial e preenchimento de um formulário pelo médico responsável. É importante lembrar que os medicamentos são de alto custo e difícil acesso.

O CBD pode ser um complemento no tratamento para a dor de pacientes com Parkinson?
Estudos mostraram melhorias na qualidade de vida de pacientes com a Doença de Parkinson. Entretanto, há controvérsias em relação às melhorias nas funções motoras. O médico, especialista em tratamento de doenças neurodegenerativas, afirma que alguns estudos mostram evidências, mas ainda são preliminares. Entretanto, o neurocirurgião afirma que é possível considerar o canabidiol para casos de dor crônica relacionada à Doença de Parkinson.

Pesquisas sobre o uso de CBD para retardar a progressão do Alzheimer são promissoras
Valadares explica que há, ainda, estudos sobre o uso da cannabis medicinal para o tratamento de pacientes com Alzheimer. De acordo com o médico, há limitações medicamentosas tanto para minimizar os sintomas, quanto para retardar a progressão do Alzheimer neste momento, o que enfatiza a necessidade de desenvolver mais pesquisas e viabilizar novas opções de tratamento. “Na literatura, estas pesquisas mostram-se promissoras, mas são necessárias mais avaliações acerca do tema “, diz o médico.

No caso da epilepsia, o canabidiol pode ser um substituto dos medicamentos tradicionais
Casos de epilepsia, muitas vezes, são de difícil controle, como explica o neurocirurgião Marcelo Valadares. Um trabalho publicado no periódico médico The New England Journal of Medicine com pacientes que possuem a síndrome de Dravet, mostra que a média de crises convulsivas por mês diminuiu de 12 para 6 após o uso da solução oral de canabidiol. Valadares enfatiza, ainda, que existem evidências sólidas especialmente no caso de crianças.

Em quadros de insônia, o canabidiol é recomendado?
Pesquisas apontam que os canabinoides são bem-sucedidos na melhora da qualidade do sono em geral e podem ser uma alternativa aos tradicionais medicamentos usados para dormir que podem gerar dependência e uma série de efeitos colaterais. Inclusive, o uso da cannabis tem sido estudado em pacientes com Estresse Pós-Traumático que sofrem com distúrbios do sono.

Fonte: Marcelo Valadares é médico neurocirurgião e pesquisador da Disciplina de Neurocirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp e do Hospital Albert Einstein. Seu enfoque de trabalho é voltado às cirurgias de neuromodulação cerebral em distúrbios do movimento, cirurgias menos invasivas de coluna (cirurgia endoscópica da coluna), além de procedimentos que envolvem dor na coluna, dor neurológica cerebral e outros tipos de dor. Fundador e diretor do Grupo de Tratamento de Dor de Campinas, que possui uma equipe multidisciplinar formada por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos e educadores físicos.

Quase 60% dos brasileiros estão acima do peso ou obesos; problema gera várias doenças

A obesidade aumenta o risco para o desenvolvimento de diversas outras doenças, como infarto, AVC, diabetes, cânceres, pressão alta e doenças reumatológicas. Para o endocrinologista do Hospital Santa Catarina – Paulista, reduzir o sedentarismo e evitar refeições industrializadas, além do excesso de alimentos ricos em gordura e açúcar, são caminhos necessários para prevenção

O número de pessoas com obesidade e excesso de peso no país não para de crescer desde 2006 e este dado piorou com a pandemia, de acordo com a Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2020), divulgada pelo Ministério da Saúde. O material indica que, no ano passado, 57,5% da população adulta do Brasil estava com excesso de peso – era 55,7% em 2019 – e 21,5% da população está com obesidade – era 19,8% em 2019.

Estes índices são preocupantes, especialmente quando incluímos a Covid-19 na equação, já que a obesidade é um dos principais fatores de risco para infecções mais graves pelo novo coronavírus. Em adição, o excesso de peso influencia diretamente no aumento da falta de ar, necessidade de oxigênio e ventilação mecânica, além de estar associado a outras doenças.

“Apesar do cenário alarmante, as perdas de peso podem reduzir as chances de desenvolver as formas graves da Covid-19. Então, a perda de 5% do peso é benéfica não só para o metabolismo, mas também para a diminuição do processo inflamatório que a obesidade causa. Esta combinação diminui os riscos de complicações por infecções em geral, entre elas está a do novo coronavírus” explica o Dr. Hugo Valente, endocrinologista do Hospital Santa Catarina – Paulista.

A obesidade é uma doença crônica, ou seja, ela não põe em risco a vida da pessoa a curto prazo, mas aumenta o risco para o desenvolvimento de diversas outras doenças, como infarto, AVC, diabetes, cânceres, pressão alta, doenças reumatológicas e outras. Além disso, pode mexer com fatores psicológicos, ocasionando a diminuição da autoestima e depressão, e dores físicas nos músculos e articulações, principalmente nas costas, pernas e braços.

A previsão da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que, até 2025, 700 milhões de pessoas sejam diagnosticadas com a doença e mais de 2 bilhões de pessoas estejam acima do peso no mundo. E mais de 11 milhões de crianças e adolescentes terão, pelo menos, sobrepeso.

A obesidade é calculada a partir do índice de massa corpóreo (IMC), que é obtido ao se dividir o peso (em kg) pela altura ao quadrado (em metros). De acordo com o padrão utilizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), quando o resultado fica entre 18,5 e 24,9 kg/m2, o peso é considerado normal. Entre 25,0 e 29,9 kg/m2, sobrepeso, e acima deste valor, a pessoa é considerada obesa.

A obesidade pode ser causada por diversos fatores – genéticos, psicológicos, sociais, metabólicos – e, assim como o excesso de peso, está ligada aos hábitos da vida moderna, estresse e diminuição da atividade física. “Para o bem da população, temos que evitar ou diminuir o sedentarismo, refeições industrializadas, além do excesso de alimentos ricos em gordura e açúcar, que resultam no aumento do número de pessoas obesas, inclusive crianças”, reforça o médico.

Dicas para evitar ou retardar o sobrepeso

=Beber água. A hidratação é um ponto fundamental para manter o metabolismo adequado, a fim de melhor o gasto de energia e, consequentemente, evitar ou prevenir o ganho de peso;
=Aumentar o consumo de vegetais, como leguminosas e verduras;
=Consumir frutas, especialmente in natura e evitar sucos adocicados;
=Ingerir fibras, como grãos – aveia, linhaça, entre outros -, porque geram uma saciedade maior e regularizam o intestino.
=Escolher os macronutrientes – carboidratos, gorduras e proteínas – em equilíbrio, como forma de retardar ou evitar o sobrepeso.

Problema está associado a diversas doenças e tipos de câncer; saiba como evitá-la

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Uma pesquisa do Vigitel, sistema de Vigilância de Fatores de Risco para doenças crônicas não transmissíveis, do Ministério da Saúde, informa que, entre 2006 e 2019, a obesidade cresceu 72% no Brasil. E hoje já é considerada um problema de saúde pública no país, potencializado durante a pandemia de Covid-19.

A nutricionista Francyne Silva Fernandez, que atende na Unidades Básica de Saúde Jardim Caiçara, gerenciada pelo Cejam – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”, destaca que a doença pode tanto ter uma predisposição genética como ocorrer em consequências de maus hábitos de vida e alimentação, gerando o acúmulo de gordura no corpo.

“Esse acúmulo é causado quase sempre pelo sedentarismo e pelo consumo excessivo de alimentos com alto valor calórico, superior ao usado pelo organismo para sua manutenção e realização das atividades diárias.”

O diagnóstico da doença é clínico e baseado no Índice de Massa Corporal, o IMC, que é dado pela relação entre o peso e a altura, considerando menor que 18,5 abaixo do peso; entre 18,5 e 24,9 peso normal; entre 25 e 29,9 sobrepeso; e igual ou acima de 30 obesidade.

A nutricionista explica que doença é considerada grave pois o excesso de peso está associado ao aumento do risco de desenvolvimento de patologias como diabetes, pressão alta, apneia do sono, aterosclerose, trombose e distúrbios no ciclo menstrual, além de problemas cardiovasculares diversos.


Uma pesquisa feita pelo Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), em parceria com a Universidade de Harvard e com a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), também confirmou a associação da obesidade a diversos tipos de câncer: o de mama na pós-menopausa, cólon e reto, útero, vesícula biliar, rim, fígado, ovário, próstata, mieloma múltiplo (células plasmáticas da medula óssea), esôfago, pâncreas, estômago e tireoide.

“Além dos problemas físicos, a obesidade ainda pode afetar a saúde emocional e psicológica, já que pessoas obesas podem desenvolver a baixa autoestima, que leva à depressão”, alerta a especialista.

Prevenção

Francyne explica que a prevenção da obesidade deve ser feita a partir da conscientização da importância de uma vida saudável, com um tempo dedicado para a prática de atividades físicas e uma dieta equilibrada, baseada em alimentos saudáveis, de preferência in natura ou minimamente processados.

“Por outro lado, o sedentarismo, a ingestão de alimentos com excesso de gorduras e açúcares refletem no aumento de chances desta e de tantas outras patologias associadas a ela.” De acordo com a profissional, legumes, verduras, frutas naturais ou envasadas, iogurtes sem adição de açúcar, ovos, chá, café, carnes frescas, refrigeradas ou congeladas, ervas frescas ou secas, leites e sucos de frutas pasteurizados, feijões, entre outros, são bons amigos do peso.

Já os alimentos processados e ultraprocessados, como aqueles em conserva, carnes enlatadas, queijos, pães feitos com farinha de trigo branca, biscoitos recheados, sucos em pó, refrigerantes, macarrão instantâneo, cereais matinais açucarados, frios embutidos, entre outros, são grandes inimigos dos que buscam ter uma vida saudável.

Tratamentos


Além da estética, o tratamento da obesidade tem como finalidade alcançar uma série de objetivos e a saúde é o principal deles. O processo pode ser feito a curto ou longo prazo, por meio das intervenções multifatoriais que combinam componentes como a dieta, exercícios físicos, mudança comportamental e até mesmo utilização de medicamentos, caso o especialista que estiver acompanhando o caso avalie necessário.

“O uso desses remédios, inclusive, não deve ser feito por conta própria ou de maneira indiscriminada, pois pode acarretar outros problemas de saúde. O mesmo vale para as dietas. Regimes milagrosos, que prometem a perda de peso da noite para o dia, não existem. O essencial é sempre buscar um profissional, de preferência um endocrinologista e um nutricionista” orienta.

De acordo com a nutricionista, no SUS (Sistema Único de Saúde) existem diversos serviços dedicados às pessoas que buscam perder peso de forma saudável e com acompanhamento médico.

Grupo de Combate à Obesidade

Algumas UBSs, sob gestão do Cejam, possuem grupos de apoio multidisciplinares, compostos por nutricionistas, educadores físicos, fisioterapeutas, psicólogos e terapeutas, para quem precisa de ajuda com reeducação alimentar e atividade física para lidar com a obesidade.

O trabalho tem como foco a prevenção e o tratamento da obesidade, abordando e estimulando o tratamento de diabetes, hipertensão e alta do colesterol, além de acompanhamento nutricional.

As unidades participantes disponibilizam grupos de apoio abertos e fechados, dependendo da necessidade. Qualquer pessoa pode participar, até mesmo quem não é paciente da unidade, basta apresentar o cartão do SUS.