Tecnologia e relacionamentos têm tudo a ver com maturidade, aliás, são duas coisas que os maduros gostam e nas quais investem tempo e energia. A pandemia, com todo o contexto de isolamento e distanciamento social, contribuiu muito para o aumento nas buscas por aplicativos de relacionamentos. Confinadas em casa, pessoas de todas as idades passaram a procurar mais por esse recurso para se relacionar com o outro.
De acordo com dados divulgados pelas próprias plataformas, o Happn – aplicativo de paquera no estilo do Tinder –teve um aumento de 18% nas mensagens trocadas; The Inner Circle, também no mesmo estilo, mas com um posicionamento de mercado mais voltado para a qualidade dos matches e não para a quantidade, teve um aumento de 15% nas “curtidas” e 10% nas mensagens enviadas. O Par Perfeito, por sua vez, registrou um crescimento de 70% de novos usuários, além de um ganho de 20% no tempo médio gasto no aplicativo e no site.
Os maduros não ficam fora desses resultados. Parcela da população que ganhou holofotes nesta pandemia por causa da vulnerabilidade diante do vírus, os prateados também estão nesses aplicativos. No Coroa Metade, plataforma focada em pessoas a partir de 40 anos, houve um aumento de 17% nos cadastros entre abril e outubro de 2020 em comparação aos seis meses anteriores à pandemia.
A presença digital dos maduros não me espanta! Quando coordenei a pesquisa Tsunami 60+, em 2018, descobri que esse grupo tem uma presença forte e marcante em tecnologia. Para se ter uma ideia, somente 10% dos entrevistados – em um universo de quase três mil pessoas – disseram não estar em nenhuma rede social. E, uma vez conectados, 81% acessam redes sociais; 80% pesquisam na internet; 66% tiram e gerenciam fotos e vídeos; 64% checam e-mails e 61% assistem a vídeos.
Por isso, gosto de dizer que a internet, para eles, é a janela para o mundo. Nas entrevistas que fizemos, as pessoas afirmaram adorar receber de 50 a 60 “mensagens de bom-dia” a cada manhã. Para esse público, isso é um movimento ¬– uma pulsão da existência muito forte nessa fase da vida – quando a pessoa começa a trabalhar menos e ficar mais em casa. O que a internet tem feito é proporcionar que essa movimentação permeie diferentes áreas da vida. E o relacionamento é uma delas. Os maduros são um público que quer viver o agora e não têm mais tempo a perder. Relacionar-se com o outro, na forma de amizade ou amor, é fundamental para que mantenham a qualidade de vida.
No Coroa Metade, 69% dos homens procuram namoro; 54%, amizade; 21%, casamento; e 38%, sexo. Com relação às mulheres, 70% querem namoro; 51%, amizade; 20%, casamento; e 6%, sexo. Isso tem muito a ver com a liberdade que os maduros estão conquistando, seja na forma de procurar o relacionamento, seja na necessidade de não esconder mais a idade e os cabelos brancos. Grande parte dos usuários maduros quer mesmo é mostrar que aos 50, 60, 70 ou 80 anos ainda é possível namorar, ter uma vida sexual ativa, fazer novos amigos e se divertir.
Prova disso é que este público também está em sites de pornografia. Dados de 2019 do Pornhub – maior site de pornografia no mundo – apontam que os visitantes com idade entre 55 e 64 anos têm 83% mais probabilidade de assistir a vídeos na categoria “Vintage” e 65% acessam os da categoria “Maduros”, quando comparados a outras faixas etárias. Para visitantes seniores com mais de 65 anos, a categoria “Closed Captions” ganhou 77% de visualização e os vídeos “Vintage” foram duas vezes mais populares quando comparados aos visitantes mais jovens.
Esses dados revelam que tanto a pornografia quanto os aplicativos são recursos que estão presentes na realidade dos maduros, um grupo que cresce no mundo todo e tem como característica uma curiosidade de entender as novidades que o mundo oferece. Não é à toa que já existem diversas empresas focadas em oferecer encontros a esse público, como Coroa Metade, Solteiros 50 e OurTime Brasil. E, se o caminho para expandir as relações passa pela internet e pelos aplicativos, eles estão lá, curiosos para entender, aprender e utilizar essa ferramenta.
*Layla Vallias foi eleita, em 2021, pela Forbes Under 30, uma das jovens brasileiras mais influentes com menos de 30 anos – é cofundadora do Hype50+, consultoria de marketing especializada no consumidor sênior e da Janno – startup agetech que tem como missão apoiar brasileiros 50+ em seu novo plano de vida. Foi coordenadora do Tsunami60+, maior estudo sobre Economia Prateada e Raio-X do público maduro no Brasil, e diretora do Aging2.0 São Paulo, organização de apoio a empreendedores com soluções para o envelhecimento em mais de 20 países. Mercadóloga de formação, com especialização em marketing digital pela Universidade de Nova York, trabalhou com desenvolvimento de produto na Endeavor Brasil.
Para investigar os múltiplos impactos sociais da extensão de vida do brasileiro, o FDC Longevidade – projeto desenvolvido pela Fundação Dom Cabral (FDC) com apoio técnico da Hype50+ e patrocínio da Unimed-BH – lança o TrendBook Sociedade.
Quais são as 10 profissões do futuro quando pensamos na longevidade dos brasileiros e na necessidade de criar oportunidades novas de trabalho associadas a novas demandas demográficas? Essa é uma das perguntas respondidas pelo TrendBook Sociedade. Embora as previsões do impacto da longevidade descrevam cenários de 2030 ou 2050, a realidade de 2021 já revela os efeitos do envelhecimento em diversas áreas, inclusive, na atividade profissional.
A carreira que mais cresceu na última década foi a de cuidador de idosos. Em dez anos, o Brasil passou de 5.263 cuidadores (2007) para 34.051, em 2017 – segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). No entanto, apesar do crescimento de 547% no número de profissionais, a regulamentação e a velocidade de formação dos cuidadores não acompanham a necessidade de cuidado da população madura. Para ver todo o estudo, clique aqui.
A lacuna se repete, também, em outras profissões. Hoje, o Brasil tem um déficit de 28 mil geriatras; em Estados como Acre, Amapá e Roraima, o número de profissionais não passa de cinco, de acordo com dados do Ministério da Saúde e IBGE (PNAD | 2017). O TrendBook Sociedade, um mapeamento que compõe o terceiro eixo do projeto FDC Longevidade – iniciativa da Fundação Dom Cabral (FDC) com apoio técnico da Hype50+ e patrocínio da Unimed-BH – reflete que o descompasso tem uma raiz.
Para surgirem novos profissionais, é preciso uma formação em massa da força de trabalho. A limitação de cursos e grades curriculares, especialmente na área da saúde, que contemplem as necessidades do envelhecimento, é um dos maiores gargalos para atender às demandas do país. Até 2017, por exemplo, apenas duas universidades brasileiras ofereciam uma graduação em Gerontologia, segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.
Em contrapartida, novas profissões nascem para atender às pessoas, mostrando mais uma vez que a sociedade caminha mais rápido que qualquer instituição. Dessa forma, uma carreira inexistente hoje pode ser a dos sonhos de quem prestar vestibular em 2030. O TrendBook Sociedade traz uma lista das 10 profissões ligadas à longevidade populacional. O estudo completo traz, ainda, análises aprofundadas sobre o impacto do envelhecimento populacional na sociedade; os capítulos do estudo investigam dimensões como as novas sociedades envelhecidas; cenários prateados; trabalho e previdência versus extensão da vida; mercado de trabalho; e mapa social da longevidade. Destaque, também, para entrevistas exclusivas com o gerontologista Alexandre Kalache e o economista Roberto Teixeira da Costa, além de artigo de Flávia Ranieri, arquiteta com especialização em Gerontologia, que compõem o conteúdo.
Longevidade: desafios e oportunidades
Foto: Meetcaregivers
De acordo com Michelle Queiroz, professora-associada da FDC e coordenadora do FDC Longevidade, o expressivo aumento da expectativa de vida, considerada uma conquista da humanidade, gera impactos profundos na sociedade que podem, inclusive, serem analisados a partir de inúmeras perspectivas.
“No recorte desta publicação, optamos por priorizar alguns dos principais desafios no campo do etarismo, previdência, trabalho e desigualdade social e, também, trouxemos exemplos de soluções e atores que fazem acontecer dentro deste ecossistema. Apesar de termos capítulos segmentados, facilitando a compreensão dos temas, na vida as linhas que as separam são quase inexistentes. Nossa intenção é descortinar olhares para uma visão integrada das diferentes dimensões de impacto, contribuindo para despertar o valor do engajamento social!”, avalia a especialista.
Segundo Layla Vallias – especialista em Economia Prateada, cofundadora da Hype50+ e Janno, coordenadora do estudo Tsunami Prateado (maior mapeamento brasileiro sobre longevidade) –, a prática de inovação, empreendedorismo e pesquisa de tendências traz o desafio de disseminar entre os gestores de grandes marcas, indústrias e governos dados que comprovam o quanto o envelhecimento da população apresenta oportunidades reais. “A revolução que estamos vivendo nos obriga a revisitar conceitos, quebrar padrões e discutir tabus. Para os mais estratégicos, é nesse oceano azul da longevidade que residem as grandes oportunidades para o futuro”, afirma.
Do ponto de vista do mercado de trabalho à luz da longevidade, a especialista aponta que as perspectivas são igualmente boas. “Todos os mercados e setores de trabalho serão profundamente impactados pelo envelhecimento da população; quem antes observar essa realidade e se preparar para atendê-la, sai na frente. Esse é um caminho sem volta: todos os profissionais, da saúde à hotelaria, da indústria de beleza à moradia deverão ser, necessariamente, profissionais capacitados para a longevidade”, defende.
Para o diretor-presidente da Unimed-BH, Samuel Flam, a longevidade ressignificou a forma como vemos a realidade. “Hoje, não estamos apenas vivendo mais; estamos vivendo com qualidade, mantendo a produtividade e cultivando hábitos saudáveis. Como empresa de saúde, a Unimed Belo Horizonte está atenta a esse cenário e vem contribuindo, há quase 50 anos, para promover mais saúde e qualidade de vida para a população com mais de 60 anos. Afinal, nossa vocação e nosso propósito são cuidar de pessoas. Por isso, para nós, é uma grande honra contribuir com este projeto, capitaneado pela Fundação Dom Cabral, com o objetivo de colocar a longevidade em perspectiva. Conhecer melhor essa geração, da qual faço parte, é fundamental para que possamos, dentro do que é possível, projetar o amanhã. Estamos certos de que esta pesquisa traduz o espírito de nosso tempo e servirá como importante insumo para o futuro”, analisa.
Insights do estudo
| 10 Profissões do futuro para cuidar do envelhecimento
Novas profissões nascem para atender às pessoas, mostrando mais uma vez que a sociedade caminha mais rápido que qualquer instituição. Dessa forma, uma profissão inexistente hoje pode ser a carreira dos sonhos de quem prestar vestibular em 2030. O TrendBook Sociedade traz uma lista das 10 profissões ligadas à longevidade populacional.
Cuidador de Idosos | Responsável por auxiliar nas tarefas domésticas para garantir o bem-estar da pessoa idosa. Higiene pessoal, suporte no cuidado médico e acompanhamento em consultas são atribuições do trabalho. Média salarial: R$ 1.271,82
Geriatra | Esse profissional é o médico especialista no tratamento de idosos, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida da longevidade. Atua ao lado de enfermeiros, fisioterapeutas e educadores físicos. Média salarial: R$ 8.271,27
Gerontólogo| A Gerontologia estuda o processo de envelhecimento pela perspectiva social, psicológica e biológica. Média salarial:R$ 3.793,25
Terapeuta ocupacional | Costuma trabalhar em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs), clínicas e hospitais, apoiando os maduros a manter sua autonomia na sua rotina, a partir das habilidades, limitações e reservas de saúde de cada pessoa. Média salarial: R$ 2.598,45
Conselheiro de aposentadoria |Essa é uma das 10 tendências de profissão do futuro, segundo a Fundação Instituto Administração (FIA). Além do planejamento financeiro, esse profissional apoia na decisão de alternativas de investimento, escolha de plano de saúde, plano de carreira e programação do tempo. Média salarial: Não há.
Consultor de bem-estar para idosos | Interdisciplinar, sem uma formação própria, essa profissão combina conhecimentos diversos de finanças, recursos humanos e até saúde e bem-estar. Pessoas formadas em Gerontologia ou terapia ocupacional podem exercê-la. Média salarial: Não há.
Bioinformacionista | Vindo da Biomedicina, esse profissional combina as informações genéticas com a metodologia clínica para desenvolver medicamentos personalizados cada vez mais eficientes para doenças genéticas. Média salarial: Entre R$ 4 mil e R$ 7 mil.
Cuidador remoto | Conhecido como Walker/Talker, por meio de uma plataforma on-line, essa pessoa é contratada para passar um tempo com os maduros, praticando a escuta ativa e a conversa, para diminuir a solidão e manter ativa sua sociabilidade. Média salarial: Não há.
Curador de memórias pessoais | O trabalho envolve desde a investigação de notícias e biografias para pessoas que perderam a memória até criação de biografias, perfis póstumos, histórias de famílias e empresas. O resultado pode ser entregue na forma de livro, filme ou uma experiência em realidade virtual. Média salarial: Não há, mas o piso cobrado pelo trabalho é de R$ 1 mil.
Especialista em adaptação de casa | Com a tendência de Aging in Place, é cada vez mais necessária a adaptação de casas de família para atender às necessidades dos idosos. As modificações vão do tipo de piso à altura da prateleira, largura dos corredores e adaptação do banheiro. Média salarial: Não há, mas pode ser comparada a de um arquiteto ou gerontólogo.
Trabalho e Previdência Versus Extensão da Vida
Mabel Amber/Pixabay
No capítulo, O Bê-á-Bá da Previdência, o TrendBook Sociedade traz uma análise sobre o sistema previdenciário nacional – um pacto entre gerações no qual trabalhadores de hoje são os responsáveis por custear a aposentadoria daqueles que saíram do mercado de trabalho – e a relação futura com o aumento da longevidade populacional. Em 1980, a proporção era de 9,2 pessoas em idade ativa trabalhando para cada aposentado; em 2060 serão 1,6 trabalhador para cada idoso. Na prática, há grandes desafios no modelo da previdência nacional, sendo o aumento da taxa do envelhecimento um dos principais.
Em entrevista ao estudo, o economista Roberto Teixeira da Costa analisa formas de encarar a aposentadoria e aponta como os brasileiros de diferentes gerações podem se preparar para o futuro. “Acredito que deveríamos criar mecanismos para redistribuição de renda para aposentados; recursos que mitiguem os problemas causados pela desigualdade”, avalia. Estamos diante de uma condição social inédita. A geração baby boomer é a primeira a ingressar na aposentadoria em uma era em que as pessoas vivem mais de 100 anos.
O estudo analisa as previdências sociais pelo mundo e traz o Índice Global de Pensões, que aponta que muitos países estão promovendo mudanças em direção a sistemas mais sustentáveis. Entre as medidas comuns, aumento da idade para se aposentar; aumento do nível de poupança (dentro e fora dos fundos de pensão); ampliação da cobertura de pensões privadas para toda a força de trabalho, incluindo autônomos e contratados; preservar os fundos de aposentadoria, limitando o acesso aos benefícios antes da idade de aposentadoria; e aumento da confiança de todas as partes interessadas por meio da transparência dos planos de pensão.
As novas sociedades envelhecidas
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No capítulo, destaque para O Telhado Branco do Mundo que analisa A Década do Envelhecimento Saudável – parte da Estratégia Global sobre o Envelhecimento e a Saúde, da Organização Mundial da Saúde (OMS). O documento recomenda que até 2030 seja conduzido um plano de colaboração combinada, catalítica e sustentada em prol da temática. Um alerta pertinente recai para a questão de gênero. As mulheres costumam viver mais do que os homens; em 2017, elas eram 64% da população mundial 60+, sendo que 61% tinham mais de 80 anos.
As que nascerem entre 2020 e 2030 terão uma expectativa de vida de três anos a mais do que os homens nascidos no mesmo período. Entretanto, o estudo mostra que as mulheres maduras são mais pobres; têm menos economias e ativos que os homens por conta de uma jornada de vida de discriminação – algo que afeta a equidade de oportunidades.
Entre os países que integram a Organização para a Cooperação de Desenvolvimento Econômico (OCDE), a pensão paga às mulheres é, em média, 27% menor do que a dos homens. As maduras estão, em algumas partes do mundo, entre as mais vulneráveis à pobreza e em desvantagem quando o assunto abarca propriedades e heranças de terras. Por conta das barreiras educacionais, as mulheres são desproporcionalmente afetadas pela automação das funções, pelas mudanças tecnológicas e pela inteligência artificial. A força de trabalho feminina compõe o maior número de cuidadores não remunerados, incluindo o setor informal.
Preconceito contra um futuro longevo
O ageísmo está dentro de casa, nas ruas e nas empresas. Na pandemia, o grupo de 60+ foi o mais atingido pelo desemprego: mais de 1,3 milhão de pessoas com sessenta anos ou mais deixaram de trabalhar ou de procurar emprego, o que representa 64% dos brasileiros sem uma colocação profissional. Para a geriatra Karla Giacomin, vice-presidente do Centro de Longevidade Internacional-Brasil (ILC-Brazil), a invisibilidade no processo do envelhecimento e dos direitos relacionados à velhice prejudica a inclusão do tema nas pautas políticas.
Preparar o mundo para o envelhecimento
Foto: MedicalNewsToday
Cresce o número de cidadãos acima de 60 anos nas zonas urbanas do mundo; os governantes precisam levar em consideração as necessidades e demandas dessa população prateada. O estudo mostra que o número de pessoas 60+ irá crescer 16 vezes até 2050. Para auxiliar governos e países a criarem um ambiente age-friendly, a OMS criou um guia com diretrizes de como transformar cidades em espaços onde pessoas de todas as idades possam viver de forma saudável. O TrendBook Sociedade analisa as recomendações nos tópicos Engajamento social, Serviços municipais e Infraestrutura.
Cada vez mais sozinhos. No Brasil, já são mais de 4 milhões de 60+ que vivem sozinhos, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); na cidade de São Paulo, dos mais de 1,8 milhão de idosos, 290.771 (16%) vivem sozinhos; desses, 22.680 têm mais de 90 anos. O estudo traz um mapa, por Estado, dos sessenta mais que residem sozinhos.
Cenários prateados
Na análise, iniciativas em vários países que mostram a adaptação das sociedades à conquista da longevidade. Prédios públicos, transporte, moradia, participação social, trabalho e engajamento cívico, comunicação e informação. Além disso, traz um ranking das melhores cidades brasileiras para viver após os sessenta anos: São Caetano do Sul, São Paulo (longevidade e bem-estar); São Paulo, capital (finanças); Atibaia, São Paulo (habitação); Birigui, São Paulo (educação e trabalho); Caraguatatuba, São Paulo (cultura e engajamento); Brusque, Santa Catarina (qualidade de vida); e Campo Largo, Paraná (cuidados com a saúde).
Ecossistema social da longevidade
Na análise, iniciativas de governos, empresas, sociedade civil, coletivos e indivíduos têm apoiado o envelhecimento do país em prol da qualidade de vida dos sessenta mais. Embora as iniciativas sejam pontuais e muito associadas à saúde, despontam ações que ampliam o repertório governamental para abarcar setores como cultura, lazer e habitação. Por outro lado, a sociedade civil se mobiliza com iniciativas criativas para combater uma ameaça da longevidade, sobretudo em tempos de pandemia: a solidão. Incluir o idoso na ágora pública tende a ser a resposta dada por muitas das iniciativas, tanto governamentais quanto da sociedade civil.
Um aspecto interessante trazido pelo inusitado contexto de distanciamento social foi a nova dimensão de compreensão social do papel e dos desafios enfrentados pelos mais velhos na sociedade. De invisíveis, eles passaram a ser vistos como um grupo de risco que deveria ser protegido. Nesse cenário, muitos cidadãos decidiram conduzir iniciativas para combater o isolamento e o etarismo; ações para incluir os longevos de maneiras possíveis e seguras. Surgindo a partir do interesse de um indivíduo, de uma família, de uma comunidade, de uma universidade, de uma empresa ou até de uma rede internacional. O estudo traz iniciativas brasileiras como a Vila do Idoso (São Paulo); SESC (atividades culturais e esportivas); Governo da Paraíba (moradia); Brasília, Distrito Federal (Sua Vida Vale Muito); Me pede que eu canto (Rio de Janeiro, iniciativa da sociedade civil); Meninas de Sinhá (Belo Horizonte, Minas Gerais), entre outros. No Mapa Social da Longevidade, perfis de pessoas que estão transformando a forma de envelhecer no país.