Arquivo da tag: psicologia

Psicólogo alerta sobre os riscos da automedicação com ansiolíticos e antidepressivos

Segundo pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF), quase metade dos brasileiros se automedica pelo menos uma vez por mês e 25% o faz todo dia ou pelo menos uma vez por semana. Ainda de acordo com o estudo, a automedicação é um hábito comum a 77% dos brasileiros.

“É uma cultura que precisa mudar. A população precisa adquirir a consciência de que remédios não são inofensivos e trazem riscos à saúde”, diz Filipe Colombini, psicólogo e CEO da Equipe AT.

Com a pandemia e o aumento dos casos de ansiedade e depressão, a automedicação com ansiolíticos e antidepressivos aumentou exponencialmente. Muitas vezes, a recomendação sobre o uso de determinados remédios vem de colegas, familiares ou mesmo de buscas na internet.

“Antes de receitar medicamentos, o médico psiquiatra faz uma avaliação minuciosa, justamente para atender as necessidades e particularidades de cada paciente”, diz Filipe. “O uso indiscriminado de remédios, além de não tratar efetivamente os transtornos mentais, já que cada tratamento deve ser individualizado, ainda pode levar à dependência e crises de abstinência”, completa.

Outra situação perigosa é quando a pessoa acha que a medicação não está sendo suficiente e passa a aumentar a dose e fazer uso de outros remédios em conjunto. “As interações medicamentosas podem levar a vômitos, perda da consciência e convulsões e, em alguns casos, até mesmo a óbito”, diz o especialista.

Existe ainda o processo de “desmame” do medicamento, que acontece, por exemplo, quando o psiquiatra avalia que o remédio prescrito não está sendo eficaz, na presença de efeitos colaterais significativos ou, ainda, quando o profissional considera que já não há mais necessidade no uso da medicação.

“Nestes casos, o psiquiatra faz recomendações importantes sobre a redução gradual do remédio, para evitar diversos efeitos adversos e prevenir o chamado “efeito rebote”, onde os sintomas do transtorno mental podem voltar de forma ampliada e mais agressiva”, alerta Colombini.

Filipe Colombini

É psicólogo, fundador e CEO da Equipe AT, empresa com foco em Acompanhamento Terapêutico (AT) e atendimento fora do consultório, que atua em São Paulo (SP) desde 2012. Especialista em orientação parental e atendimento de crianças, jovens e adultos. Especialista em Clínica Analítico-Comportamental. Mestre em Psicologia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP). Professor do Curso de Acompanhamento Terapêutico do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas – Instituto de Psiquiatria Hospital das Clínicas (GREA-IPq-HCFMUSP). Professor e Coordenador acadêmico do Aprimoramento em AT da Equipe AT. Formação em Psicoterapia Baseada em Evidências, Acompanhamento Terapêutico, Terapia Infantil, Desenvolvimento Atípico e Abuso de Substâncias.

Você está consumindo notícias ou as notícias estão te consumindo?

Denize Savi, especialista em Ciência da Felicidade explica como lidar com a avalanche de acontecimentos globais e como evitar ciclos de tristeza e angústia

Sejamos honestos: 2022 não tem sido tão atrativo como imaginávamos. Da pandemia que não dá trégua, a guerras, crises ambientais e problemas socioeconômicos, a sociedade tem lidado com uma enxurrada de notícias perturbadoras diariamente. E, embora manter-se atualizado sobre as notícias do mundo seja importante, o consumo exagerado pode prejudicar a saúde mental. De acordo com um estudo publicado pela Universidade da Califórnia, acompanhar os acontecimentos globais, apesar de necessário, pode realmente causar ou agravar os sintomas de ansiedade.

Canva

Segundo a especialista em Ciência da Felicidade, com MBA em Psicologia Positiva Denize Savi, as notícias negativas têm um maior impacto emocional e neurológico, fazendo com que o ser humano tenha a tendência a ser negativo. “Tendo consciência disso, passamos a ser mais vigilantes com os nossos pensamentos. É importante lembrar que pensamentos são só pensamentos, não verdades absolutas. Não precisamos nos identificar com eles; precisamos apenas ter a atitude de deixá-los ir, sem julgamentos, simplesmente retornando à atenção para onde ela estava antes”.

Dessa maneira, uma das dicas principais da especialista é se atentar em buscar fontes confiáveis e que te deixem confortável na hora de se informar. “Outra coisa importante é não se pressionar. Alguma notícia em específico está te deixando angustiado? Faça uma pausa, respire, dê um tempo e permita-se distrair um pouco”- aconselha. E, ainda falando sobre se informar com mais consciência, é importante se policiar para não encher a mente com coisas logo antes de dormir ou ao acordar. “Ler, ouvir ou assistir notícias ruins logo de manhã desencadeia sintomas de ansiedade e tristeza que permanecem o dia todo.”.

Utilizar técnicas de mindfuness também é indicado. Essas técnicas são métodos de treinamento mental que ajudam a tranquilizar a mente. Uma das recomendações de Denize é a “Pausa Transacional’, que são microintervalos entre uma tarefa e outra para respirar. “Praticar respirações profundas ajudam muito., ainda mais durante crises de ansiedade”, garante a pesquisadora.

Para realizar a técnica, use o tempo de quatro segundos para cada passo:
-inspire e segure contando até quatro;
-agora expire contando até quatro;
-com o pulmão vazio, segure a respiração por quatro segundos;
-repita o processo de 3 a 5 minutos.

O importante mesmo é se priorizar, e para isso, organizar os hábitos do dia a dia se torna uma prática essencial para a saúde mental. Denize Savi aconselha separar um tempo para ler as notícias do dia, para praticar exercícios, para comer, etc. “Respeite seu tempo e limite. Tudo isso ajuda a aliviar a tensão”. Por fim, a especialista incentiva a exercitar o nosso otimismo.

É normal ter pensamentos ruins, mas é importante não deixa-los te dominar. De acordo com a pesquisadora, exercitar o otimismo não é necessariamente ver o lado bom em tudo. “A Psicologia Positiva oferece várias ferramentas de incremento de bem-estar e qualidade de vida, a partir do desenvolvimento de forças como amor, gratidão, otimismo e a resiliência. Através das quais é possível ver o mundo com outros olhos. Não os olhos de quem se aliena, pelo contrário, os olhos de quem está mais do que atento para ajudar a transformar o mundo num lugar melhor.” pontua a profissional.

Fonte: Denize Savi é jornalista especializada em Ciência da Felicidade, com MBA em Psicologia Positiva, Neurociência e Comportamento; além de coordenar a ONG Doe Sentimentos Positivos — projeto de gentileza urbana sediado em São Paulo

Como funciona e quais são os benefícios da musicoterapia?

A música tem uma grande influência na vida das pessoas, podendo ajudar na saúde mental

Quando estamos felizes, procuramos escutar canções animadas. Em momentos de tristezas, escolhemos as que cantam letras mais melancólicas. O som ativa diversas áreas do cérebro, mexendo com as emoções, os comportamentos e até mesmo a saúde mental. Ele tem um poder terapêutico que pode ajudar as pessoas com ansiedade ou depressão.

Ana Cláudia Alexandre, doutoranda em Psicologia Clínica e coordenadora do curso de Psicologia da Uninassau Olinda, explica que a musicoterapia é um método bastante indicado pelos profissionais da área.

“A canção deve ser escolhida de acordo com a situação do paciente. O objetivo é fazer com que a melodia acalme a pessoa, trazendo uma sensação de conforto e bem-estar. Se a insônia for um dos sintomas, a dica é que ela coloque uma música mais suave durante a noite com o intuito de relaxar o corpo”, detalha. A psicóloga reforça que esse é um tratamento adicional, ou seja, deve ser acompanhado por medicamentos prescritos.

Escrever os pensamentos em forma de música também é algo trabalhado na musicoterapia. “Muitas vezes, as pessoas não conseguem falar o que sentem, mas têm uma facilidade em colocar os sentimentos em um papel. Durante as sessões, o paciente ainda pode procurar melodias e ir criando, aos poucos, sua própria canção”, afirma Ana Cláudia.

A coordenadora reforça que ouvir músicas é uma ótima forma de lidar com os próprios sentimentos e ainda permite que as pessoas se comuniquem por meio delas. Esse tratamento vem ganhando espaço e trazendo bons resultados. Por isso, sempre que possível, é indicado separar um tempo para as canções com o objetivo de estimular o seu corpo.

Fonte: Uninassau Olinda

4 hábitos que aumentam a ansiedade e sugam sua energia

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que o Brasil tem o maior número de pessoas ansiosas do mundo: 18,6 milhões de brasileiros (9,3% da população) convivem com o transtorno. No primeiro ano da pandemia, a prevalência global de ansiedade e depressão aumentou em 25%, de acordo com um estudo recente da OMS.

“Se já não bastasse o mundo caótico nos deixando em constante estresse, ainda temos que lidar com nossos próprios desafios, como hábitos e comportamentos adquiridos ao longo da vida e que se internalizam, sendo que muitos deles nos impactam negativamente e nem percebemos. São práticas tão automáticas que já viram rotina, mas vão sugando nossa energia diariamente”, afirma Monica Machado, psicóloga pela USP, fundadora da Clínica Ame.C, pós-graduada em Psicanálise e Saúde Mental pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein.

Segundo ela, o primeiro passo é reconhecer os hábitos nocivos, perceber seus efeitos negativos e se prontificar às mudanças. Para isso, a psicóloga listou alguns dos comportamentos que trazem prejuízos na qualidade de vida, mas que podem ser revertidos:

Sabotar a hora de acordar
Quando você faz isso, inconscientemente quer reivindicar o controle da sua vida, como se pensasse “eu decido a hora de levantar”. O problema é que esse hábito faz você entrar em um modo automático de procrastinação e deixar tudo para mais tarde. É realmente dessa forma que você quer começar seu dia? Levantar assim que o despertador toca interrompe esse processo e ajuda a começar o dia com tempo suficiente e sem correria. “Adotando isso como regra de vida, passamos a diminuir uma tendência de pensar excessivamente sobre cada detalhe, o que muitas vezes nos paralisa, e partir para a ação no momento em que ela nos chama, decisão que fará toda a diferença quando temos metas a cumprir”, diz Monica Machado.

Lotar a agenda sem incluir tempo para você
Passamos muito tempo envolvidos com detalhes da rotina, do trivial e do outro, o que não só reduz nosso tempo, como desvia a atenção do autocuidado. Se não dedicamos tempo para nós e para o que desejamos, ao final do dia só o que sentimos é um vazio, apesar de termos feito mil coisas. “Bloquear momentos para nós e para nossas prioridades não é egoísmo, é oxigênio para nossa vida. Se cuidamos de nós, estamos mais potentes para cuidar dos outros. Nossos dias passam a ter mais significado e experimentamos a sensação de satisfação por estarmos caminhando rumo ao nosso objetivo, incluindo nós mesmos”.

Alimentar pensamentos negativos
Quando você define uma lente pela qual enxergará o mundo, seu cérebro começa a captar as coisas sempre focado nela. E sempre que acontece algo que valida essa lente, ele manda sinais para prestarmos atenção naquilo. O resultado é que o pensamento negativo gera resultados negativos, que confirmam nossos pensamentos negativos, nos colocando em um espiral direto para o fundo do poço. Passamos a ver só o que é ruim e o que dá errado. “A boa notícia é que o contrário também é verdadeiro. Se focarmos no lado bom das coisas, temos a tendência de ver o copo meio cheio. Um exercício fácil e poderoso para entrar nesse novo modo é praticar a gratidão. Você pode começar agradecendo diariamente por 3 coisas bacanas que aconteceram no seu dia”, aconselha Monica.

Comparar-se aos outros e tentar fazer igual
Com as redes sociais nos dando acesso a todas e todos, cair nessa armadilha é muito fácil. Muitas vezes deixamos de ser nós mesmos para tentar agir/ser como alguém que é mais famoso, bonito ou bem-sucedido. Esse é um dos hábitos mais destrutivos que podemos ter. “A comparação e a cópia matam sonhos, paralisam e deixam o mundo mais pobre, pois todos perdem quando um ser humano decide não expressar sua criatividade original. Você nunca será uma melhor versão da pessoa que você copia. O que você faz e fala, o post que você publica, a roupa que você veste, tem que ter a sua cara. Sua força está na sua autenticidade”, finaliza Monica Machado.

Cantar em meio à guerra? Entenda os efeitos da música em nossas emoções

Nos últimos dias, imagens chocantes e de partir o coração após a invasão da Ucrânia pela Rússia circularam pelo mundo. No entanto, em meio a angústia causada pela invasão, um vídeo de uma garotinha cantando “Let it Go” do filme de animação da Disney (2013), viralizou na web. A letra dessa música fala sobre a superação das adversidades, que condiz muito com a situação que o povo ucraniano está vivenciando, o que deixou os internautas ainda mais emocionados.

“O processamento musical é um estímulos que influencia diretamente em diversos estados da nossa consciência, desde estados emocionais, até estados mais racionais, ativando nossa consciência auto reflexiva, por exemplo”, explica a especialista em desenvolvimento humano Madalena Feliciano.

A música se mostrou uma grande aliada em momentos de caos e tensão devido ao que ela causa nas ondas cerebrais, distração, inspiração, esperança, união, emoção, sensibilidade, “diferentes circuitos neuronais são ativados graças à música, já que a percepção e o aprendizagem musical requer e recruta diferentes regiões cerebrais, aumentando a sinapses entre elas”, esclarece Madalena.

Além disso, diversos estudos pelo mundo todo em lugares como Harvard ou Oxford, com ajuda da neuroimagem, também afirmam que a música tem a capacidade de aumentar a neuroplasticidade cerebral (capacidade do sistema nervoso de mudar, adaptar-se e moldar-se a nível estrutural e funcional ao longo do desenvolvimento neuronal e quando sujeito é exposto a novas experiências.)

“O cérebro pode ser condicionado a relacionar estímulos a memórias, como quando sentimos um perfume e lembramos de um pessoa ou ouvimos uma música e ela nos coloca em certo estado de espírito. Esse estímulo influência no nosso estado emocional interno, frequências musicais e letras motivacionais, criam um estímulo interno nas emoções, e que podem ajudar positivamente em ambientes de medo, ansiedade e conflito”, argumenta Madalena.

Assim como a âncora do navio deixa a embarcação parada no porto, a pessoa usa a música para permanecer no estado ideal para a atividade que está desempenhando, aumentando sua determinação e motivação. “Em muitas situações a música traz boas memórias e faz sentir bem. Concentrando-se nesses sentimentos de empoderamento, é possível criar uma âncora emocional que ajuda a pessoa a se centrar mentalmente e não perdendo tanto o controle em meio a situações de ansiedade e desespero”, finaliza Madalena.

Fonte: Madalena Feliciano é empresária, CEO de três empresas, Outliers Careers, IPCoaching e MF Terapias, consultora executiva de carreira e terapeuta, atua como coach de líderes e de equipes e com orientação profissional há mais de 20 anos, sendo especialista em gestão de carreira e desenvolvimento humano. Estudou Terapias Alternativas e MBA em Hipnoterapia.
.

Empresa brasileira oferece consultas gratuitas com psicólogos para mulheres

Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, a Docway, empresa brasileira pioneira em soluções de saúde digital, vai oferecer atendimento gratuito para todas as mulheres que realizarem agendamento no dia 8 de março no site da campanha

A Docway, empresa de saúde digital que oferta soluções completas de telemedicina para empresas de todos os segmentos, constatou que, de 2020 para 2021, houve um crescimento de 500% em casos diagnosticados dentro dos quadros de ansiedade e depressão. Destes, o gênero feminino representa quase 60% dos diagnósticos relacionados à saúde mental.

“As mulheres frequentemente experimentam sofrimento com a dupla jornada de trabalho, e o cenário desencadeado pela pandemia reforçou esse papel. O relato de sentimento de culpa por não produzir incansavelmente ou não conseguir dar conta de tudo tem crescido, sobretudo por vivermos em uma sociedade patriarcal. A cobrança por produtividade constante, reforçada também pelas redes sociais, amplia o sentimento de culpa ou de improdutividade por praticar pausas e descansos saudáveis e necessários. Precisamos olhar com mais carinho e respeito à saúde das nossas mulheres, que representam uma grande e imprescindível força de trabalho nas empresas”, explica Karen Silva, Coordenadora do núcleo de Psicologia da Docway.

Pesquisas de mercado também apontam na direção da saúde da mulher. Segundo estudo encomendado pela Todas Group, edtech de apoio ao desenvolvimento profissional de mulheres, que ouviu 673 mulheres adultas, 70% delas estão preocupadas ou deprimidas em função do trabalho e 63% manifestam tensão causada pela pressão no ambiente corporativo. O estudo aponta ainda que apenas 45% delas acreditam poder conquistar tudo que desejam na empresa, enquanto 53% alegam não receber apoio genuíno das companhias no desenvolvimento de lideranças femininas.

Pensando nisso, hoje, 8 de março, mulheres de todo o país poderão agendar consulta com um psicólogo de forma 100% gratuita, sem limite de sessões de recorrência, válidas até o final de 2022. Isso significa que a pessoa poderá fazer quantas consultas forem necessárias para alcançar seu bem-estar. Além disso, a mulher interessada não precisa realizar a consulta no dia 8, ela tem apenas que acessar a plataforma para fazer o agendamento da primeira consulta no melhor dia e hora ao longo do ano. As demais consultas serão agendadas pelo próprio profissional, se ele entender como necessária a continuidade do tratamento.

“Acredito que precisamos ter uma visão holística, ir além de questões biológicas, para encarar com um olhar justo e maduro as condições de gênero que sobrecarregam o emocional de tantas mulheres, implicando em diferentes consequências danosas à saúde mental. O mercado de trabalho já vem sofrendo mudanças importantes, mas é preciso adotar medidas concretas, estabelecer índices e métricas e trazer para o centro do debate. Nesse quesito, a saúde digital veio para ser uma grande aliada”, comenta Fábio Tiepolo, CEO da Docway.

Para conseguir o agendamento é bem simples: basta a paciente acessar o site específico da ação ou ligar para o número 4020 2487 e escolher o melhor dia e horário para a consulta. O atendimento será realizado por um psicólogo parceiro Docway que dará todo suporte humanizado necessário à paciente, evitando possíveis autodiagnósticos e automedicações, sem filas e com a orientação adequada.

Informações: Docway

Busca incansável por felicidade pode ser prejudicial*

A felicidade também pode ter uma função tóxica para o ser humano quando se trata de uma emoção forjada. Na verdade, a prática dessa busca incansável por felicidade e positividade pode ser prejudicial. A ditadura da felicidade nega a natureza humana, que é composta por altos e baixos. A pessoa passa a se culpar por não ser sempre otimista e estar sempre feliz, o que gera mais negatividade.

Nosso corpo e nossa mente respondem pior ao estresse quando negamos o que estamos sentindo. É impossível estarmos bem quando estamos em guerra com nós mesmos. Todos sentimos dor, tristeza, raiva, inveja, ciúme. Essas são emoções transitórias que fazem parte da natureza humana. Mas a pressão para estar sempre bem, invalida a grande gama de emoções que experimentamos. Logo, quando sentimos qualquer tipo de desconforto emocional — como a raiva e a tristeza — está subentendido que fracassamos e que somos inadequados ou fracos.

A felicidade também pode ser nociva se estiver relacionada à chamada ‘positividade tóxica’. Positividade tóxica é a crença que um estado feliz e otimista é desejável, possível e apropriado em todas as situações. Ela resulta na negação, minimização e invalidação da experiência emocional humana autêntica, deslegitimando a existência de certas emoções e sentimentos, que fazem parte da nossa experiência genuína. Isso já existia antes das redes sociais.

O pensamento positivo é um bem de consumo que alimenta um mercado multimilionário de filmes, livros, treinamentos e palestras há muitas décadas. Mas, certamente, a positividade tóxica encontrou um aliado nas redes sociais. Porque quando o ser humano se expõe socialmente, é natural que exista um esforço para que o outro o veja com bons olhos. Fica mais claro se lembrarmos que, em termos evolutivos, a sobrevivência do indivíduo humano depende do suporte do seu grupo.

Por isso, nosso cérebro desenvolveu um mecanismo, conhecido pelos pesquisadores como sociômetro, cuja função é julgar ou imaginar qual será a percepção dos outros ao nosso respeito. As pesquisas mostram que fazemos isso o tempo todo, inclusive sem termos consciência. Quando percebemos que somos admirados, a nossa autoestima aumenta, reforçando a atitude que gerou admiração. Quando percebemos que somos ou podemos ser mal vistos, nossa autoestima diminui.

E mais. Nós desejamos status, reconhecimento e aprovação social. As pessoas passam horas trabalhando em seus perfis sociais, construindo uma imagem que não condiz com quem realmente são. Já que a felicidade é reconhecida na nossa sociedade como um troféu, elas passam a divulgar apenas os momentos felizes. As redes sociais popularizam a ideia de que é possível ter uma vida livre de sofrimento. Raramente as pessoas publicam suas falhas ou destacam seus erros. Seguimos vidas artificialmente fabricadas e, como resultado, ficamos com a impressão de que todos estão lidando com tempos difíceis ‘melhor do que nós’, e isso promove uma sensação de solidão, vergonha e constrangimento. Quando o perfeito se torna normal, o bom se torna descartável.

Não tem nada de errado em vermos o lado positivo. Pelo contrário, é saudável entendermos a natureza multifacetada dos eventos e das pessoas. A positividade saudável reconhece emoções autênticas e rejeita o entendimento de que uma situação é necessariamente só boa ou só ruim. Emoções opostas podem acontecer simultaneamente. Ou seja, você pode ficar triste por perder seu emprego e ter esperança de encontrar um novo emprego no futuro. Algumas décadas de pesquisa mostram que a capacidade de ressignificar eventos é um dos principais fatores que suportam a resiliência humana. Ou seja, quando construímos sentido a partir das adversidades, tirando lições proveitosas do que nos acontece, conseguimos crescer a partir dos nossos desafios em vez de ficarmos piores por causa deles.

*Adriana Drulla é mestre em Psicologia Positiva, pela Universidade da Pennsylvania, é especialista em Compaixão e Autocompaixão. Estudou com Martin Seligman, psicólogo fundador da psicologia positiva, e outros pesquisadores referência neste campo nos Estados Unidos e no mundo. Formada em Conscious Parenting por Shefali Tsabary, psicóloga referência em parentalidade e autora do método que une psicologia, parentalidade e espiritualidade, é também especialista em Mindfulness e Autocompaixão pela Universidade da Califórnia, em San Diego (EUA) e pela USP.

A importância da musicoterapia para a saúde mental

Como a música pode ajudar no tratamento e qualidade da saúde mental

Quem nunca ouviu que, para começar bem o dia, é importante ouvir uma música bem animada logo de manhã? Apesar de ter se tornado até mesmo senso comum, a raiz desse ditado é científica. Ouvir a música preferida tem grande influência sobre o humor e qualidade de vida. Por isso, com inúmeros benefícios para o nosso bem-estar, a música, além de lazer, “também pode ser utilizada como método terapêutico”, afirma o psicólogo e musicista Alessandro Scaranto.

Depois de um dia estressante no trabalho ou cansado no trânsito, ouvir uma música pode, sem dúvida, mudar o nosso humor. Isso porque “a música evoca em nós emoções e sentimentos diferentes”, afirma o especialista em saúde mental. Com determinadas emoções ativadas, a música consegue melhorar a nossa criatividade, humor, concentração e bem-estar.

Fora do dia a dia comum, a arte dos sons também pode ser usada como forma terapêutica. Isso porque, a música ajuda a expor problemas internos de uma forma tranquila, que não se priva somente à utilização das palavras para expressar as emoções sentidas.

“Há músicas que contêm memórias de momentos vividos. Trazem-nos de volta um passado. Lembramo-nos de lugares, objetos, rostos, gestos, sentimentos. (…) Mas há músicas que nos fazem retornar a um passado que nunca aconteceu”, afirma Rubem Alves, psicanalista e educador. Ao complementar a citação de Alves, Scaranto afirma que há músicas que nos direcionam a um futuro que pode acontecer.

Desse modo, por meio da musicoterapia é possível sentir, compreender, expressar e perceber sentimentos e emoções difíceis de expor. A raiva, o medo, a tristeza e a preocupação são sentimentos que, por meio dos sons, são colocados para fora e, assim, se tornam mais fáceis de serem tratados.

“Cantar, ouvir ou tocar uma música tem um grande poder sobre as emoções das pessoas”, atesta Scaranto. Mesmo quando não é você quem está cantando, a música, pela letra ou pela melodia, faz você entrar em uma nova realidade que te tira de toda a aura em que se encontra. “Desse modo, de acordo com a sonoridade ouvida, o paciente consegue sentir as suas emoções representadas, mesmo que a letra não retrate exatamente a realidade em que ele vive”, completa.

Nos consultórios, a música pode ser ouvida, cantada, ou até mesmo tocada. Sempre de acordo com a realidade do paciente, também é possível a utilização de karaokês para a expressão das emoções. Assim, mesmo fora da sala de consulta, o paciente consegue também utilizar no seu dia a dia a música como uma válvula de escape. Para finalizar, Scaranto explica que a musicoterapia ajuda na melhora do humor, da criatividade e em questões físicas, como na regularização da frequência e respiratória em pacientes com doenças arteriais ou coronárias.

Fonte: Alessandro Scaranto – Psicólogo – Especialista em Saúde Pública e Saúde da família
Acupunturista

Pensamentos suicidas: como evitá-los?

No Setembro Amarelo, psicólogo explica como funciona a mente de uma pessoa que pensa em tirar a própria vida e faz alerta

Setembro é o mês destinado à prevenção ao suícidio, com disseminação de mensagens e informações públicas com objetivo de conscientizar as pessoas sobre como agir e lidar com o assunto. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, 12.895 pessoas cometeram suícidio no Brasil em 2020, evidenciando uma tendência de alta durante a última década, visto que o número de casos em 2012 era de 6.905.

A prevenção ao suicídio requer o esforço da sociedade, alinhando estratégias que englobem o trabalho em nível individual e coletivo. Felipe Laccelva, psicólogo e CEO da plataforma de atendimentos Fepo, explica que o suícidio é apenas o último ato de uma pessoa que já passou por diversas situações.

“O suicídio é o desfecho de eventos anteriores e nunca um fato isolado da vida individual. Envolve questões psicológicas, biológicas, culturais e ambientais. Uma pessoa que pensa em suicídio está pedindo ajuda, e já chegou em um ponto que o sofrimento se tornou impossível de suportar, sendo a única saída que consegue encontrar”, declara Laccelva.

Iniciativas, mesmo que simples, podem ser fundamentais para ajudar a prevenir um ato de suicídio, como o ambiente familiar agradável e passar um tempo de qualidade com os amigos, promovendo momentos de aproximação e meios de se reunir e conversar.

Uma pessoa que está pensando em suícidio pode se sentir sozinha. Assim, um ambiente acolhedor é fundamental para ajudar na recuperação e dar suporte, além de, todos ao redor, permanecerem abertos para escutar, sem realizar julgamentos, para trazer a segurança necessária para compartilhar as angústias e sentimentos.

O papel da saúde mental na prevenção ao suícidio

Gerd Altmann/Pixabay

Assim como a física, a saúde mental é parte integrante e complementar da manutenção das funções do corpo. Por isso, a promoção da saúde mental é essencial para que o indivíduo tenha a capacidade necessária de executar bem as habilidades pessoais e profissionais no dia a dia.

Pesquisas da Assossiação Brasileira de Psiquiatria mostram que, em torno de 96% dos casos de suicídio, possuem relações com transtornos mentais. Quem deseja tirar a própria vida, possivelmente está passando por um quadro de doença mental, e isso influencia a forma como percebe o mundo e como avalia os próprios pensamentos, as relações e, até mesmo, o livre arbítrio.

Quando um indivíduo não está bem, e não tem nenhum tipo de suporte, é provável que as escolhas que faça para própria vida não sejam as mais adequadas. Essas sucessíveis escolhas ruins podem levar para um caminho que, aos poucos, prejudique a saúde mental.

Laccelva lista cinco dicas que podem colaborar, no curto prazo, para manter a saúde mental saudável:

-Converse sobre os seus sentimentos;
-Aproveite a companhia dos amigos e familiares;
-Cuide do seu corpo;
-Tenha momentos de lazer;
-Tenha uma boa noite de sono.

Quais os sinais transmitidos por uma pessoa de que a saúde mental não está bem?

Ilustração: Serena Wong/Pixabay

“A maioria das pessoas que tenta o suicídio fala a respeito disso, comentam sua percepção sobre a morte. Isso acontece dias ou semanas antes da tentativa, porque é algo que é construído dentro da pessoa”, comenta o psicólogo Laccelva.

Mudanças bruscas de apetite e comportamento, isolamento de pessoas que antes era próxima, problemas com o sono, são todos pequenos sinais emitidos pelo corpo de que o estado mental por não estar nas melhores condições.

Uma consulta com psicólogo é pouco para determinar toda a situação clínica de um paciente. No entanto, os sinais são fornecidos o tempo todo, e quem está em volta poderá perceber. O cuidado e atenção são fundamentais, pois a prevenção ao suícidio se faz individualmente e coletivamente.

“Ainda que uma pessoa possa ter parado de expressar as ideias de tirar a própria vida em algum momento, não quer dizer que ela esteja bem. O acompanhamento deve permanecer, já que existe a possibilidade de estar atravessando apenas um momento mais calmo, porém as questões permanecem dentro dela”, finaliza.

Sobre a Fepo

Fundada em 2018 pelo psicólogo Felipe Laccelva, a Fepo é uma startup digital especializada em atendimentos psicológicos, com terapias a partir de R$38,00 e mais de 60 profissionais disponíveis. Desde o início da pandemia, já realizou mais de 27 mil sessões, resultando em um crescimento de 1870%.

Menos autocrítica e mais autocompaixão

Mestre em Psicologia Positiva pela Universidade da Pennsylvania nos Estados Unidos e Pós Graduada em Terapia Focada em Compaixão pela Universidade de Derby na Inglaterra, Adriana Drulla ensina quatro passos que ajudam a corrigir os próprios erros usando a autocompaixão

Quando você se critica o tempo inteiro, pensando sobre como é incompetente, inferior ou inadequado, ou ruminando sobre todos os erros do passado, você destrói a autoconfiança que precisa para evoluir. O autoataque pode carregar sentimentos de desprezo, raiva ou impaciência em relação a si mesmo.

Quando você sofre por antecipação “espero que eu não estrague tudo”, antes de uma apresentação importante. Ou quando recebe um elogio e julga “não foi tão bom assim”, “qualquer um poderia ter feito a mesma coisa”. A autocrítica severa inflaciona a culpa e desconsidera todos os fatores externos que contribuíram para que você agisse de tal forma.

O autocriticismo excessivo impede a pessoa de arriscar novos sonhos, de se colocar em público, de progredir profissionalmente ou nos relacionamentos. Quando o erro é aversivo demais, evitamos tentar. Segundo Adriana Drulla, uma das ironias a respeito do autocriticismo excessivo é que sofremos nas mãos do crítico interno, mas, mesmo assim, tememos abandoná-lo. Achamos que nossa evolução pessoal depende da autocrítica.

“De certa forma, isso não deixa de ser verdade. Mas é a correção compassiva que nos ajuda a melhorar. É ela que nos dá clareza para avaliar os nossos comportamentos e assumir a responsabilidade por nossos erros, nos tornando melhores como indivíduos e como parceiros”, explica a especialista.

Quando a motivação é compassiva, olhamos para nossos erros não porque somos inferiores, mas porque queremos o que é melhor para nós e para os demais. Ser bom e valoroso não implica ser livre de erros e defeitos. Podemos melhorar sempre porque somos humanos e, portanto, naturalmente imperfeitos.

Na autocorreção compassiva, não é o senso de valor que está em jogo, mas o bem-estar. A seguir, Adriana destaca quatro dicas para quem se corrigir com mais autocompaixão:

Considere primeiro seus próprios valores – você pode até criticar a sua conduta ou o seu comportamento, mas não duvidar sobre o seu valor. Você pode até ter feito algo ruim, mas isso não significa que você seja ruim. Para que a decepção em relação à conduta não atinja seu autoconceito, lembre-se que defeitos e erros são o que nos fazem humanos, iguais aos demais, e não diferentes ou inferiores. Nossos erros são parte de quem somos, mas eles não nos definem.

Avalie a natureza dos acontecimentos – o ambiente pode nos moldar e raramente somos os únicos responsáveis. Até nossas características pessoais se desenvolveram a partir do ambiente em que vivemos. Muitos fatores contam para nossas atitudes. Certamente outras pessoas agiriam como você, em situação similar. Erros não são frutos de má vontade ou incompetência.

Será sempre sua responsabilidade assumir e consertar seus erros – porém é mais fácil e produtivo pensar em soluções a partir das habilidades ou dos recursos que você já tem. Se você está decepcionado porque costuma perder a paciência com alguém, pense como você pode usar a sua capacidade e recursos para agir diferente da próxima vez.

Seja compreensivo consigo mesmo – converse com você como falaria com um grande amigo que passasse por uma situação similar. Ou então reflita sobre como alguém que te ama e te admira falaria com você diante desta situação. Conectar-se com o seu amor próprio, antes de corrigir-se é essencial.

Fonte: Adriana Drulla é Mestre em Psicologia Positiva pela Universidade da Pennsylvania (EUA), e pós-graduada em Terapia Focada em Compaixão pela Universidade de Derby (Inglaterra). Estudou com Martin Seligman, psicólogo fundador da psicologia positiva e com Paul Gilbert, psicólogo criador da Terapia Focada em Compaixão.