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Reumatologista ou ortopedista: as principais diferenças e como saber qual médico consultar

É comum as pessoas ficarem na dúvida após notar alguma dor persistente se é melhor procurar um médico reumatologista ou um ortopedista, tendo em vista, que as duas especialidades são parecidas e em alguns casos até se complementam.

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Contudo, ambas as áreas possuem suas especificidades. O reumatologista, geralmente, trata de casos clínicos, além de ter como função diagnosticar, tratar e acompanhar inflamações e doenças autoimunes que atingem tecidos conjuntivos e parte do sistema musculoesquelético, como as articulações, músculos, ligamentos, tendões e ossos.

A reumatologista Cláudia Goldenstein Schainberg ressalta que as principais doenças tratadas por essa especialidade são “a artrose (desgaste da cartilagem), a fibromialgia (dores pelo corpo), a osteoporose (enfraquecimento dos ossos), a artrite reumatoide (juntas inflamadas, deformações e dificuldade de movimentos) e as tendinites (inflamação dos tendões), entre outras”.

Por outro lado, o ortopedista trata de casos cirúrgicos, além de diagnosticar e reabilitar distúrbios mecânicos, associados aos ossos. Os problemas que esse profissional atende pode estar relacionado com luxações, deformidades ósseas, lesões no ligamento, fraturas, etc.

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Uma maneira simplificada para entender qual especialidade procurar em um quadro de dor, vai depender dos sintomas e situações vividas pelo paciente. Quando os primeiros sintomas aparecem após um trauma, por exemplo, uma queda, batida ou torção, o ideal é procurar um ortopedista. Caso as dores sejam crônicas e surjam acompanhadas de dificuldade de movimentação, calor e vermelhidão, o paciente deve procurar um reumatologista, por poderem se tratar de alguma doença reumática.

Fonte: Cláudia Goldenstein Schainberg é especialista em Reumatologia e Reumatologia Pediátrica. Graduada em Medicina pela Universidade Federal da Bahia, mestrado e doutorado em Medicina (Reumatologia) pela Universidade de São Paulo, especialização nos EUA e Canadá. Atualmente é professora e mentora de novos profissionais na Universidade de São Paulo.

Doenças reumáticas podem acometer pessoas de todas as idades

Enfermidades afetam principalmente as articulações, músculos, ligamentos e tendões; ao contrário do senso comum, quadro não é exclusivo de idosos

Os sintomas podem começar com dores constantes. Fechar a mão começa a ser muito mais difícil do que antes. Deitar-se parece tão complexo quanto se exercitar em uma academia. Alguns destes sinais de alerta podem ser indicações de algum reumatismo.

O reumatismo, como popularmente conhecido, na verdade é um vasto grupo de diferentes doenças que podem acometer pessoas em todas as idades. Não são doenças exclusivas dos idosos como se imagina, o que reflete desinformação da população sobre o tema. Pouca gente sabe, por exemplo, que tendinites de repetição, problema tão conhecido de jovens que passam muito tempo no computador, ou uma simples dor nas costas persistente, podem ser manifestações dessas doenças.

Chamadas de doenças reumáticas, essas enfermidades lesam principalmente as articulações, músculos, ligamentos e tendões.

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De todo o grupo, composto por mais de duzentas enfermidades, as mais conhecidas são a artrite reumatoide e a osteoartrite (ou artrose), que afetam cartilagens e articulações e provocam dor, deformidades e limitação de movimentos. Contudo, as doenças reumáticas não se restringem somente às articulações e cartilagens, mas também podem atingir outros órgãos, como pele, coração, olhos, rins e outros.

Jayme Fogagnolo Cobra, reumatologista e coordenador do Serviço de Reumatologia do Hospital Assunção, da Rede D’Or São Luiz, explica que o reconhecimento, diagnóstico e tratamento precoce dessas doenças são fundamentais para o melhor resultado terapêutico.

“É muito comum às pessoas confundirem sinais e sintomas de doenças reumáticas com os de outras doenças e acabarem procurando ajuda inicialmente, em outras especialidades. Muitos pacientes são encaminhados ao Serviço de Reumatologia do Hospital Assunção por ginecologistas, ortopedistas e outras especialidades clínicas”, observa.

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Para saber qual tratamento deve seguir, o paciente precisa primeiro entender de qual tipo de doença está sofrendo. E como depende de cada caso, o melhor é sempre consultar um especialista que possa fazer o diagnóstico precoce e indicar o melhor tratamento, levando em conta idade, gênero do paciente e estágio do problema.

O Hospital Assunção, da Rede D’Or São Luiz, conta com um Serviço de Reumatologia, com atendimento ambulatorial para casos encaminhados, demanda espontânea e também, para atendimento pacientes internados em outras especialidades.

Fonte: Hospital Assunção

 

Sociedade Brasileira de Reumatologia alerta sobre a osteoporose

Mulheres na menopausa são as mais atingidas, sendo que uma a cada três mulheres com mais de 50 anos de idade apresenta a doença e 75% dos diagnósticos são feitos somente após a primeira fratura

A Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) alerta sobre as medidas preventivas para conter o avanço da Osteoporose no Brasil e chama atenção neste mês de conscientização sobre uma das principais doenças reumáticas que mais afeta mulheres no país. A data no calendário mundial é lembrada hoje, 20 de outubro.

A Osteoporose é uma doença reumática que pode atingir todos os ossos do corpo, provocando enfraquecimento com possibilidade de quebra ao mínimo esforço. Os principais tipos desta doença são osteoporose pós-menopausa, sendo comuns ocorrências de fraturas de coluna; osteoporose senil, que atinge pessoas com mais de 70 anos, com ocorrências tanto de fratura de coluna quanto de quadril e osteoporose secundária, que afeta pessoas com histórico de doenças renal, hepática, endócrina ou hematológica.

O presidente da Comissão de Doenças Osteometabólicas e Osteoporose da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), o reumatologista Marco Antonio da Rocha Loures explica que um conjunto de fatores influencia e favorece o desenvolvimento da Osteoporose e que a menopausa é um dos principais fatos para que a doença se instale. Porém, medidas preventivas consideram a prática regular de exercícios físicos,o consumo de alimentos ricos em cálcio e a exposição ao sol – desde a primeira infância – como essenciais para o controle do avanço da doença, assim como evitar bebidas alcoólicas e cigarro e estar muito bem orientado sobre o uso de alguns tipos de medicamentos, que podem ajudar a patologia a se desenvolver.

“No Brasil, aproximadamente 10 milhões de pessoas sofrem de osteoporose. Uma a cada três mulheres com mais de 50 anos tem a doença e 75% dos diagnósticos são feitos somente após a primeira fratura. São seis casos de osteoporose feminina para cada caso de osteoporose masculina. Nos Estados Unidos a incidência é semelhante à do Brasil”, diz o especialista. Porém, quando a doença atinge homens, embora em menor proporção, a taxa de mortalidade é duas vezes maior do que em mulheres, quando há fratura de fêmur.

A Osteoporose afeta mais mulheres na menopausa devido a diminuição acentuada dos níveis de estrógeno (hormônio feminino), fundamental para manter a massa óssea do corpo, explica o especialista. Segundo estimativas da SBR, aproximadamente 25 milhões de mulheres, no Brasil, estão na menopausa.

Ainda entre os fatores de risco para a Osteoporose está a hereditariedade, sendo que a doença é mais frequente em pessoas com antecedentes familiares, o envelhecimento, pois a perda de massa óssea aumenta com a idade, assim como a dieta pobre em cálcio, nutriente fundamental na formação óssea, a imobilização prolongada de membros e a falta de atividade física, bem como o uso de medicamentos como corticoides, em tratamentos de longa duração, que favorecem a perda de osso. Observa-se também maior incidência da doença entre fumantes e pessoas que fazem uso excessivo de bebidas alcoólicas.

O reumatologista chama atenção para o início da prevenção dos fatores de risco. “Quanto mais cedo prevenirmos a perda de massa óssea, mais seguros estaremos de evitarmos a osteoporose e as fraturas, que são os maiores temores de quem trata desta patologia”, alerta Loures.

“A Osteoporose nem sempre provoca sintomas. Muitas vezes, a dor é consequência de uma fratura, que pode ocorrer espontaneamente, principalmente em coluna, quadril e punho. O osso fica tão fraco que pode haver achatamento da vértebra ou ainda encurvamento da coluna (“corcunda”) e uma diminuição da altura”, explica o especialista.

Diagnóstico e Prevenção

O exame mais adequado para o diagnóstico da Osteoporose é a densitometria óssea, que é sensível às pequenas perdas de massa óssea e que permite avaliar o estágio da doença, sendo feito também como método de acompanhamento do tratamento. Trata-se de um exame indolor, que mede a massa óssea na coluna e no fêmur. O valor < -2,5 DP no exame de densitometria faz o diagnóstico de Osteoporose. Se a pessoa tiver tido uma fratura por qualquer queda, também terá o diagnóstico de Osteoporose.

As indicações formais para o exame de densitometria óssea são para mulheres acima de 65 anos e homens acima de 70 anos, porém, existem fatores de risco, que causam osteoporose mais cedo. Entre eles estão a menopausa precoce, e o uso de medicamentos como corticosteroides, anticonvulsivantes, anticoagulantes, diuréticos de alça, neurolépticos, antidepressivos e omeprazol.

A prevenção engloba ainda uma série de medidas como prática de exercícios suaves, desde caminhadas até a realização de um programa de exercícios estabelecido pelo médico ou pelo fisioterapeuta, como alongamento, exercícios para melhorar o equilíbrio e para fortalecimento dos músculos. Além disso, a prevenção se dá com a restrição do uso de fumo e de álcool, bem como a moderação do consumo de café e de sal.

Tratamento

A Osteoporose é tratada com suplementação de cálcio e medicamentos prescritos pelo médico, com vitamina D, Bisfosfonatos (Alendronato, Risedronato, Ibandronato, Ácido Zoledrônico), Ranelato de Estrôncio, Raloxifeno, Calcitonina e Teriparatida (PTH 1-34).

Nos cuidados com a alimentação, a recomendação de ingestão de cálcio é de 1.200 mg/dia para adultos e de 1.500mg/dia para mulheres no período pós-menopausa.

Para atingir com a alimentação a quantidade de cálcio recomendada por dia em adultos é necessário, por exemplo, a ingestão de um copo de leite desnatado com duas fatias de queijo minas pela manhã, um pote de iogurte no lanche da tarde com duas porções de requeijão e um copo de leite à noite ou enriquecido com cálcio, antes de dormir, sendo os demais alimentos consumidos normalmente. Uma boa tática, segundo o especialista, é acrescentar leite em pó, preferencialmente desnatado no leite, aumentando assim a quantidade total de cálcio a ser ingerido.

Além disso, uma adequada ingestão de vitamina D também auxilia na prevenção e tratamento da Osteoporose, já que melhora o aproveitamento do cálcio ingerido. Entre os alimentos ricos em vitamina D que devem ser incluídos no cardápio estão óleo de fígado de peixe (bacalhau, sardinha, arenque, salmão e atum), ostras, peixes (cavalinha, salmão, atum, sardinha) e ovos. Entretanto, a principal fonte de vitamina D é conquistada pela exposição à luz solar, sendo necessários 15 minutos ao dia.

A Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) disponibiliza na internet uma cartilha com foco no esclarecimento e orientação sobre a doença Osteoporose, com linguagem simples e informativa para leigos.