Mulheres na menopausa são as mais atingidas, sendo que uma a cada três mulheres com mais de 50 anos de idade apresenta a doença e 75% dos diagnósticos são feitos somente após a primeira fratura
A Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) alerta sobre as medidas preventivas para conter o avanço da Osteoporose no Brasil e chama atenção neste mês de conscientização sobre uma das principais doenças reumáticas que mais afeta mulheres no país. A data no calendário mundial é lembrada hoje, 20 de outubro.
A Osteoporose é uma doença reumática que pode atingir todos os ossos do corpo, provocando enfraquecimento com possibilidade de quebra ao mínimo esforço. Os principais tipos desta doença são osteoporose pós-menopausa, sendo comuns ocorrências de fraturas de coluna; osteoporose senil, que atinge pessoas com mais de 70 anos, com ocorrências tanto de fratura de coluna quanto de quadril e osteoporose secundária, que afeta pessoas com histórico de doenças renal, hepática, endócrina ou hematológica.
O presidente da Comissão de Doenças Osteometabólicas e Osteoporose da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), o reumatologista Marco Antonio da Rocha Loures explica que um conjunto de fatores influencia e favorece o desenvolvimento da Osteoporose e que a menopausa é um dos principais fatos para que a doença se instale. Porém, medidas preventivas consideram a prática regular de exercícios físicos,o consumo de alimentos ricos em cálcio e a exposição ao sol – desde a primeira infância – como essenciais para o controle do avanço da doença, assim como evitar bebidas alcoólicas e cigarro e estar muito bem orientado sobre o uso de alguns tipos de medicamentos, que podem ajudar a patologia a se desenvolver.
“No Brasil, aproximadamente 10 milhões de pessoas sofrem de osteoporose. Uma a cada três mulheres com mais de 50 anos tem a doença e 75% dos diagnósticos são feitos somente após a primeira fratura. São seis casos de osteoporose feminina para cada caso de osteoporose masculina. Nos Estados Unidos a incidência é semelhante à do Brasil”, diz o especialista. Porém, quando a doença atinge homens, embora em menor proporção, a taxa de mortalidade é duas vezes maior do que em mulheres, quando há fratura de fêmur.
A Osteoporose afeta mais mulheres na menopausa devido a diminuição acentuada dos níveis de estrógeno (hormônio feminino), fundamental para manter a massa óssea do corpo, explica o especialista. Segundo estimativas da SBR, aproximadamente 25 milhões de mulheres, no Brasil, estão na menopausa.
Ainda entre os fatores de risco para a Osteoporose está a hereditariedade, sendo que a doença é mais frequente em pessoas com antecedentes familiares, o envelhecimento, pois a perda de massa óssea aumenta com a idade, assim como a dieta pobre em cálcio, nutriente fundamental na formação óssea, a imobilização prolongada de membros e a falta de atividade física, bem como o uso de medicamentos como corticoides, em tratamentos de longa duração, que favorecem a perda de osso. Observa-se também maior incidência da doença entre fumantes e pessoas que fazem uso excessivo de bebidas alcoólicas.
O reumatologista chama atenção para o início da prevenção dos fatores de risco. “Quanto mais cedo prevenirmos a perda de massa óssea, mais seguros estaremos de evitarmos a osteoporose e as fraturas, que são os maiores temores de quem trata desta patologia”, alerta Loures.
“A Osteoporose nem sempre provoca sintomas. Muitas vezes, a dor é consequência de uma fratura, que pode ocorrer espontaneamente, principalmente em coluna, quadril e punho. O osso fica tão fraco que pode haver achatamento da vértebra ou ainda encurvamento da coluna (“corcunda”) e uma diminuição da altura”, explica o especialista.
Diagnóstico e Prevenção
O exame mais adequado para o diagnóstico da Osteoporose é a densitometria óssea, que é sensível às pequenas perdas de massa óssea e que permite avaliar o estágio da doença, sendo feito também como método de acompanhamento do tratamento. Trata-se de um exame indolor, que mede a massa óssea na coluna e no fêmur. O valor < -2,5 DP no exame de densitometria faz o diagnóstico de Osteoporose. Se a pessoa tiver tido uma fratura por qualquer queda, também terá o diagnóstico de Osteoporose.
As indicações formais para o exame de densitometria óssea são para mulheres acima de 65 anos e homens acima de 70 anos, porém, existem fatores de risco, que causam osteoporose mais cedo. Entre eles estão a menopausa precoce, e o uso de medicamentos como corticosteroides, anticonvulsivantes, anticoagulantes, diuréticos de alça, neurolépticos, antidepressivos e omeprazol.
A prevenção engloba ainda uma série de medidas como prática de exercícios suaves, desde caminhadas até a realização de um programa de exercícios estabelecido pelo médico ou pelo fisioterapeuta, como alongamento, exercícios para melhorar o equilíbrio e para fortalecimento dos músculos. Além disso, a prevenção se dá com a restrição do uso de fumo e de álcool, bem como a moderação do consumo de café e de sal.
Tratamento
A Osteoporose é tratada com suplementação de cálcio e medicamentos prescritos pelo médico, com vitamina D, Bisfosfonatos (Alendronato, Risedronato, Ibandronato, Ácido Zoledrônico), Ranelato de Estrôncio, Raloxifeno, Calcitonina e Teriparatida (PTH 1-34).
Nos cuidados com a alimentação, a recomendação de ingestão de cálcio é de 1.200 mg/dia para adultos e de 1.500mg/dia para mulheres no período pós-menopausa.
Para atingir com a alimentação a quantidade de cálcio recomendada por dia em adultos é necessário, por exemplo, a ingestão de um copo de leite desnatado com duas fatias de queijo minas pela manhã, um pote de iogurte no lanche da tarde com duas porções de requeijão e um copo de leite à noite ou enriquecido com cálcio, antes de dormir, sendo os demais alimentos consumidos normalmente. Uma boa tática, segundo o especialista, é acrescentar leite em pó, preferencialmente desnatado no leite, aumentando assim a quantidade total de cálcio a ser ingerido.
Além disso, uma adequada ingestão de vitamina D também auxilia na prevenção e tratamento da Osteoporose, já que melhora o aproveitamento do cálcio ingerido. Entre os alimentos ricos em vitamina D que devem ser incluídos no cardápio estão óleo de fígado de peixe (bacalhau, sardinha, arenque, salmão e atum), ostras, peixes (cavalinha, salmão, atum, sardinha) e ovos. Entretanto, a principal fonte de vitamina D é conquistada pela exposição à luz solar, sendo necessários 15 minutos ao dia.
A Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) disponibiliza na internet uma cartilha com foco no esclarecimento e orientação sobre a doença Osteoporose, com linguagem simples e informativa para leigos.