Chuvas constantes e ondas de calor são condições perfeitas para a proliferação do mosquito Aedes aegypti – vetor do vírus da dengue. E como este ano essas condições estão acentuadas, o Brasil vive uma epidemia da doença. De acordo com o Ministério Público, há pelo menos dois milhões de casos suspeitos no país até meados de março.
Como a vacina ainda não está disponível em larga escala, é importante usar outras estratégias para prevenir a picada do mosquito, como barreiras físicas (telas, mosquiteiros) e químicas: inseticidas, repelentes elétricos e tópicos. “Este último costuma ser eficiente, mas é preciso entender como e qual repelente aplicar e como”, diz o dermatologista Otávio Macedo, da Clínica Otávio Macedo & Associados. Ele aponta aqui os impactos do produto na pele e quais cuidados devem ser seguidos:
Qual repelente usar?

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e a Anvisa recomendam que, para ser efetivo contra o mosquito da dengue, o repelente deve conter pelo menos uma das seguintes substâncias: Icaridina 20-25%, DEET 10-15%, IR3535. “As concentrações variam e por isso é importante checar o rótulo. Pessoas alérgicas ou com pele sensível devem fazer o teste em uma pequena região da pele para ver se não há reação”, alerta o médico.
Crianças podem usar o mesmo repelente que o adulto?
Assim como o protetor solar, o repelente também vem com versões formuladas para crianças ou adultos. Em geral, repelentes com concentrações mais baixas de Icaridina ou DEET são recomendados para crianças e gestantes. É importante evitar áreas sensíveis como olhos, bocas ou feridas e sempre lavar a mão após a aplicação.
Como usar e quantas vezes é necessário fazer a reaplicação do repelente?
Apenas a quantidade necessária para cobrir a área da pele exposta e no rosto, caso use o produto em spray, borrife nas mãos e passe na face. Outra questão importante é não aplicar próximo aos alimentos. O uso excessivo do produto ou reaplicação com frequência pode causar irritação na pele. A reaplicação só é necessária após contato com água ou tenha transpirado, mas é importante sempre verificar a indicação do fabricante porque alguns repelentes duram apenas 4 horas.
Aplicar repelente na pele e por cima da roupa, promove dupla proteção? E ficar com o produto 24h?
Não, ao contrário. Passar repelente na pele e cobrir com roupa pode causar irritação, porque o tecido acaba abafando o produto na pele. O mesmo acontece com o uso constante e sem pausa. “Quando estiver em local que não tenha exposição ao mosquito ou quando for dormir, aconselho a tomar banho para tirar o produto e hidratar a pele. A inalação do produto por muito tempo, pode causar irritação para pele e corre risco de causar intoxicação”, diz Otávio Macedo.
Qual a ordem de aplicação do repelente e protetor solar durante o dia?
O protetor solar deve ser aplicado primeiro e aguardar 15 minutos para a absorção da pele e depois o repelente.
Repelente mancha a pele?

Não! O que pode manchar a pele são as reações com o uso do produto. Por exemplo, o excesso do produto ou de reaplicação pode levar a irritação, coceira, manchas vermelhas temporárias ou inflamação na pele que pode desencadear uma reação alérgica que leva a manchas na pele.
Fonte: Otávio Macedo é graduado pela Universidade de Taubaté. Residência em Dermatologia no Centro Hospitalar da Universidade Vaudois (CHUV), Lausanne, Suíça. Residência em Dermatologia na Universidade de Buenos Aires, Argentina. Membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Membro Fundador da Sociedade Brasileira de Medicina e Cirurgia a Laser. Membro da Academia Americana e Europeia de Dermatologia.