A endometriose se desenvolve quando o tecido da camada interna do útero, o endométrio, cresce em outros lugares, como ovário, trompas e órgãos pélvicos, fazendo com que a mulher tenha cólicas intensas e desconforto durante o período menstrual. Em casos mais graves pode ocasionar infertilidade, comprometimento intestinal e aumento do risco de câncer de ovário.
Segundo levantamento da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), a endometriose afeta 6,5 milhões de mulheres no Brasil e 176 milhões no mundo. Como março é o mês de conscientização da endometriose, a cirurgiã ginecológica, médica assistente da Faculdade de Medicina da USP do Setor de Uroginecologia, Débora Oriá, esclarece algumas dúvidas sobre o tema.

Sintomas
A endometriose pode ser assintomática, e nesse caso só é descoberta por meio de exames. Quando apresenta sintomas, são: cólicas fortes, fluxo menstrual intenso, dor na hora da relação sexual e dor e sangramentos intestinais e urinários durante a menstruação. Se as fortes cólicas no período menstrual vierem acompanhadas desses sintomas, procure um médico.
Diagnóstico
O diagnóstico de endometriose é confirmado após a realização de exame físico, marcadores laboratoriais (CA125) e exames de imagem, como ressonância e ultrassom com preparo intestinal. A doença é classificada em leve, moderada ou grave.
Tratamento
Após a confirmação de endometriose, o médico irá avaliar o caso, o histórico de saúde da paciente e escolher o melhor tratamento. O uso de medicamentos com hormônios que bloqueiam o endométrio, como os anticoncepcionais orais, são formas de tratamento, já em muitos casos há necessidade de cirurgia. Fisioterapia e acupuntura podem ser indicadas para ajudar no controle da dor. A endometriose não tem cura, mas pode ser controlada!
Alimentação
Manter uma alimentação equilibrada é importante para a saúde e pode ajudar a evitar e aliviar os sintomas da endometriose. Inclua no cardápio alimentos ricos em ômega 3, como peixes e folhas verde-escuras, como couve, brócolis e espinafre. Eles atuam como anti-inflamatório, amenizando os focos de endometriose. Se alimente também de fibras, vitaminas B e C. Além de manter uma alimentação saudável, evite café, frituras, carne vermelha e alimentos processados.
Atividade física
A atividade física pode ajudar na prevenção e no tratamento da endometriose, pois libera endorfinas, que têm efeito vasodilatador e analgésico.
Lembre-se que o diagnóstico precoce e correto é fundamental. Visite seu ginecologista
pelo menos uma vez ao ano, e ao sentir os primeiros sintomas da doença, procure um especialista.
Conheça três importantes exames para diagnosticar a endometriose
Ainda muito desconhecida por milhares de pessoas, a doença ganhou destaque nos noticiários de todo o Brasil após a cantora Anitta compartilhar seu diagnóstico de endometriose, em julho de 2022. Após a grande repercussão, o termo “endometriose Anitta” teve um aumento de mais de 4.000% nas buscas do Google, segundo informações do Google Trends.
“Embora a endometriose não apresente ainda causas claras, o histórico familiar, a menarca precoce e fluxos menstruais abundantes, de longa duração ou de maior frequência, são considerados fatores de risco para o seu desenvolvimento”, relata Marcos Tcherniakovsky, ginecologista e Diretor de Comunicação da Sociedade Brasileira de Endometriose (SBE).

Conheça a seguir os três exames mais importantes para o correto diagnóstico
-Exame físico: quando há suspeita da doença, o médico realiza um exame físico de toque vaginal, com o objetivo de verificar se o útero está fixo, se houve aumento dos ovários e possíveis alterações que confirmem a suspeita. Antes, o médico avalia a história clínica da paciente, ouvindo com cuidado todos os sintomas e queixas e sem pressa, também para tranquilizá-la.
-Ressonância magnética da pelve: é solicitada com preparo intestinal e é feita por um profissional que conheça muito bem a doença. O exame possibilita uma avaliação completa da pelve em múltiplos planos, com excelente resolução anatômica e espacial.
–Ultrassom endovaginal: também é solicitado com preparo intestinal e é feito por profissionais com alto conhecimento em endometriose. O exame consegue identificar a presença da doença em qualquer local da região da pélvica, como ovários, tubas, bexiga e intestino.
Esses exames são excelentes para diagnosticar a presença de endometriose profunda, aquela que tem mais de 5 mm de profundidade e costuma dar mais sintomas, como dores abdominais e/ou pélvicas.
Por meio deles podemos determinar a necessidade de trabalharmos de forma multidisciplinar. Quando existe o diagnóstico de endometriose intestinal, sempre solicitamos uma avaliação com o proctologista ou cirurgião geral. O mesmo ocorre quando temos um provável acometimento da bexiga e encaminhamos para o urologista, para que acompanhe em conjunto com o ginecologista.
“Uma dica fundamental para o início do tratamento é incentivar que a paciente busque algo que lhe traga relaxamento. Se necessário, o acompanhamento psicológico também é recomendado. Assim, ela terá suporte para lidar com toda a carga emocional que a endometriose gera na vida de uma mulher”, finaliza Tcherniakovsky.